quinta-feira, 3 de junho de 2010

Olhos de vidro

Raiva, muita raiva. Hoje eu escreverei com fúria! Detesto a sensação de que eu possa estar sendo feito de besta. Gosto de franqueza e de honestidade em tudo, por mais dolorido que isso possa ser algumas vezes, por isso, não ligo se você agir assim comigo, até prefiro. Entendido? Ok. Vamos ao texto então (sinto que hoje sairá em menos de 1 hora, só não sei se estará tão bom, mas quer saber? Dane-se, hoje eu quero escrever, seja como for!).

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Cada vez mais eu gosto de andar de ônibus, de ter a oportunidade de revisitar todos os dias os mesmos lugares, mesmo que por lapsos de segundos. Pode parecer repetitivo, mas para mim não costuma ser. Nunca é a mesma imagem. Nunca as mesmas pessoas. Nunca o mesmo mundo (essa frase é só pra agradar aos pseudointelectuais de plantão). Isso é o que me inspira todos os dias para fazer as mesmas coisas: saber que no fundo não é tudo exatamente igual, por mais parecido que possa parecer. Como assim? Calma, esse é o ponto da discussão.

Por dois anos o meu ônibus fez o mesmo percurso e vi, pelo menos 2 vezes por semana, os mesmos mendigos dormindo no mesmo lugar entre as 6:45 e as 7:00. Todos os dias eu repousava meus olhos sobre eles enquanto o ônibus permanecia parado no ponto recebendo passageiros. Eu só tinha olhos para eles. Sempre (um recurso estilístico usado só para agradar os amantes da escrita refinada). Era "sempre" mesmo! Eu pensava todos os dias as mesmas coisas: "Cara, por que as pessoas não se incomodam com esses mendigos dormindo ao lado do ponto? Por que acham isso tão normal? Por que fingem não encherga-los? Por que veem, mas ignoram?"

http://www.franciscocastro.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/03/mendigos.jpeghttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc8AXJAeLK9HrwB9AxCotHbmumRCWWZm1eeHgw5MKZ__TbKiZZFUGMoNQAm1cSpAgu989XG95aoY3d48wxor5a8RVpyJxJIu4uGr6oiNuu0pYJn0eZEBdD1f1ALu_FFbssdB1Zcc9yBpA/s400/Rua+7+de+Abril-+mendigos+dormindo+6-11-2008+17-29-22.jpg

Não. Não sou o bom samaritano, o politicamente correto e nem a Madre Teresa de Calcutá. Mas se ainda assim você acha isso, eu, educadamente, data venia, solicito Vossa Senhoria que vá se f****. Eu apenas me incomodo com coisas que não são normais. Você acha normal essa situação? Eu não acho, mas tranquilo, você não é o único a achar assim, longe disso. Sabe por quê? Olhos de vidro. Os olhos da maioria das pessoas já se acostumaram com algumas imagens, a ponto de toda vez que se deparam com elas endurecerem e tornarem-se de vidro. Eu garanto que não fui o único que fez esse trajeto por 2 anos, mas será que todos perceberam em algum momento que aqueles mendigos dormiam quase sempre ali, seja com o frio de hoje ou com o calor de dezembro? Olhos de vidro. O que os olhos não veem o coração não sente, né? Vai nessa ideia pra ver no que vai dar... Olhos duros produzem corações duros!

O texto vai caminhando para um caminho perigoso, o mesmo caminho do texto dos pseudointelectuais que criticam o comportamento social sem motivo e não apontam motivos ou saídas. Vou tentar salvá-lo, pois um texto furioso não pode ser assim!

Não estou sugerindo que dê um abraço, um cobertor e leve o mendigo para sua casa, mas apenas te peço capacidade de se revoltar com a imagem e de cobrar atitudes daqueles que deveriam diretamente impedir que cenas como essas ocorressem. Não é só a imagem de mendigos dormindo na rua que endurecessem os olhos das pessoas, tem muitas outras. Há cerca de um mês, quando eu sonhava, apenas sonhava, solitariamente com a imagem doce da garota que considero especial, em pé e dentro de um ônibus (pra variar), aconteceu algo que me deixou pasmo por dias, eis o fato (contarei do jeito que os estilísticos metidos a serem sensíveis gostam de fazer para ganhar os aplausos das garotas): "Para o ônibus. Sinal vermelho. Ao lado para o carro do IML (sim, o rabecão). Dentro, os dois ocupantes conversam normalmente em mais um dia comum de trabalho (tudo devia parecer parecido). Noto algo pingando na parte de trás do veículo. Sangue. Muito sangue! Forma-se logo uma gota de sangue enorme no asfalto negro. Vermelho e preto, mais vermelho do que preto. Vejo as gotas carinhosamente alcançando o chão. Vida. Morte." Todos ao redor pareciam não ver aquilo. Parecia tudo normal. T-U-D-O normal, tudo parecido com o de sempre. Eu não achei aquilo normal, era sangue humano. Aquilo não era suco de groselha! A morte estava ali! Havia um corpo ali: talvez mais uma jovem vítima do tráfico e da sociedade. Sonhos assassinados, uma família sofrendo, era o fim da linha para alguém. Isso pode soar normal, mas para mim não. Para a maioria das pessoas já é normal ver o rabecão trafegar cheio de corpos furados por balas o dia todo, os olhos não se impressionam mais. Dane-se se é sangue humano que pinga no chão, ninguém vê, por mais chamativo que seja. Naquele dia o carro negro chorou sangue, eu vi!

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Crianças pedindo uns trocados na rua, crackeiros se arrastando pelas ruas como caveiras, assassinatos na TV, pessoas arrastando carroças como animais. Tudo normal, né? Tá, eu sei que muitas pessoas desenvolvem olhos de vidro porque não sabem mais o que fazer, até se sentem chocadas no começo com essas cenas, mas como não sabem como ajudar acabam encomendando olhos de vidro. Eu não dou esmolas e também não paro para conversar com essas pessoas (na verdade, eu sempre ofereço comida quando me pedem dinheiro, e acredite, na maioria das vezes aceitam, nem todos são ladrões e drogados, viu?). A verdade é que a situação delas me incomoda. É isso que te peço: se incomode. Isso é só o começo de tudo! Não fique feliz em saber que o Brasil é o país que mais recicla no mundo, fique puto por saber que quem garante isso é aquele cara magricela que puxa uma carroça para sobreviver. Fique puto! Cobre! Compre a briga! Vá aos responsáveis por gerir o dinheiro público. Descubra se há algum trabalho público para mudar a realidade atual dessas pessoas. Não acredite que o "Bolsa-Família" resolve isso. Ajude. Dê comida. Incentive os necessitados a não serem dependentes de outras pessoas ou de políticas públicas, mas a conquistarem sua dignidade tendo o que comer, onde morar, estudando, trabalhando, tendo meios de subsistir. Faça trabalho voluntário. Doe sangue (garanto que não dói, só não olhe para a agulha! Eu até te levo comigo!). Doe suas coisas. Sei lá, faça algo! Você não vai mudar o mundo sozinho, mas vai ajudar de alguma forma e dar o exemplo a outros que não fazem nada por vergonha ou falta de exemplo. Não gaste seu tempo apenas lendo "Crepúsculo" ou um blog como este. Meia-hora que você der de sua semana a alguém que precisa já está ótimo! Não comprometerá os seus momentos íntimos. Devolva os olhos de vidro que você adora usar para não ver as coisas. Acredite que aquilo que você está vendo é verdade. Você vai ver que somos um povo sem vergonha: um povo que acha normal haver favela; que acha normal pessoas não terem água encanada e nem esgoto tratado; que acha normal as ruas alagarem nas chuvas; que acha normal haver lixo nas ruas; que acha normal um valão existir há anos na entrada da 2ª cidade mais importante do estado; somos um povo que gosta de saber por hobbie quantos jovens morreram na última guerra do tráfico; que gosta de ver os corpos estirados no chão. Isso tudo não é normal, eu tenho vergonha! Ou então sou eu que não sou normal! Tá bom, isso tudo é normal, eu é que preciso de uma camisa de força... Deve ser por isso que não arrumo uma namorada. Quando eu começar a fazer textos com estilística e falando que, por exemplo: "O sol irradiava luz sobre a face dela. Calor. Ela enrubesceu. Eu a beijei." Talvez eu pareça mais simpático... hahaha

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Nem todos os dias são iguais, por mais parecidos que sejam; o problema deve estar em você!

Tá falado! Ah, um último recado: Não foi desculpinha minha falar que Maio me tirou todo o tempo não, gosto das coisas francas, eu simplesmente não tive tempo, ponto. Se fui rude para alguém neste texto, me perdoe, eu precisava de um João-Bobo, na ausência dele acabei socando as palavras contra o papel. Por fim, para que não restem dúvidas: não bebi e nem usei drogas, só escutei rock.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

RECESSO

Leitores amigos, estou passando aqui só para dizer que eu não desisti do blog. Pelo contrário! Estou cheio de assuntos novos para apresentar a vocês; estou louco para escrever, mas infelizmente a vida universitária tem me sugado de modo assustador neste mês de Maio, principalmente, com muitas provas em sequência e com atividades fúteis (que me tiram o tempo de escrever aqui) como fichamentos. Ah, um aviso: continuo lendo os blogs dos amigos, tenham certeza disso (nem sempre eu comentarei imediatamente, mas sempre que der comentarei algo, seja relevante ou não) hehe



Só pra ocupar o vazio que vou deixar aqui por um tempo...




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(um substituto à altura)



Deixo um beijo para quem quiser devolvê-lo; um abraço demorado e verdadeiro para quem não quiser o beijo; um aperto de mão firme para quem não quiser o abraço e nem o beijo; e para quem não quer nada eu deixo "nada".

Eu volto!

Respeitosamente,
Don Quasímodo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Incomentável

Geralmente dedico este espaço à razão, mas hoje o dedico às sensações. Não me propus a falar sobre esse tipo de tema no início do blog e garanto que não pretendo seguir nessa linha de textos. Se quiser, não leia, eu o entenderei. Não sou um grande apreciador e nem escritor de poemas, mas acho que somente um deles é capaz de explicar o caldeirão de sensações que vivi hoje (preciso pôr isso para fora, desculpe). Simplesmente incomentável!


ESTAÇÃO 507

Outra vez a covardia,
A inércia forçada e o medo de agir.
De novo NÃO! Eu não queria,
Afinal, esperei tanto por esse dia...
Mas ainda assim ela queria tomar-me para si.

As pernas tremiam, fraquejavam;
Eu chamava o ar, mas ele queria fugir;
O frio na barriga;
Os olhos que não acreditavam no que viam
Brincavam de girar em volta de si.
A covardia vinha, chegava;
NÃO! Hoje NÃO! Deixe-me sentir.
Au revoir, covardia!

Palavras errantes, desajeitadas, teimavam em sair.
Para onde levavam eu não sabia,
Timidez e alegria brigavam dentro de mim.
Ouvi, vi, vi de novo, e vi mais uma vez para garantir, vivi;
Relembrei, nunca esqueci.
Os mesmos olhos tranquilos, os mesmos cabelos envolventes
E a mesma face delicada,
Porém, havia uma pessoa mudada,
Tudo estava em evolução e em reinvenção.
Oh, céus... Queria ser Cronos e segurar cada segundo ali.

Sensações iam e viam
Como numa estação.
Não havia controle, só confusão.
Invadiam sem cerimôinia, todas pareciam precisar estar ali;
Algumas pareciam esperar o trem vir,
Outras esperavam o trem partir
E eu ali, vendo tudo, sentindo tudo.

Quero me enganar nas dúvidas.
Mas por que dúvidas quando tenho certeza?
É a covardia e o medo de agir voltando;
Não consigo evitar, estão voltando a mim!
Dizem: Pare! Não siga mais, o fim da linha é aqui!
Você não tem coragem,
Você não tem permissão para seguir.
Por que ir além? Contente-se.

Contentar-me?
Não, eu quero mais.
Pare! Contente-se!

Foi como numa estação.
Fim da linha? Talvez.
Independente de tudo, eu vi, eu senti.
Aqui jaz um poema, um ato de coragem, não covarde.
Talvez um passo exagerado, mas um basta na incerteza.
Me libertei!

By um exagerado, mas corajoso, enfim


Perdão, leitores! Tive uma recaída.

sábado, 10 de abril de 2010

A resposta pode ser simples

A hora é essa! Enfim, achei uma brecha para vir escrever aqui. Mais de um mês sem escrever... Leitor (ou melhor: pensador amigo) eu juro que tentei, juro que estive muito próximo de escrever, mas os estudos não deixaram. A única exceção foi o dia no qual eu salivava por vir escrever, já estalava os dedos, estava tudo pronto e... minha mãe quis usar o PC, aí eu deixei, afinal, ela quase não usa.

Neste período de ostracismo pensei muitas coisas, acompanhei o blog de todos os meus amigos e vi na lista de blogs do "Lentiflor com Óregano" que eu estava há muito tempo parado, deu vergonha da minha lentidão! Foi bom o tour pelos blogs (obrigado, amigos!), mas estou de volta ao meu lar.

http://blogs.diariodepernambuco.com.br/economia/wp-content/uploads/2008/08/blog.jpg

Vamos lá: Lembra que tema prometi na última postagem? Não? Normal, faz muito tempo que você leu, né? Prometi falar sobre o pseudointelectualismo (como são belas as regras da língua portuguesa...) e aprendi uma coisa sobre prometer temas: nunca faça isso! Você fica preso a um pensamento que não quer sair de uma hora para outra; quando você tem tempo para escrever, ele não vem; quando ele vem, você não tem tempo para escrever. Mas agora vai ( na verdade não sei no que isso vai dar)!

Deixa eu te fazer uma pergunta: Você já reparou que algumas coisas têm uma explicação muito simples e óbvia, mas que apesar disso algumas pessoas tentam explicá-las de modo muito complexo e mirabolante? Não sei você, mas eu fico meio confuso e até um pouco irritado quando isso ocorre, penso: "Meu Deus!!! Será que ninguém percebe que a resposta disso é tão óbvia? É tão simples! Será que eu sou um gênio ou os outros que são muito desatentos? Por que buscam chifres em cabeça de cavalo?" Na verdade, já faz um certo tempo que isso não me aflige tanto, pois passei a observar que isso tinha uma explicação: o pseudointelectualismo.

Vivemos em uma época em que as "verdadeiras" respostas estão na ciência, em que tudo precisa ter uma explicação científica, marginalizando-se outras fontes de saber. Tudo precisa ter uma lógica racional, científica, soar intelectual. Quando digo tudo, é tudo MESMO. Diante disso, não é espantoso vermos todos os dias pipocarem teorias novas sobre coisas óbvias, que não precisam de uma teoria para explicá-las. Ah, pensou em minha Teoria do João-Bobo, né? Não pense nela, eu não estava trabalhando cientificamente nela e nem quis usá-la como única explicação de algo, como fazem os pseudointelectuais.

Como exemplo, cito um exemplo dado por um amigo em uma postagem em outro blog: Você vê um cara de tênis e sem meias, por que você acha que ele está sem meias? Não me surpreenderia se você respondesse que ele está assim por pertencer a uma tribo urbana alternativa. Todavia, as respostas que deveriam vir primeiramente à sua cabeça deveriam ser: "Ele não possui meias" ou "Todas as meias dele estão molhadas". Não parece tão óbvio? Por que complicar? Por que ir tão longe buscar a resposta? A resposta pode não ter nada de intelectual, pode ser simples.

Estamos sendo contaminados com esse intelectualismo barato, que por soar científico nos tem convencido em muitas ocasiões. Eu vejo todos os dias na UFES um bando de pessoas que querem soar intelectuais inventando teorias e sistemas para coisas que não admitem esse tipo de coisa, coisas que não se explicam assim. Vejo pessoas que falam frases de efeito, que soam bonitas e intelectuais, mas que NÃO têm sentido algum. Consideramos intelectuais as pessoas erradas. Será que só eu percebo isso? Não é possível!

Os casos que mais me divertem são os relativos ao intelectualismo no vestuário, explico: Eu caio na gargalhada quando ligo a TV e vejo consultores de moda falando que, por exemplo, listras horizontais paralelas engordam o visual e que as verticais emagrecem (se eu tiver errado, garotas, me corrijam). Que teoria é essa? Ah, tem uma explicação intelectual, isso se baseia em estudos científicos de universidades estrangeiras (mais uma vez uma explicação cietífica para a coisa)... Você realmente acha que isso vai resolver o problema da silhueta? Que não vão perceber que você está um pouco acima do peso? Faça-me o favor! hahaha

Ela tem uns 10 kilos a menos na foto da direita

Olha que ainda nem falei dos blogs que têm por aí... Pseudointelectualismo puro! Estou sendo muito azedo? Se estiver, não é essa a intenção. Se discorda, comente, no final terei prazer em discutir com você as suas ideias. Mas voltando aos blogs, estão inventando de tudo por aí, vendendo gato por lebre, blefando ao som da língua intelectual. Querem dar aspecto científico à muitas besteiras, sabem que só assim vão convencer quem lê, precisa soar científico para convencer.

http://www.humorbabaca.com/upload/fotos/fotos_979_Cao%20intelectual.jpg

Eu faço o possível para manter-me longe dessa praga. Não veja meus pensamentos como explicações que quero vender ao mundo, explicações definitivas (longe disso), por isso são pensamentos abstratos, não uso teorias para explicar coisas (vale a pena ler minha 1ª postagem). Os pseudointelectuais buscam o sentido científico do pseudônimo Don Quasímodo, alguns chegam a dividí-lo em "quase mudo", enquanto, na verdade eu só quis esse nome porque quis algo que soasse incomum, feio. Por que um macaco pensando na foto do perfil? Nenhuma analogia intelectual, só quis ironizar uma vez que eu jogava o jogo WAR e um amigo disse que até mesmo um macaco de camiseta jogaria melhor do que eu, ou seja, apenas quis dar, ironicamente, os créditos do blog ao macaco, afinal, ele é melhor do que eu. Viu? Não é nada científico, não há metáforas intelectuais. É assim que as coisas são na maioria das vezes, só que a gente não tem conseguido perceber isso, nós queremos ver tudo a partir de óculos intelectuais. Por favor, não tente intelectualizar as coisas da vida, tente simplificá-las. As explicações podem ser (e são) óbvias muitas vezes.

Me despeço aqui, na certeza de que preciso falar mais desses patifes pseudointelectuais outro dia! Tenho mais a dizer sobre eles!

PS: O que pode ter me levado a terminar o assunto aqui? Pense! Pense! Responda! Errou. A resposta é: Já são mais de 15 horas e eu ainda não almocei, estou morrendo de fome. Viu? Há explicações simples para as coisas da vida. Mais simples do que a gente imagina. hahaha

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Você sabe, não me pergunte

Enrolei para tratar do assunto de hoje, mas não o tiro da cabeça há mais de um ano. Prestes a escrever aqui fui chamado por outro tema recorrente em meus pensamentos abstratos, o pseudointelectualismo (é tudo junto mesmo!), mesmo doido para encher os pseudointelectuais, que com certeza devem zanzar pelo meu blog também, eu resisti e mantive-me no tema que eu acordei hoje pensando em tratar aqui.

Diante disso, hoje farei algo novo, avisarei o próximo tema: o pseudointelectualismo, que creio ser uma das patologias do século XXI. Vamos parar de introdução e vamos aos finalmentes, o tema de hoje; confesso que detesto tratar sobre esse tipo de tema, acho sentimentalista demais, muito existencial, até meio afrescalhado, além disso, eu odeio falar sobre meus sentimentos, mas às vezes eu não resisto e cedo ao pensamento abstrato, cedo pensando em você.

PERDÃO, MAS USAREI ABAIXO A PALAVRA "VOCÊ" MUITAS VEZES E DE MODO REPETITIVO, FOI A MANEIRA MAIS CLARA DE PASSAR A MENSAGEM...

Sabe uma pergunta que odeio? Uma bem assim: Quem é você? Não me refiro à pergunta sobre quem é o palhaço que escreve por detrás do pseudônimo "Don Quasímodo", até porque adoro falar disso com quem não sabe quem sou. Me refiro a essa pergunta com o tom existencial. Sim. Sobre quem eu acho que sou como pessoa. Odeio porque não sou eu quem deve responder, mas você.

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Explico: Você se conhece, não digo que se conhece completamente, até porque para isso você levaria 2 vidas ou mais, dada a complexidade humana. Mas garanto que você se conhece melhor do que ninguém, tem ideia do quê e de quem gosta, do quê e de quem não gosta, de seus defeitos, de suas fraquezas, de suas melhores qualidades, de seus sonhos etc. Mesmo não sabendo com certeza absoluta, ninguém sabe mais disso do que você.

Até aí tudo beleza, você tem juízos sobre si próprio (os mínimos, pelo menos). Mas já reparou que na realidade esses juízos têm pouco ou nenhum valor? Sim. Ninguém olha para você e faz juízos a partir do que você pensa sobre si. Cada um que olha para você e desenvolve ideias próprias sobre quem é você. Para exemplificar: EU me considero um cara tímido (principalmente, com as garotas), mas para alguns amigos a minha imagem é a de um cara bem falante e palhaço, já para outras pessoas eu sou um cara que fala pouco por ser muito sério; outro exemplo, EU me considero uma pessoa que não gosta de se gabar em nada, mas para outras pessoas eu sou soberbo. EU não me considero um cara bonito (nem vem com esse papo de " se você não se achar, ninguém vai te achar"), já para algumas pessoas eu sou bonito (sim, hahaha, incrível não?). Para algumas pessoas, eu sou um gênio, mas EU acredito que não passo de um cara que tenta se dedicar nos estudos, sem nenhuma genialidade, longe disso...

Entendeu a lógica? Você pode pensar o que quiser sobre si, mas isso não influirá no julgamento alheio sobre você. Trocando em miúdos, você não é o que você pensa que é, mas o que os outros dizem que é. Você não EXISTE sozinho, você só EXISTE em sociedade. É necessário que alguém diga que você existe, não basta somente você achar. Já pensou se as pessoas olhassem para você e jurassem que é um fantasma (mesmo você não sendo)? Não ia adiantar, você não ia existir, mesmo que você tivesse certeza que você fosse humano. Então, não adianta vir com esse discurso de que eu não ligo para o que acham de mim, pois é exatamente isso que é você, o que os outros dizem que você é. Por exemplo, ninguém te contrata pelo que você diz que é, mas pela imagem que você passa sobre você ao avaliador, é o julgamento dele que vale, não o seu. Por isso você pode ser muitas coisas para diferentes pessoas (aquele papo de vilão para uns e heroi para outros). Não adianta, você precisa convencer as outras pessoas de que você é de fato aquilo que você pensa que é, se não convencê-las no seu agir cotidiano você corre o risco de ser visto de modo totalmente oposto ao que você acha sobre si, e isso é desconfortável, desanimador, permite aos outros nutrir pré-conceitos sobre você. Se preocupe com a imagem que passa de si, odeio dizer isso, mas esse é você para o mundo...

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Radical, não? Repito, você é o que falam de você, não o que você acha que é, o que você acha sobre si só interessa a você e, talvez, aos psicólogos, que adoram perguntar: Quem é você (usando termos mais sutis, obviamente)? Eles devem fazer isso para tentar entender você a partir de você, exatamente o caminho contrário desse texto, que tenta mostrar que na prática o "seu achar" não interessa socialmente, mas somente a você. Não nego a necessidade de você ter ideias sobre si mesmo, isso é fundamental para o seu desenvolvimento PESSOAL, mas isso não vale para fins SOCIAIS. Ah, só para constar, eu não gosto muito da maioria dos psicólogos, evito-os, com todo respeito, mas muitos deles não aplicam o que aprenderam, usam de um senso comum barato e querem nos enganar com ele. Só para deixar claro, NÃO ESTOU GENERALIZANDO, a generalização é a mãe de uma centena de burrices, que eu já protagonizei por sinal.

Uma coisa interessante, hoje, as pessoas não sabem responder quem são (apesar disso não ter valor algum para quem pergunta). As pessoas dizem, por exemplo, assim sobre si: "Eu? Ah, eu sou um estudante de 20 anos." Não entendem que é o que elas são como pessoas, não o que fazem da vida, não captam o sentido profundo da pergunta. Ah, só para constar, eu respondi assim no meu perfil do blog, mas fiz isso porque não interessa a você saber quem eu acho que sou, pois você vai ter sua própria noção, independente da minha...

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Diante disso, odeio responder quem sou, a resposta não diz de fato para o ouvinte quem sou, pois a partir de minha opinião ele vai criar sua própria imagem de mim, independente da minha. Eu posso me dizer "X" e você me achar "Y". Não me pergunte quem sou, você sabe, você tem seus próprios juízos sobre mim, na verdade, eu é que quero saber quem sou para você, pois assim posso saber se passo na vivência social aquilo que eu penso sobre mim mesmo.

PS: Cada vez mais eu acho perfeita a definição dada Jesus, quando diz, após ser perguntado sobre quem ele é (se não me engano, no Evangelho de São João): "Eu sou aquele que sou."

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Papai, mete porrada neles!

Olá, senhor leitor persistente. Obrigado por não ter me largado após o último pensamento abstrato, por isso vou tentar te presentear com algo melhor hoje. O tema de hoje é... Não, eu não vou entregar tão fácil assim, vai ter que ler!

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Sábado passado eu fui daqui de Vila Velha para Viana de ônibus: uma das poucas viagens que faz você achar que pagar R$ 2,15 (se bem que eu como vagabundo para a sociedade, ops, estudante, só pago R$ 1, 075 de passagem) não é um assalto, mas um presente, dada a distância que é chegar lá. Tudo ia na mais pura normalidade, um 526 lotado num sábado à tarde. Mas uma gritaria INFERNAL no fundo, eram jovens vindos das praias de Vila Velha de volta para casa, em Cariacica ou Viana. Eles berravam, falavam obscenidades, trocavam socos de brincadeira, falavam besteiras e palavras que remetiam às drogas, como: "fulana só dá bola pro gerente, não gosta de vapor não" ou "fulana, vou comer na sua casa, a larica tá matando". Com todo respeito a você, mas eu tava cagando e andando para isso. Eles são só jovens (tal como eu, apesar de eu parecer ter 60 anos) voltando depois de um dia de praia; o que fazem de suas vidas não me diz respeito e não me interessa.

Estava bem chata aquela viagem em pé ouvindo gracinhas, mas nada que não desse pra suportar com boa vontade e compreensão. Mas o "caldo começou a engrossar" quando começaram a puxar a linha do "sinal" de brincadeira e o ônibus começou a parar para ninguém descer. O cobrador ficou cobrando explicações da turma do fundão. Como resposta ouvi: "Aí fulano, para de puxar a parada, senão vai tomar um 12, vamo respeitar o trabalho do cara". Até então só ouvi comentários soltos de pessoas insatisfeitas com a algazarra, mas nada dirigido diretamente à turma. Eis então que um valentão sai estrategicamente do fundo do ônibus, fica DO MEU LADO e grita: "Ô motorista, para o ônibus no posto da polícia que tem ali na frente e manda prender a galera do fundo!". Eu pensei: "Bosta, porque o cara vem falar isso do meu lado, daqui a pouco sobra pra mim de graça, logo pra mim, que não tô nem aí." Não, o ônibus não parou, a turma parou de puxar a linha, mas continuou falando besteira; o valentão ficou quieto e não deu em nada.

Que fezes, hein! Eu não falei nada digno até agora, né? Mas espere, vou chegar lá (acredito e espero).

Eu comecei a pensar durante a viagem, que por sinal é bem longa e permite fazer muitas filosofalavagens. Por que alguém clamou pela polícia? Não querendo ser o advogado do diabo, mas o que aqueles jovens fizeram de errado, além de serem mal-educados? O quê? Nem funk ouviam (hehehe). Só falavam besteiras, futilidades. Não ameaçaram ninguém, só falavam alto e coisas que assustam as pessoas comuns. Eles mesmos se policiaram a parar de puxar a cordinha se ameaçando mutuamente de dar 12, e resolveu! Para quê chamar a polícia? Para pegar os jovens pelas orelhas e descer a porrada? Era isso que o povão imaginava e talvez quisesse. Mas te pergunto: o que ia resolver em larga escala? Ah, a viagem ia seguir naquele silêncio habitual dos ônibus e que todos adoram. Mas o que ia mudar para a sociedade? N-A-D-A. Aqueles jovens não seriam educados com uma sessão de porrada da polícia. A polícia seria chamada para conter a falta de educação deles, para manter a ordem, talvez até os enquadrasse em algum artigo por pertubação da ordem pública (não sei se existe um artigo próprio disso, afinal, ainda estou aprendendo direito penal...).

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O que concluí, conforme eu já disse no texto " 'Livre,' mas sem luz para guiar-se", é que aqueles jovens não foram educados para viver em sociedade, respeitar o direito das outras 50 pessoas que pagaram pela passagem e que querem viajar em silêncio. Isso é culpa deles? Só deles não, provável que não tenham sido educados em casa, nem na igreja e muito menos na escola. Onde foram educados para respeitar o próximo? Onde? Aprenderam na lei das ruas, lá não há espaço para aprender essa boiolagem de respeito ao próximo, lá não se pensa, se age. Pra quê pensar em respeito? O negócio é viver, é agir, fazer e acontecer. Correr atrás de dinheiro, de poder, de mulher, de tênis da NIKE... Não há tempo pra pensar em moral. Repito, quem os educou? E quem quer perder tempo os educando? A moral das ruas é viver para você mesmo, dane-se a ignorância da juventude; você reparou que eu me lixei para zorra deles também, certo? Eu também me lixei para a educação deles, mas pelo menos eu não acreditei que a polícia ia educá-los.

Onde quero chegar? A culpa não é só deles, é minha, é sua, é de cada um. Nós não queremos educar ninguém para viver respeitando o próximo. Volta e meia nos deparamos com os ignorantes que nossa sociedade livre está produzindo, que nós estamos deixando ser produzidos, os ignorantes do século XXI, aqueles que não sabem como viver em um grupo que não seja o seu. Incomoda cruzar com eles, né? Sabe o que a gente faz? Vamos chamar o papai Estado e mandar ele sumir com esses mal-educados daqui, mandar ele descer a porrada, matar, esconder, enterrar, exilar, segregar na favela, sumir com eles daqui, não quero sentir que a culpa é minha, não quero assumir que o problema começa dentro da minha casa. Melhor fingir que isso não é problema meu, deixa o Estado educar na porrada! A porrada nos mal-educados tranquiliza a sociedade, dá a falsa sensação que vai educar e corrigir, fazer um papel que não soubemos fazer. Se porrada educasse alguém para a vida em sociedade... Ai ai...

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Só para esclarecer, chamar a polícia talvez fosse cabível no caso, mas seria uma solução provisória e limitada ao universo daquelas pessoas do ônibus, não traria pessoas educadas ao convívio social, apenas amenizaria a algazarra do ônibus, apenas ia ser útil a 50 pessoas, mas à nossa sociedade não. Eu posso ter viajado muito nesse texto, mas ainda acho que só precisamos educar melhor nossas crianças, para depois não ter que "apanhar" delas e querer chamar o papai Estado para descer o porrete nelas, enquanto, na verdade, tivemos um momento para educá-las, tivemos a nossa hora e deixamos escapar, por quê? Porque não queríamos educá-las...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Teoria do João-Bobo

Acho, ops, acredito ("achar é mania de boteco" - palavras de um professor de uma de minhas escolas antigas) que depois desse texto você não vai ler mais nada que eu escrever, vai achar-me doido ou na melhor das hipóteses, um bobo, mas leia e, se puder, comente.

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Sabe aqueles dias em por algum motivo (razoável ou não) você está muito irritado e é capaz de surrar alguém? O que você faz nesses dias? Age com ódio do mundo ou apenas fica remoendo sua fúria internamente? Seja lá qual foi sua resposta, você age errado! Sim, hermano, você age errado! Por quê? Vou tentar te convencer...

A raiva é algo natural em qualquer pessoa (nossa, agora descobri a pólvora...), todavia a maneria de reagir a ela é sempre variável de pessoa para pessoa, enquanto uns simplesmente estouram com o primeiro infeliz que atravessa a sua reta, outros (mais frios) preferem guardar esse sentimento e ficar ruminando que nem vaca. Considero que estourar imediatamente seja a saída menos pior (apesar de eu sempre optar pela segunda solução no dia a dia - nova ortografia); quando se tem raiva temos uma energia extra para agir, uma energia que não deve ser simplesmente desperdiçada sendo armazenada, mas usada o mais rápido possível. O certo é que essa energia, mesmo não usada logo, ou seja, sendo armazenada, não se perde, mas é bem provável que você não consiga controlá-la e faça uma besteira sem querer quando não queria.

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Assim, guardar sentimentos de fúria por muito tempo é sempre um problema, afinal, alguma hora você pode simplesmente surtar e ter um ataque de fúria (não é exagero meu) e acabar vitimando inocentes. O surto pode até tardar, mas não é evitável (a não ser que você passe por algum episódio que seja capaz de matar toda sua energia "raivosa", algo que lhe leve ao "nirvana" e lhe deixe zen em seu cotidiano de uma hora para outra). A verdade é que a maioria dos acumuladores de fúria surtam e geralmente por alguma razão bem idiota; creio que não estou sendo muito claro, então imagine isso: a fúria é um líquido e uma pessoa um balde vazio; uma pessoa que guarda sua fúria não colocando-a para fora no momento em que ela surgiu vai guardando-a dentro de si, vai enchendo o balde de líquido, até que chega o momento em que o balde fica cheio de fúria acumulada por dias, meses ou anos e transborda, um transbordamento que pode ser gerado por um copo americano de fúria ou por uma humilde e singela gotinha (como é um pisão levado no ônibus). O que quero dizer? Quero dizer que ao acumular muito no balde você pode colocar tudo pra fora de uma vez por causa de uma simples gota, ou seja, você pode ter uma reação muito furiosa por causa de algo idiota e agir desproporcionalmente.

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Tá, então estourar na mesma hora do fato desencadeador da raiva é o melhor, né? Mais ou menos, pois estourar imediatamente é sempre um risco, porque você, dado o nível de raiva e o descontrole natural dela, pode descarregá-la toda sobre algum inocente que não tem nada a ver com a origem de sua fúria, mas que atravessou a sua frente no exato momento em que você se irou. Ou seja, você pode colocar sua raiva pra fora logo, mas contra quem não devia... Aí já era, a besteria tá feita, o desconhecido já foi xingado, você já trocou empurrões com um qualquer, você já ofendeu um amigo ou um parente, isso se não tiver feito coisa pior. Aí é a hora que você me pergunta: Ok, seu mané metido a filósofo, mas então como é que você me manda estourar imediatamente se eu posso acabar fazendo merda? (se o Lula já falou a palavra "merda" em um discurso, então tá liberado o uso dessa palavra, agora falta o Manoel Carlos colocá-la no linguajar de sua novela das 8 para que as pessoas deixem de pudor de falá-la em público)

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Aí entra a parte da minha loucura. A minha solução é: João-Bobos (acho que esse plural tá errado, mas, ah, você entendeu) para todos!!! Hã? Como assim? Ao invés de descontar a fúria em outras pessoas, simplesmente espancaríamos nossos João-Bobos. Todos teriam os seus, ou melhor, teríamos João-Bobos públicos. Que maluquice é essa?

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Imagine você chegar em casa todos os dias e ter em quem descontar sua energia raivosa! Alguém disposto a receber toda a sua raiva que está louca para sair de você. Alguém em quem você pode descontar sua fúria sem medo e receio. Alguém que todos os dias pode assumir uma face diferente (um dia pode ser um professor que não leu seu trabalho, outro dia o seu emprego chato, outro dia um primo que não vai embora de sua casa, outro dia ele pode ser o Obina, e por aí vai...). Ah, só pra esclarecer, creio que a raiva, ao contrário de outros sentimentos, como o amor, não precisa de outro ser humano para ser expressada, pode ser expressada por meio de objetos. Então: NÃO APOIO AMAR ROBÔS E NEM FAZER AMIZADE COM ELES!

Voltando... Imagine descartarmos nossa raiva todos os dias, nunca acordar com raiva, nunca dormir com raiva. Imagine não pegar aquele ônibus bem cedo no qual o motorista, com raiva da mulher, frea bruscamente toda hora só pra descontar sua raiva. Imagine não ter uma professor que dá uma prova difícil só porque tá com raiva da turma. Imagine não encarar seu irmão mal-humorado logo de manhã. Imagine não levar bronca de graça de alguém nervoso. Imagine não levar porrada de graça do policial que tem raiva do emprego e do salário que tem. Imagine quantos crimes deixariam de ocorrer, quantas vidas se manteriam preservadas. Imagine...

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Só mais duas observações: Para descontar sua raiva num João-Bobo, você teria que guardar a sua raiva por alguns minutos ou horas, só até encontrar algum João-Bobo na rua ou chegar em casa e surrar o seu. Esse armazenamento não seria ruim como aquele que questionei acima, mas benéfico, o único acúmulo de raiva benéfico. Outro ponto a esclarecer: Não acho que devemos ser passíveis diante das coisas, ser ovelhinhas tranquilas, só acho que não devemos punir inocentes por coisas que não deram causa, descontarmos nossa raiva em quem não merece, daí a utilidade dos João-Bobos, são meros canalizadores neutros de energia raivosa, só isso, não algo para tornar as pessoas passivas diante do mundo.

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João-Bobo é mais paz na sua cidade! É mais paz na sua casa! João-Bobo é emprego nas fábricas! É comércio sempre movimentado (afinal, eles não são eternos e seriam 180 milhões de unidades, fora os que seriam públicos). Adote um João-Bobo! Dá até nome de um programa social: "Meu 1º João-Bobo".

Brincadeiras à parte, pense na ideia (sem acento agora).