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quarta-feira, 27 de junho de 2018

Pode tocar que é nossa

Foi com a frase do título que Carlos Alberto Parreira, técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de Futebol de 1994, desceu as arquibancadas do estádio Rose Bowl em meio aos torcedores e deixando que todos tocassem por um instante na taça de campeão mundial de futebol, em uma das cenas mais singelas e bonitas da história de todas as Copas.



É Copa, pae! Tem que respeitar.

Como tradição neste blog, toda Copa tem seu(s) texto(s). Tô feliz pra caralho! Que Copa, senhoras e senhores. Ela está cada vez mais linda. Se em 2010 ela acordou feia e em 2014 ela acordou arrumada para sair e já de sapatos, como presidenta Dilma; em 2018 ela está na plenitude da beleza, uma beleza natural e encantadora, mas com alguns retoques tecnológicos (quem nunca...).

Em mais de 32 partidas (mais da metade do torneio) só teve um 0x0. Futebol que dá gosto de ver. Partidas disputadas e com gols, para apagar a horrorosa lembrança da Copa de 2010, na África do Sul. Não existe mais bobo no futebol. Pela primeira vez um país asiático venceu um sul-americano, a Coréia do Sul eliminou a temida Alemanha e todos os países, inclusive dentre os eliminados, marcaram gols. Lindo demais! Panamá perdeu de 6x1 para a Inglaterra e vibrou o único gol feito como se fosse o do título. O México venceu a Alemanha e vibrou como em final de Copa. Tite deitou e rolou no gol suado do Brasil contra a Costa Rica. Os alemães, argentinos e uruguaios festejaram gols decisivos no final de suas partidas de maneira contagiante. Professor Óscar Tabarez e sua doença degenerativa que lhe faz comandar o Uruguay usando muletas. A volta do Peru a uma Copa após mais de 30 anos e uma vitória na bagagem.

E o V.A.R.? Polêmico. Mas diminuiu (sem eliminar) os erros, penso eu, e tornou os resultados mais justos (ao menos na maioria dos jogos). Injustiças sempre acontecem no futebol, mas o V.A.R. veio para diminuí-las. Minha bronca é mais com a falta de critério da arbitragem em sua utilização, o que alimenta erros e a sensação de injustiça mesmo com uso da tecnologia. O ideal, penso eu, é que fosse seguido o modelo do vôlei, do basquete americano e do futebol americano, nos quais os times é que solicitam quando que querem o uso da tecnologia em algum lance (desafio à arbitragem). O ideal, penso eu, é que se pudesse solicitar pelos times em, sei lá, 3 lances de cada tempo, para não virar uma coisa a ser pedida a toda hora e a arbitragem não escolher em seu subjetivismo os lances a serem confrontados com a tecnologia.

E a geração Neymar e cia? Uma geração de mimados... Uma pena. Muito talentosos, mas muito mimados. Ainda inexperientes para ganhar uma Copa, embora fossem ainda mais em 2014. Podem perder a cabeça em um jogo muito adverso e perdermos a Copa, mais uma vez, pelo lado psicológico. Mas podemos ganhar se o talento deles suplantar a inexperiência. Esta seleção é estranha, repleta de jogadores que jogam no exterior, foi incapaz de fazer um amistoso de despedida no Brasil antes de partir para a Rússia, como outras seleções fazem. Preferiu embarcar escondida e jogar os últimos amistosos em Londres, para inglês pagar. E apesar de ser uma seleção de "estrangeiros" e mercenária até nos amistosos, não resistimos e torcemos para ela. Como dizia Tim Maia: "Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita".

No geral, não consigo apontar uma seleção favorita, sobretudo diante do equilíbrio da maioria absoluta das partidas. Resultados muito inesperados. Vai ser muito divertida e emocionante essa fase final. Como profetizou Xico Sá, "todas as retrancas serão castigadas". E estão sendo. Times que querem segurar empates e se defender estão indo embora aos montes nesta Copa.

São tantas emoções...

Copa é diferente. É uma vez só a cada 4 anos. Justifica toda a paixão mundial. O encontro dos povos, o encontro dos melhores no esporte mais querido do planeta. Lindo demais. Emocionante demais. Para perceber isto, é preciso ver a Copa como mais que um campeonato de "pão e circo". É preciso ver as histórias por trás de cada país, entender o que aquele momento representa para cada povo participante. É entender, por exemplo, que no Irã as mulheres não podem ir a um estádio de futebol, mas que foram assistir sua seleção na Rússia. Isto é simbólico demais. É muito mais que só futebol. Isto justifica você querer assistir todos os jogos, até mesmo um movimentado Japão x Senegal. Ninguém é obrigado a gostar de futebol, mas quando se percebe o verdadeiro sentido de uma Copa, se entende que ela é tão deliciosa, ou mais, que uma Olimpíadas. O futebol não é o culpado dos problemas de nenhum país, não somos o que somos politicamente por causa do futebol. Ele, no fim, apenas torna nossos dias menos duros e tristes.

E a Rússia? Um país grandioso não só em tamanho, mas em tudo. Um país que é tão grande quanto misterioso, meio esquisito, às vezes. O país que nos deu os cosmonautas, que venceu a 2ª Guerra Mundial para o Ocidente, que nos deu a experiência socialista, que nos deu a beleza do balé, que convive entre a linha tênue do alcoolismo institucionalizado e do conservadorismo. A Rússia é encantadora em seus mistérios e em suas bizarrices. Muito deu ao mundo e muito ainda tem a aprender com o mundo.

A Copa abriu a Rússia ao mundo (sempre aos poucos, como de costume) e o mundo abriu a Rússia, trazendo para dentro dela um universo plural de raças, religiões, sexualidade e etc. A Copa está fazendo muito bem aos russos, que, espia só, parecem estar menos frios. Suspeito que estejam gostando de tanta gente diferente em meio à fria e pouco plural vida russa. A Rússia é encantadora. O mundo ocidental, para variar, pintou previamente a imagem dos russos como "devoradores de criancinha", racistas e preconceituosos, alertou sobre os riscos de alguns comportamentos despertarem reações agressivas nos russos e até na polícia russa. Mas, ao menos até agora, não ouvi falar de nenhum episódio nesse sentido. Ao contrário, os russos parecem estar lidando muito bem com o mundo. Não descarto a possibilidade de que possam estar contando as horas para se livrarem dos visitantes e voltarem a viver o peculiar modo de vida russo. Mas prefiro acreditar na sinceridade da lágrima que a ursa Misha derramou delicadamente ao se despedir do mundo ao fim das Olimpíadas de Moscou em 1980.


Desta vez, nós é que sentiremos saudades. E ainda mal está na metade.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Justiça nos dentes

Quando recebi uma mensagem pelo whatsapp no meio da tarde dizendo que Luisito Suárez havia mordido alguém mais uma vez, pensei que fosse brincadeira. Levei um susto ao chegar em casa e ver que de fato era verdade. Não fazia o menor sentido uma mordida naquelas circunstâncias (não que em outras circunstâncias fizesse algum sentido).


Por um momento tive pena. Pena do atleta que há pouco mais de 1 mês estava em uma cadeira de rodas e fora da Copa do Mundo, mas que deu seu máximo para conseguir entrar em campo e ajudar sua seleção no momento que ela mais precisava dele. Ele iria do céu ao inferno. Eu tinha certeza disso. De herói da classificação a vilão.

Olhando a mordida dada por ele, não achei que foi AQUELA mordida. Italianos são sempre muito dramáticos. Sei lá, achei muito escândalo para pouco dente. Mas por outro lado, foi uma mordida. Um exemplo ruim em uma ocasião para lá de inadequada. Poucas coisas neste planeta têm tanta audiência quanto um jogo de Copa do Mundo. Logo, poucas coisas ganham tanta publicidade quanto algo feito durante uma partida de uma Copa do Mundo.

Um péssimo exemplo. Para as crianças que estão descobrindo a magia do futebol. Um péssimo exemplo no esporte que é capaz de parar guerras. Uma conduta errada no momento mais errado possível. Um mau exemplo visto por milhões de cabeças.

Normal haver uma punição a Luisito. Não se pode deixar impune uma conduta tão fora do mundo do futebol como uma mordida no adversário.

Mas aí começa a festa.


Um monte de gente defendendo Luisito. Como esse senhor da foto, que deu ao mundo o bom exemplo de ser expulso de uma Copa do Mundo por ter sido flagrado no exame antidoping em plena competição.

Sai a punição: quatro meses fora dos gramados e suspensão de nove jogos oficiais pela seleção uruguaia. Pesada? Pela praticamente inexistente lesão ao agredido, por certo a punição se mostra exacerbada. Mas como já disse antes, o ato de Luisito, em uma Copa do Mundo, tem um efeito muito mais nocivo para o futebol como esporte global. Quantas pessoas viram essa cena? Quantas pessoas não irão de alguma forma assimilar essa conduta como algo normal no futebol? Além disso, essa foi nada mais nada menos que a terceira mordida de Suárez contra adversários. Uma pena leve, por certo, não teria muito efeito sobre Luisito.

Mas eis que entra em cena o mundo latino. Digo latino porque não vi a imprensa europeia questionando muito a pena de Suárez. Porém, o mundo latino, viu a punição como quase uma pena de morte. Aí não pude deixar de pensar, como gostamos de ser coniventes com os "pequenos infratores" neste lado do mundo.

"Ah, nem é crime. É só uma contravenção penal."
"Ah, a sociedade aceita. Não dá pra dizer que seja ilegal."
"Ah, é uma mentirinha de leve."

Quem nunca ouviu algo assim por essas bandas? Por que tanta tolerância com as pequenas delinquências? Ah, porque são pequenas, ora! Mas se fosse assim, elas então nem deveriam ser consideradas delinquências. No meu trabalho, tenho a oportunidade de sentir pena de alguns acusados, mas sempre que me pego tendo essa recaída, me pergunto: estou sendo justo com aqueles de quem não senti pena? Em outros termos, ou se sente pena de todo mundo ou não se sente pena de ninguém. É meio radical? Pode ser. Mas dessa forma, se pode ter uma interpretação menos subjetiva das normas.

Eu senti pena de Luisito, como já disse anteriormente. Mas logo depois não pude deixar de considerar que ele errou e mereceu ser punido exemplarmente. Um histórico de três mordidas, sendo uma delas em uma Copa do Mundo, para milhões de telespectadores, não pode passar em branco. Não no mundo europeu. Já nesse nosso mundo onde quem "erra de leve" tem o mesmo tratamento que quem "faz o certo", a punição de Suárez foi um escândalo de cruel. 

Não estou exagerando. A título de exemplo, cito que torcedores do Corinthians mataram um jovem boliviano com um sinalizador durante uma partida de futebol e o time sequer foi desclassificado da competição pela Confederação Sul Americana de Futebol. A "pesada" punição foi ter que fazer alguns jogos em casa sem a presença da torcida e de não poder ter torcedores seus em jogos fora de casa. Na Europa, na época das brigas de torcida, os times  ingleses foram proibidos de jogar a principal competição de futebol daquele continente por cinco anos.

Quer outro exemplo? Neste ano, torcedores de um time peruano imitaram sons de macaco todas as vezes que o jogador Tinga, do Cruzeiro, tocava na bola. Punição ao clube: multa de US$ 12 mil. Sim. Uma multa ridícula para punir atos de racismo! É assim que são as punições na América do Sul. Por isso somos tão simpáticos a Suárez. Achamos tão normal mordidas, socos, xingamentos e empurrões. Levamos a sério aquela frase racista de que "futebol é um esporte de nobres praticado por selvagens".

Ainda temos muito o que aprender com os europeus em alguns aspectos... Acho que Luisito nunca mais vai morder alguém dentro de campo. A pena aplicada, por certo, terá cumprido seu papel punitivo e de prevenção.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Ela está linda

Acharam que eu ia deixar acabar a Copa do Mundo sem escrever nada sobre ela? De jeito nenhum! Acho que em 2010 escrevi mais sobre a Copa porque não havia bom futebol para assistir. Lembra da mulher bonita que acordou toda zuada em 2010, toda descabelada e feia? http://meuspensamentosabstratos.blogspot.com.br/2010/07/acho-que-acabou-ne-odeio-despedidas.html

Pois então! Aquela mulher acordou feia em 2010, mas está linda em 2014. Que grata surpresa é 2014. Gols, gols e mais gols. Até agora, como viciado em futebol, não tenho o que reclamar. O retorno do bom futebol depois de uma Copa do Mundo de bosta como em 2010 é realmente algo para se comemorar.

Aliás, a eliminação precoce da Espanha é um reflexo disso. Já em 2010 (vide link acima) eu tinha alertado que o futebol da então campeã mundial era uma fraude. Tiki-Taka para mim sempre foi sinônimo de não-futebol, de enrolação, de falta de objetividade e de, acima de tudo, falta de gols. Meus filhos, futebol é bola na rede, não há nada no futebol como o grito de GOL. Que os deuses do futebol permitam que esse Tiki-Taka, Titi-Caca, Titica, ou sei lá o quê, nunca mais dê as cartas em uma Copa do Mundo.


Neste exato momento estou escrevendo este texto em um caderno enquanto assisto a Costa Rica vencendo a Itália e cravando uma inesperada classificação para a segunda fase da Copa do Mundo em um grupo no qual todos os experts diziam, antes de a Copa começar, que a briga da Costa Rica seria para não ser goleada por muitos gols pelas três seleções campeãs mundiais de seu grupo (Inglaterra, Itália e Uruguai). Quem esperava por uma Costa Rica tão atrevida? Aposto que nem eles mesmos.

Nesta Copa do Mundo haverá surpresas, senhores! Graças a Deus! Os grupos ficaram muito desequilibrados em razão de times sem muita tradição como Bélgica, Suíça e Colômbia terem sido colocadas como cabeças de chave e de os sorteios terem propiciado a formação de alguns grupos só com seleções medianas e fracas. Isto é o futebol! Talvez o esporte mais imprevisível de todos.

Estou com pouco tempo e escrevendo no puro ímpeto, sem ideias fixas e organizadas. No puro coração! Mas mesmo nessa correria preciso dizer algumas coisas pontuais: 

Que orgulho saber que ninguém lembrará da nossa Copa como aquela em que bolas entraram e o juiz não viu. Já era hora de haver um sistema inteligente gol/não gol. O gol é o que há de mais importante no esporte mais popular do planeta, era uma indecência times serem eliminados ou perderem títulos mundiais (como a Alemanha em 1966) porque não havia tecnologia para dizer se uma bola cruzou a linha do gol ou não.


Um ponto negativo desta Copa, no entanto, são as contusões que tiraram dela jogadores como Ribéry e Falcao García. Outro ponto negativo são os pavorosos jogos de 13 horas! Quem foi o gênio? Futebol às 13 horas em Recife/PE. É brincadeira... Pode ter certeza que vai ter time europeu eliminado "antes da hora" que vai querer reclamar disso - em parte com razão, penso eu.

Mas aí, os ingleses tinham que se fuder mesmo. Povo estranho. A imprensa deles reclamou tanto de Manaus, falando mal da temperatura, da umidade, da distância, do gramado, dos perigos da violência e das doenças... Como se fosse um paraíso aquela ilha eternamente chuvosa e fria, de gente gelada, onde torcedores bêbados se matavam até meados dos anos 1980 sem qualquer motivo e onde um eletricista estrangeiro é confundido com terrorista e morto pela polícia...

Parabéns, ingleses! Desde 1966 vocês não chegam nem em final de Copa do Mundo, seja em solo "civilizado" ou na "selva". Desde 1966 vocês não assustam ninguém, sendo que nos últimos 15 anos suas esperanças se resumiam sobretudo ao futebol de um jogador mais conhecido pela beleza do que pelo futebol. Vocês reclamaram muito em 2014 e esqueceram de jogar futebol.

Viva a Amazônia! Ela mereceu receber jogos de Copa. afinal, também é um pedaço (um dos mais importantes, diga-se de passagem) do Brasil, bem como é o pulmão do mundo. Uma Copa no Brasil sem a Amazônia não seria uma Copa legitimamente brasileira!

Viva a Costa Rica! Ela acabou de vencer outra seleção campeã do mundo e de se classificar para as Oitavas de Final mesmo estando no "grupo da morte". Ah, esse resultado acaba de eliminar em definitivo os ingleses.

Isso é o futebol, bebê!

sábado, 22 de dezembro de 2012

Cadê o dinheiro?

Poucas coisas dividem tanto a opinião pública atualmente no Brasil como o fato de o país ser sede de uma Copa do Mundo em 2014 e de uma Olimpíadas em 2016.

Aqueles que se opõem à realização desses eventos no país sustentam quase em uníssono que é um desperdício de dinheiro público e que o Brasil, ao invés de assumir gastos bilionários com obras necessárias para ambos eventos esportivos, deveria investir esse dinheiro nas verdadeiras prioridades nacionais: erradicar a pobreza; melhorar a saúde e a educação pública etc. Isso pode parecer bonito e sensato. Mas, sinceramente, me soa algo muito utópico.

A verdade, pelo menos pra mim, é que somos um país rico. Minto, somos um país MUITO RICO. Em outras palavras, somos um país tão rico que seríamos capazes de sediar uma Copa do Mundo todo ano sem vivermos significativos problemas financeiros. Se faltam ensino e saúde de qualidade, por exemplo, não é por falta de dinheiro público, mas por má gestão pública, planejamento mal feito, má divisão e mau uso dos recursos existentes. O dinheiro existe, senhores!

Há servidores públicos de nível médio nesse país que ganham mais do que funcionários pós-graduados da iniciativa privada. Há obras públicas faraônicas realizadas para a prestação de serviços que sequer têm grande demanda. Há órgãos públicos nos quais as poltronas da sala de espera custam mais do que um dia de merenda de uma turma completa na escola pública. Há diárias recebidas por membros dos 3 Poderes em viagem que custam mais do que remédios que faltam diariamente nos hospitais públicos.

Neste país não falta dinheiro! É isso que às vezes me dá vontade de gritar a plenos pulmões pela janela do ônibus. Somos um país rico com mentalidade de país pobre. Tem gente (inocente) que realmente acredita que não sediar uma Copa do Mundo ou uma Olimpíadas assegura dinheiro para ser investido na educação ou na saúde. Esse dinheiro, se não fosse gasto nesses eventos, seria desperdiçado de outra forma. Seria, como de regra, comido pelos corruptos e pelos privilégios daqueles que vivem às custas do Estado e pouco produzem. Pra mim, é ilógico crer que os recursos não gastos com uma Copa e uma Olimpíadas poderiam, contrariando nosso histórico de mau uso de dinheiro público, ter sido empregados para atender demandas sociais. Nesse contexto, na minha visão, quem defende não gastar recursos realizando esses eventos é como o dono de uma propriedade improdutiva há décadas que não aceita tê-la usada para reforma agrária porque ainda pretende fazer uso dela no futuro. Economizar dinheiro não realizando a Copa e as Olimpíadas seria guardar dinheiro público sob a alegação de que queremos fazer com ele o que raramente fazemos.

Sinceramente, prefiro ver estradas, aeroportos, transporte urbano e outros serviços sendo melhorados NA MARRA porque vamos receber o mundo em 2014 e 2016 do que ver esse dinheiro sendo devorado, com sempre, pela falta de gestão dos administradores públicos. Os estádios estão custando caro? Há dinheiro consumido pela corrupção nas obras da Copa e das Olimpíadas? Sim. Outro sim. Serão bilhões investidos para no máximo 3 meses (somando os dois eventos) de pão e circo? Sim. Entretanto, também acredito que nem tudo será só tragédia. Ora, sediar tais eventos na fudida América do Sul vai mudar muito a visão que o mundo tem do Brasil e desse lado do planeta. Vai ter um efeito muito positivo para nossa respeitabilidade internacional. O mundo vai descobrir, enfim, que na América do Sul as pessoas não vivem em meio aos macacos e as anacondas, que nem toda brasileira é mulata, que só existe carnaval uma vez no ano e que aqui há coisas que funcionam tão bem ou até melhor do que na Europa.

Lamento discordar dos que acreditam que uma Copa e uma Olimpíadas são para nós apenas desperdício de dinheiro. Nesse assunto, o "povão alienado" que quer a Copa do Mundo me parece mais correto do que os intelectuais que são contrários a esses eventos. Erra (sonha) quem acredita que não gastar recursos públicos com Copa e Olimpíadas assegura dinheiro para prioridades nacionais. Esse gasto é mixaria para um país como o nosso. Desculpe, mas o Brasil não é pobre e não precisa economizar bilhões para conseguir atender demandas sociais. O dinheiro existe, me arrisco a dizer que sempre existiu. Se falta saúde, educação, segurança etc é porque falta gestão; bom uso dos recursos existentes. Que venha 2014 e 2016.

sábado, 17 de julho de 2010

Deixando o vício?

Acho que acabou, né? Odeio despedidas, seja de quem ou do quê for. Sempre me bate uma sensação de saudade, mesmo aquilo que tenha sido ruim deixa um certo vazio; por algum motivo que desafia a lógica, mesmo as coisas ruins ou as pessoas que não me trazem grande estima parecem boas e simpáticas na hora da despedida. Até entendo, mas não gosto da sensação de que algo não vai se repetir nunca mais.

http://media.josevitor.blog.br/Imagens/hora_de_dar_tchau.jpghttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_ODR9U0ZUr6AeMod1P6Cdv81_N3d16X1-37uUCE1uf3KkvN9a95HfB6wmtv9UTlrGBDPojZhd45fY2VrN689ahjGNec-dJSDEYWEQ19LD-vD1SkSV8iCmpq3BJlzH48SWx-1WvbeAu88/s400/Adeus+amiga.jpeg

Mas dessa vez foi diferente, ela se foi sem deixar muitas saudades. Se foi me deixando a sensação de que foi ruim, o que contraria a minha lógica exposto acima. Sou futebolátra assumido (não daqueles capazes de matar por esse amor, mas apenas de sofrer por ele), logo, a Copa do Mundo representa um momento esperado ansiosamente, é o ápice desse amor, o ápice da loucura que guia os amantes do futebol, comigo não é diferente. Mas essa Copa foi diferente...

A Copa começou com um nível técnico (que não é preciso ser nenhum especialista para saber) fraco, muito ruim. Jogos monótonos; placares apertados; empates sem gols; jogadas sem brilho; parecia uma mulher muito bonita, mas recém-acordada e com os cabelos todos bagunçados. Eu e o mundo todo sabíamos que ela tinha potencial para melhorar (daí a lógica da mulher bonita recém-acordada), afinal, em tese, os melhores do mundo estavam lá, mas isso não se deu da maneira esperada.

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Tudo bem que o nível técnico melhorou após a 1ª rodada, mas ainda era pífio, mesmo para mim, um viciado que tem os seus sentidos e o seu senso crítico um pouco abalados diante da Copa do Mundo. Não digo que não ocorreram jogos emocionantes nessa fase inicial, pelo contrário, ocorreram alguns, mas, Sir, não confunda emoção com qualidade, pois um jogo de futebol pode ser considerado BOM por ser emocionante e ainda assim ter sido em qualidade técnica uma senhora porcaria, assim como um jogo pode ser sem emoção (por exemplo: um time engolir o outro em campo sem dar chances de defesa ao adversário) e ser BOM, em razão da qualidade, em razão da vistosidade do futebol jogado por uma das equipes. Assim, tiveram bons jogos na 1ª fase da Copa, jogos muito emocionantes, mas sem a menor qualidade.

Se foi a 1ª fase, aí pensei: "Será que agora que foram embora os ditos times fracos a Copa terá jogos mais vistosos?" Não. Fui enganado, a melhora foi muito tímida. Eu não vi, mas dizem que Japão e Paraguai personificaram a falta de qualidade dessa Copa em um jogo chato, monótono, estudado, medroso, que só foi decidido nos penaltis, olha que valia uma vaga na próxima fase.

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Foi uma Copa muito estranha! Os sul-americanos (Paraguai e Uruguai) pararam de descer a botinada nos adversários e resolveram "jogar" bola; os africanos jogaram um futebol responsável e tático (bem europeu) e ficaram quase todos na 1ª fase na COPA DO CONTINENTE AFRICANO; os japoneses e os coreanos (do sul, obviamente) conseguiram fazer jogos menos inocentes contra os europeus e até surpreenderam; os alemães jogaram um futebol leve e envolvente como os sul-americanos; os brasileiros começaram a jogar um futebol mais defensivo e previsível; "los pibes" de Maradona começaram a jogar bola após uma eliminatória pífia...

A Jabulani merece até um parágrafo só para ela, talvez tenha sido a maior de todas as esquisitices. Eu acho muito estranho uma bola chamar tanta a atenção em uma Copa do Mundo, é sinal que algo não andava bem. Dizem que ela era leve para aumentar o número de gols e deixar os jogos mais emocionantes, mas me pergunto: se nem ela conseguiu foi porque o negócio tava ruim mesmo. Ela me lembra a fita de Super Nintendo que foi lançada pela FIFA para a Copa de 1994, nos EUA, explico: Não é mistério para ninguém que a Copa de 1994 foi uma tentativa desesperada de popularizar o soccer nos EUA, e parece que tal fita de vídeo game foi no mesmo embalo, por quê? Porque tinha opções de jogo chamadas: "crazy ball" e uma outra que não lembro o nome que descaracterizavam o futebol para agradar os americanos. A "crazy ball" deixava a direção dos chutes tortos e os gols saíam de maneira inesperada e com mais frequência, já a outra opção criava um campo eletromagnético em volta do campo que não deixava a bola sair de campo. Coisas para agradar americano, que nunca entenderam como o mundo inteiro é capaz de amar o soccer, um jogo tão monótono, cujos gols demoram para sair, às vezes nem saem... Pois é, a Jabulani foi uma tentativa, real, de implantar a "crazy ball" e deixar o jogo com mais gols, mas o tiro saiu pela culatra, afinal, ela conseguiu deixar os jogos com ainda menos gols.

Outra bizarrice foi o polvo que adivinhava os jogos, isso mostra o quanto a Copa estava interessante... Pense comigo: quais recordações a Copa da África deixará em sua memória para contar aos netos: a Jabulani (a "crazy ball"); o polvo que adivinhava os jogos; e talvez o som das Vuvuzelas. Futebol mesmo eu garanto que você de pouco lembrará, mas não é culpa sua, o bom futebol esteve ausente a maior parte do tempo. Ah, não serei injusto, contarei aos meus netos (que soberba minha falar de netos nesse estágio da vida...) a história de Uruguai e Gana (um BOM jogo pelo aspecto da emoção, mas também fraco técnicamente), só isso eu lembrarei. Ah tá, lembrarei também de contar da pisada do Felipe Melo no Robben. Só!

http://www.abril.com.br/blog/copa-do-mundo-2010/files/2010/07/polvo-espanha-reuters-550.jpghttp://im.r7.com/outros/files/2C92/94A4/2988/228A/0129/93E5/F1B2/68AD/brasil-melo-pis%C3%A3o-hg-20100702.jpg

Amanhã faz uma semana que a Copa acabou e eu já quase não lembro dela, mal lembro quem ganhou a final. Esse é o capítulo mais trágico! Eu ouvi por 2 anos, desde a Eurocopa 2008, que o futebol espanhol é o melhor do mundo. Me perdoem, eu posso não ser especialista em futebol (apesar de eu acreditar que todos entendem um pouco de futebol, não havendo, assim especialistas, mas homens que ganham dinheiro para falar aquilo que é o óbvio), mas eu tive sono em dois jogos da Espanha, sendo que em um deles, contra a Alemanha, eu "pesquei". Falam do refinado e tático toque de bola espanhol, mas para mim não passa de um time que toca bola eternamente e que NÃO chuta à gol. Eles jogam um futebol burocrático, que toca muito e se der faz gol. Contra a Alemanha tocaram ("magicamente" para os especialistas) por 90 minutos e resolveram o jogo com um gol de cabeça (o que existe de mais bruto e selvagem no futebol) do "técnico" zagueiro Puyol, por que tocar tanto? Para ter que resolver com um gol de zagueiro, de cabeça? Igual fazem os times da Série D, no Brasil? Ah, fala sério... Em tese, o campeão mundial é o melhor do mundo no futebol, mas eu me recuso a considerar merecedor desse título um time que só fez 8 gols em 7 jogos, é como se esse futebol tão superior tivesse ganhado todos os jogos por 1x0. Não me curvo ao título espanhol!


E a Holanda? Desses eu tenho até receio de falar. Futebol robôtico, duro, violento e desleal muitas vezes, nada de especial, só cruzamentos na área e chutes de fora da área. Feio. Ah, mas eles estavem invictos há mais de 15 jogos, e daí? Era um futebol de resultado e só. Em nada lembrava a histórica "laranja mecânica", mesmo os holandeses consideraram essa seleção feia, quem sou eu para ir contra? Apesar disso, eu torci por ela na final, não pelo merecimento, mas pela minha antipatia pelo povo espanhol e para calar os que achavam lindo, esplêndido, delicioso, e técnico o futebol espanhol. Eu confesso que torci pela brutalidade do futebol holandês, pela falta de técnica. Eu quis que o mundo acordasse e visse que a Copa toda foi feia como o futebol holandês. Nada mais justo que o feio vencesse o burocrático.


A final foi como eu esperava: sem emoção, sem graça, chata e (como eu previ) sem gols! Amigo, pense: imagine que você nunca viu futebol e resolve pela primeira vez assistir, escolhe exatamente o jogo final da Copa do Mundo, afinal, em tese, seria o supra-sumo do futebol, o ápice do bom futebol, você iria ver o que o futebol tem em seu melhor. Como você se sentiria após Holanda e Espanha? Eu acho que eu nunca mais iria querer ver futebol. Dois times medrosos em campo, com medo de atacar. Futebol sem objetividade, burocrático. Sem jogadas capazes de tirar aquele suspiro. Futebol sem surpresas, previsível. Futebol defensivo. Faltas em excesso. Nada brilhante. O triunfo da tática sobre a técnica. Juro que chegou uma determinada hora que o meu maior desejo foi o de que alguém (mesmo os espanhóis) fizessem logo o gol só para acabar logo com a tortura. Eu não queria ver tudo decidido, outra vez, nos penaltis! Depois não entendem porque os americanos não gostam de futebol: eles tiveram o prazer de ver uma final de Copa entre Brasil e Itália, em 1994, que terminou em 0x0 após 120 minutos de jogo! E para a surpresa deles ainda tiveram jogadores que conseguiram perder penaltis! Foi muito traumático. Dizia Homer Simpson em um episódio sobre futebol: "Talvez eu dê sorte e consiga ver um gol". A final da Copa de 2010 foi a personificação disso, foi para fechar com chave de bosta uma Copa que foi nesse nível.


Eu, futebólatra, me pergunto: será esse o futuro do futebol? Tática acima da técnica. Eu tive medo nessa Copa, afinal, depois de 12 anos vendo futebol semanalmente, eu, pela primeira vez, consegui visualizar esquemas táticos dentro de campo. Eu vi a Holanda marcando por zona a Espanha! M-E-D-O. Eu nunca observo tática, mas dessa vez tava tudo muito claro, tudo muito mecânico, engessado, era impossível não reparar. Será esse o futuro do futebol? Jogadores brucutus, duros; técnicos obcecados por futebol tático?

http://futebolcomamendoim.files.wordpress.com/2009/05/esquema-tatico.jpg

Espero que não! Me sinto como um viciado que foi informado que sua droga vai deixar de ser fabricada do jeito que era, que vai ficar mais fraca. Prefiro acreditar que em 2010 aquela mulher bonita acordou um pouco mais descabelada do que deveria, mas que em 2014 ela voltará a ser bela...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Dedicado a Policarpo Quaresma

UFA! Quase que minha postagem foi atingida pelo que chamamos no Direito de Preclusão Temporal! Quase que o maior espetáculo de Terra chega ao fim para nós e eu não falei nada sobre o evento. Tudo bem que o Brasil pode até vencer a Holanda daqui a 1 hora e meia e ganharmos mais uma sobrevida no evento, mas não vou arriscar, vou escrever antes que acabe tudo, antes que prescreva! Esse texto será redigido correndo, então, não repare na falta de profundidade ou em besteiras que eu falar. Vai sair do coração!

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Leitores, como AMO os tempos de Copa do Mundo, em que tudo, até as pessoas, ficam em verde, amarelo, azul e branco. Dia desses (em setembro de 2009), falei um pouco sobre minha paixão pela seleção brasileira, lembra? Mas hoje falarei um pouco diferente, falarei do amor pelo meu país. Eu sofro por amar esse país 365 (às vezes 366) dias por ano enquanto a maioria das pessoas só o amam um mês a cada 4 anos... Entretanto, eu não sou ciumento, não ligo que de repente todos comecem a amar o Brasil, por isso gosto tanto da Copa do Mundo. De verdade, eu AMO esse país todos os dias, adoro a sensação de viver aqui (apesar de meus romances secretos com a Argentina - não incluindo a seleção argentina - e com a Islândia), isso não quer dizer que eu não o critique de vez em quando, pois amar não é algo que deva ser feito cegamente, é preciso conservar um senso crítico sobre aquilo que se ama.

Durante esses dias de Copa, eu vejo ruas, casas e pessoas em verde e amarelo, bandeiras por todos os lados, gritos de BRASIL por toda parte. Tudo é BRASIL. As mulheres (não todas) aceitam ver futebol; todos estão na mesma sintonia, sentindo a mesma pulsação, respirando no mesmo compasso. Um amor gratuito por 1 mês. Todos amando incondicionalmente, como loucos apaixonados (para um possível pseudointelectual que por aqui passe: não tente entender, o futebol é assim, não há razão, tudo é sensação, isso não se explica, se sente). Eu me sinto feliz por esse patriotismo temporário, mas triste por saber que ele tem fim. Ok, você pode falar que o patriotismo pode levar a consequências nefastas; que os americanos... blá blá blá. Eu sei que tudo isso é verdade, sei de tudo isso, mas entenda algo, aqui eu estou falando de paixão, amor gratuito, isso não se mensura cientificamente.

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O que me deixa triste é saber que tudo talvez não passe só de paixão, algo temporário. Daqui a 4 horas, se os holandeses ganharem, bandeiras podem ser rasgadas, camisas jogadas ao chão e xingamentos à pátria proferidos por todos os cantos. Mas por que é assim? Porque ao contrário do que eu disse antes as pessoas não estão apaixonadas pelo Brasil, pela República Federativa do Brasil, mas pela SELEÇÃO BRASILEIRA. As pessoas não se sentem brasileiras quando torcem, mas SELECIONESES BRASILEIROS, o amor não é à pátria, Policarpo! Não é triste isso? Eu descobri que continuo amando com poucos aliados o país, a maioria das pessoas não o amam, nem durante a Copa. Meu texto pode parecer contraditório, mas eu quis antes induzir você ao erro, caro leitor.

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As pessoas se identificam com a seleção, não com o país. Amar um país envolve muito mais do que ficar gritando BRASIL a plenos pulmões, pintar o rosto com a bandeira, vestir uma camisa amarela, pôr uma bandeira na janela, soltar fogos após uma vitória da seleção. Amar um país significa entregar-se a ele, trabalhar por ele, acreditar nele, se comprometer com a construção dele, identificar-se com suas cores é apenas um detalhe. Eu quero esse país como você queria Policarpo, eu quero trabalhar por ele; contudo, não dou a minha vida por ele, mas por sua gente. Policarpo, somos idiotas? Somos muito ideológicos? Faz algum sentido nisso? Freud, seu falastrão, você pode nos ajudar?

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Não digo que seja uma obsessão, mas um amor gratuito por essa terra, uma vontade de fazê-la brilhar, de ajudar o seu povo. Eu sinto a pele arrepiar ouvindo o hino, carrego o hino da Bandeira na ponta da língua (Salve o lindo pendão da esperança/ Salve o símbolo augusto da paz...). Não. Eu não fui militar, mas acho que eles adorariam que eu fosse um. Só para esclarecer: Eu também não queria ter sido um, pois nas forças armadas há muitos interesses em jogo, Policarpo. Você viveu isso, te usaram. Precisamos ter cuidado com o nosso amor incondicional por esse país, há sempre espertos querendo se aproveitar desse sentimento.

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Mas então, o que eu quero com esse texto nada linear? Quero dizer a minha alegria em saber que por 1 mês a cada 4 anos as pessoas amam tão apaixonadamente esse país quanto a gente, Policarpo. Quero dizer que eu sei que eles amam a seleção e que eu finjo que eles amam o país só para ficar feliz. Policarpo, pena que em sua época não havia Copa do Mundo, que nem futebol jogavam por aqui, aposto que você ia adorar se meter no meio da multidão vestida de Brasil, ia gritar a plenos pulmões BRASIL fingindo ser um SELECIONÊS BRASILEIRO, mesmo no fundo você sabendo que você é BRASILEIRO. Por quê? Porque não temos ciúmes desse amor que sentimos, queremos que mais pessoas o tenham, mesmo que indiretamente, afinal, amar a seleção brasileira envolve amar indiretamente o Brasil, não é?

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Como diria Luther King: I HAVE A DREAM. Eu sonho com o dia em que as bandeiras brasileiras estarão hasteadas nas casas todos os dias; com o dia em que o verde e amarelo não sairá nunca de moda; com o dia em que as pessoas se comprometerão em trabalhar por esse país; com o dia em que todos acreditarão nesse país. Sonho com um "estado de Copa" permanente. Queria ver as ruas e as pessoas "de Brasil" o ano todo, não ia ser lindo, Policarpo?

Agora para vocês leitores: Repito, não sou cego a ponto de não ver as deficiências e os problemas do Brasil, lembra daquele papo de que não se deve amar sem senso crítico? Pois é, eu ainda guardo um senso crítico.

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Eu amo demais essa pátria, sempre, na alegria e na tristeza, em tempos de Copa ou não, apesar de que amar em tempos de Copa seja menos sofrido, tenho mais companhia, pseudocompanhia.

Sonhamos demais Policarpo, amamos demais. Freud, isso tem jeito?