tag:blogger.com,1999:blog-45110722098190616772024-03-14T04:46:04.752-03:00Pensamentos AbstratosDon Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.comBlogger165125tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-11546696289749481052021-06-26T23:33:00.007-03:002021-06-27T00:12:21.207-03:00Triste<p style="text-align: justify;"> Escrevo aqui, primeiro, porque ninguém mais lê blogs, então, o que aqui estiver, pouco ou nunca será lido. Blog tornou-se "cringe". Segundamente, se é que essa palavra existe, escrevo porque hoje estou triste e este é o único sentimento que eu realmente não gosto de compartilhar.</p><p style="text-align: justify;">Constatei, hoje ainda, que estou cada vez mais calvo. Isto nunca me incomodou verdadeiramente, mas confesso que me assusta em alguma medida observar o quanto meus cabelos estão simplesmente parando de crescer na parte frontal de minha cabeça. Muito rapidamente. Talvez aos 35 eu não terei mais cabelo algum na metade da frente da cabeça. Confesso que essa velocidade me assusta, mais do que o ritmo de derretimento das geleiras e o aquecimento global. Eu espero que até os 35 eu encontre alguém que realmente não se importe de amar um cara calvo.</p><p style="text-align: justify;">Por falar nisso, eu acho que sou orgulhoso em alguma medida. Sexo é bom, mas isso não significa que eu deva instalar o Tinder para transar com as pessoas. Por outro lado, eu me considero realmente um cara legal. Talvez isto seja um referencial errado. Mas eu me acho legal (ou acredito demais em quem diz isso sobre mim). E por me achar um cara verdadeiramente legal, eu sou orgulhoso o suficiente para não correr atrás de quem eu acho que possa ter me esnobado. E isso é muito louco, porque eu sou um cara cada vez mais calvo e que, de vez em quando, também precisa transar.</p><p style="text-align: justify;">Talvez, mais forte em mim do que o desejo sexual seja o senso de orgulho pessoal, de não me sujeitar a qualquer farelo de afeto por alguns momentos de divertimento. Mas reiterando, eu sou um cara calvo. O que eu penso que sou? O calvo príncipe William? Afinal, o que eu quero nessa vida?</p><p style="text-align: justify;">Hoje, descobri que uma pessoa se prostitui. Isso me deixou bem triste. Talvez seja o motivo da minha tristeza de hoje. Eu realmente não consigo julgar. Aliás, nem cabe a mim qualquer tipo de julgamento nesse sentido. Mas eu me sinto triste em pensar que alguém se prostitui por necessidade. É um sentimento de que todos falhamos e não fomos capazes de evitar algo assim. Eu sinto nojo e meu estômago chega revira só de pensar em alguém tendo que se prostituir. Eu tinha vontade de dar tudo que tenho na minha conta pra essa pessoa. Talvez, se eu fosse só na vida, eu faria isso. Prevejo que serei um velho muito solidário, se sozinho eu for.</p><p style="text-align: justify;">Nessas horas, eu penso que eu realmente tenho um coração bom. Eu me revolto com coisas que eu deveria me revoltar, me entristeço com coisas que eu deveria me entristecer, mas eu estou preocupantemente calvo. E isso, não é suficiente para resolver meus problemas. Eu realmente nutri algum afeto por todas as pessoas que me disseram que eu seria um cara legal, mas que elas não estavam em um bom momento na vida para se envolver com ninguém. Eu não julgo mais a verdade dessa justificativa, porque não cabe a mim julgar onde mora a verdade no que as pessoas dizem para a gente com ar de verdade. Me resta querer acreditar em todas as pessoas. Eu sempre acredito no que me dizem. E, por isso, eu só fiquei com a parte que me interessa dessas justificativas, qual seja, aquela que diz que eu sou um cara legal. E assim, vocês criaram um monstro, porque nunca me disseram que o problema seria eu ser calvo, magro, pau grande, morar com a mãe, ter paladar infantil, ser muito doce e outros defeitos do tipo. Vocês me enganaram, pois falaram apenas que eu era um cara legal. Deixaram a mim a tarefa de descobrir todo o resto. Triste.</p><p style="text-align: justify;">E assim, vamos. Tentando ser menos calvo, menos magro, menos pau grande, menos apegado com a mãe, menos paladar infantil e tentando exercitar um temperamento mais rude e grosseiro. No fim, tudo parece um grande jogo, cujo único sentido seja trabalhar e deixar-se ficar calvo quando a vida quiser deixar. Se tiver como evitar que alguém se prostitua na vida, o faça. Ninguém merece vender o corpo para sobreviver. A mim, resta crescer. Jogar, viver, deixar viver e, porque não, deixar morrer. </p><p style="text-align: justify;">Me desculpem, seus cringes. Hoje eu tô triste. Não tenho outro motivo para escrever. </p>Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-85921410167629930372020-09-07T23:09:00.000-03:002020-09-07T23:09:01.578-03:00July<div style="text-align: left;">Por 10,</div><div style="text-align: left;">Muda-se:</div><div style="text-align: left;">A versão</div><div style="text-align: left;">E a gestão.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Depende dos zeros.</div><div style="text-align: left;">Alguns combinam,</div><div style="text-align: left;">Muitos dividem,</div><div style="text-align: left;">Poucos eliminam. </div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Nas noites tristes,</div><div style="text-align: left;">Reais não resolvem,</div><div style="text-align: left;">Fantasias consolam,</div><div style="text-align: left;">Centavos rememoram.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Perde-se a rima,</div><div style="text-align: left;">A mina,</div><div style="text-align: left;">Tristeza que desatina,</div><div style="text-align: left;">Sem obra-prima.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Em outros tempos,</div><div style="text-align: left;">Julho era festa,</div><div style="text-align: left;">De uma beleza pueril.</div><div style="text-align: left;">Inocente fantasia.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Hoje, julho foi descrença,</div><div style="text-align: left;">Carrossel de desgraças.</div><div style="text-align: left;">Ensinou com sadismo,</div><div style="text-align: left;">Não houve arcadismo.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Aproxima-se o desfecho,</div><div style="text-align: left;">Mais um fim.</div><div style="text-align: left;">Sem começo,</div><div style="text-align: left;">Um final ruim.</div>Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-42043630565947193152020-09-07T22:47:00.002-03:002020-09-07T22:47:24.968-03:00Lamento urbano<div style="text-align: left;">Ela não aprecia o que eu escrevo;<br />É de uma indiferença comovente.<br />Talvez, algum juízo de valor;</div><div style="text-align: left;">Quem sabe uma reprovação.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Eu me decifro nas palavras</div><div style="text-align: left;">E me complico nelas também.</div><div style="text-align: left;">Com as mesmas que escrevo</div><div style="text-align: left;">Eu ouço o que não digo.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Há uma profunda contradição</div><div style="text-align: left;">Em escrever o que não diz</div><div style="text-align: left;">E em dizer o que não escreve.</div><div style="text-align: left;">Afinal, para que escreves?</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Escrevo pela companhia,</div><div style="text-align: left;">Pelo soco na solidão,</div><div style="text-align: left;">Pela consciência perdida</div><div style="text-align: left;">E em busca de perdão</div><div style="text-align: left;">Ou paixão.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">De onde escrevo já não há luz,</div><div style="text-align: left;">Além da terça-feira que invade</div><div style="text-align: left;">Com cobranças</div><div style="text-align: left;">De um dia da semana infeliz.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Tenho pena das terças;</div><div style="text-align: left;">Nunca serão como as sextas.</div><div style="text-align: left;">Tenho pena dos meus sentimentos;</div><div style="text-align: left;">Nunca serão mais que momentos.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Não rimo mais,</div><div style="text-align: left;">Só lamento.</div><div style="text-align: left;">Não acredito mais,</div><div style="text-align: left;">Só invento.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Há coragem na resignação,</div><div style="text-align: left;">Aprendizado na frustração.</div><div style="text-align: left;">Sem afeto na paixão,</div><div style="text-align: left;">Só lamento no coração.</div>Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-9587028246340774172020-04-11T03:00:00.000-03:002020-04-11T03:00:29.847-03:00Prazer, este sou eu.<div style="text-align: justify;">
Dormir para quê?! Se não há com que acordar?! Nunca soube ao certo se primeiro vem a interrogação ou a exclamação.</div>
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Tenho tentado manter a promessa de não falar de política e não falar dele. A gente adoece, sabe?! Agora eu entendo como que eles ficaram durante 14 anos. Muito ódio acumulado.</div>
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Os dias parecem absurdos de tão bizarros. Eu sei quem me denunciaria à GESTAPO e quem me denunciaria aos militares. Quanta gente histérica e precisando desesperadamente de um líder supremo capaz de conduzi-las. Desejei a morte dele. Isto é feio e viola meus valores cristãos. É estranho imaginar que eles dizem ter os mesmos valores que eu. Talvez eles sejam como eu e eu seja como eles.</div>
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Eu tenho medo de dormir e acordar numa pior ainda. Acordar com má notícia é péssimo. É como dormir de sapatos; pronto para o pior.</div>
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Eu estava tão perto mais uma vez e... Dissipou-se no ar. É algo meio enigmático, como meus textos. Não sei como manter a atenção por mais do que 2 meses. É o prazo de validade do meu efeito sobre as pessoas. Não consigo durar mais do que isto. Lamentável, mas é a verdade.</div>
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<br /></div>
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Talvez o encanto esteja nos balões. Em amarrar-se a eles e atrair olhos de sorrisos e lamentos. É muito esforço para nada. Uma pesca cuja rede volta com pouco além do que sapatos e restos de tampa de privada jogada ao mar.</div>
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Dormir pra quê? Amanhã será tão bizarro quanto hoje e posso ter o azar de ter um sonho ainda mais bizarro, como se a realidade já não fosse o suficiente. Talvez, eu ainda trabalhe dormindo, o que é pior ainda, pois se acorda ainda mais cansado do que quando se deitou ou se deixou (obrigado, corretor).</div>
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É difícil lidar com o imediatismo, com a falta de planejamento, com o arianismo e com a falta de noções básicas de formação. Para se fazer entender é preciso lançar mão das mesmas armas - muitas vezes, de uma arma mesmo. Se rebaixar, jogar esse jogo insano e imbecil. "(foram) Babacas que pintaram", disse o sérvio no início dos anos 2000. Ele sabia o que dizia. Eu gosto de ouvir aqueles que sabem o que dizem, exceto quando não dizem porque sabem, mas porque querem ser ouvidos.</div>
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<br /></div>
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Neste momento eu quero ser ouvido e não sei o que digo. Faz algum sentido para você? Me tocaste como um cachorro. No sentido de tocar, botar pra fora mesmo. Algum arrependimento? Eu gostaria que houvesse, porque eu realmente não fiz nada para ser tocado assim. Não sou santo, mas também não sou pior do que eles e do que elas.</div>
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<br /></div>
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Sigo errante, me espreguiçando de porta em porta, trocando gracejos por algum afeto e sendo tocado a cada 2 meses. Ao menos restam 5 minutos. Acho que 5 minutos para 5 semanas. Ainda resta algum tempo. Talvez morram pessoas até lá, mas quem se importa, se o comércio puder abrir?</div>
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<br /></div>
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Nada mais a falar. 4 minutos e ainda tenho que escolher o título. Saudades do "qualquernegocioserve@hotmail.com". Sim, já foi o e-mail de um amigo. 3 minutos agora. Perdi 1 contando história. E perdi uns 25 falando nada. Ao menos aqui não dá pra ter expectativas e esperanças frustradas. 2 minutos. É isto. O fim. Um título pra já. Se achar que vale a pena...</div>
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<br /></div>
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O tempo</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-28792979463193227862020-01-12T12:28:00.000-03:002020-01-12T12:30:52.983-03:00Domingo<div style="text-align: justify;">
Há um escrito que foi ocultado, como nos tempos do cheiro de carne humana na brasa. A heresia nele contida foi a revelação do amor - palavra/sentimento proibido por quem não se quer deixar amar. Por respeito, fez-se apócrifo o sentimento verdadeiro.</div>
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<br /></div>
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Segue quente. Muito quente. É verão e aquela besteirada toda. Que passe o quanto antes, o sertão vire mar e isto aqui se torne uma Inglaterra de frio - como o seu coração.</div>
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<br /></div>
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É ano novo. Mas seguimos perdendo tempo. Quando acordar, já serão 22h e os braços já serão outros. Será tarde, mas as escolhas terão seus resultados. Tarde da noite, resta dormir e tentar esquecer algumas escolhas e as oportunidades perdidas por indecisão. E tentar sonhar com algo que não se viveu e que, talvez, jamais será vivido.</div>
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<br /></div>
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A vontade, como dito no apócrifo, é abraçar-lhe, beijar-lhe a testa (e que testa) e dizer que está tudo bem e que nada lhe deixarei acontecer. Isto soa bonito, puro, meio parnasiano, uma coisa rural. Mas não é o suficiente. E o que há de errado nisso? Nada. Ninguém é obrigado a ser recíproco. E quando se percebe esta verdade imutável, não se sofre e não se aprisiona.</div>
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<br /></div>
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Aliás, Belo Horizonte é uma merda. Não que tenha a ver com este texto, mas sempre que possível, é necessário que se diga, para que não haja dúvidas: Belo Horizonte é uma cidade bem bosta. Dia desses ouvi que algo "parece merda, mas é delícia". Isto não se aplica a Belo Horizonte, felizmente.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-50178771183935746132019-12-27T14:37:00.000-03:002019-12-31T18:12:45.724-03:00BlasfêmiaA ordinariedade do que é pago é um misto de destempero com ignorância - a mesma que me faz escrever "ordinariedade" ao invés de "ordinarice" ou "safadeza".<br />
<br />
A cretinice prevalece sobre a seriedade e a responsabilidade.<br />
<br />
Rio acima há uma Rondônia de emoções e uma São Paulo de solidão.<br />
<br />
O verão é a estação mais pobre - e triste. Toda aquela bobeirada padronizada de sol e praia. Ora bolas! Ao sul da linha do pecado é sol e praia o ano todo. E curvas nos catiras de uma mulher. Qual a novidade?<br />
<br />
A novidade é a frieza travestida de ingratidão.<br />
<br />
Que cada um viva sua luz e seu amargor. Só não pode vacilar. Nessa de tem sol na ponta do deque, o padre subiu aos céus levado por balões.<br />
<br />
Dizem que a beleza está na aleatoriedade, na mistura das tintas, das peles e das palavras. Também acho.<br />
<br />
Palavras ao vento.<br />
<br />
Gritos no deserto.<br />
<br />
(Me) Escreva.Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-46975209700647742272019-09-03T01:11:00.000-03:002019-09-03T01:14:55.973-03:00Ele nãoQuando dizem que não está acontecendo nada é porque algo está acontecendo.<br />
<br />
Um mistério. Não o de feiurinha. Mas um mistério.<br />
<br />
Todos eles merecem a oportunidade do "sim", inclusive mais de uma vez; ele não.<br />
Todos eles merecem momentos de doçura e de piadas com cumplicidade; ele não.<br />
Todos eles merecem o perdão e a tolerância; ele não.<br />
Todos eles merecem o interesse e o frio na barriga; ele não.<br />
<br />
A ele, cabe o compartilhamento dos momentos de incerteza, dúvida, desengano, tristeza e, amizade.<br />
A ele, cabe o ouvido e, não a boca.<br />
A ele, cabe ser compreensivo e conselheiro; não o Antônio, um antônimo, talvez.<br />
A ele, cabe o descarrego de indiferença, silêncio e ignorância.<br />
<br />
A alquimia do ser.<br />
<br />
Nele, humildade se torna vaidade.<br />
Nele, experiência se torna prepotência.<br />
Nele, qualidade se torna defeito.<br />
Nele, carinho se torna apego.<br />
<br />
Distanciamento.<br />
<br />
Em nome da proteção, recomendou-se o isolamento.<br />
Em nome da quarentena, recomendou-se a noventena.<br />
Em nome da razoabilidade, recomendou-se o extremismo.<br />
Em nome da fidelidade, recomendou-se a promiscuidade.<br />
<br />
Fome.<br />
<br />
Um Big Mac de indignação.<br />
Um peroá de rejeição.<br />
Uma paçoca de frieza.<br />
Uma lasanha de frustração.<br />
<br />
Não queira ele ser eu.<br />
<br />
Eu não.Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-72220578181822645042019-07-22T23:26:00.001-03:002019-07-22T23:29:09.826-03:00Em silêncioHá vida no silêncio.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
E desejo. Desejo de que o apocalipse se concretizasse de modo repentino, sem aviso prévio, sem anticristo e tudo mais. Que o céu pudesse se abrir e ceifar toda essa gente que vive em e de desgraça. Sei que eu iria junto para o inferno, mas se sadismo é pecado, eu ao menos teria o prazeroso pecado de ver certas pessoas sofrerem. Em meio ao caos do apocalipse, me restaria um sentimento de justiça, de dever cumprido, uma contraditória leveza da alma, enquanto me afastaria gradativamente da beleza da divina luminosidade celeste rumo aos confins dos porões do inferno.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu queria o apocalipse, ainda que ele pudesse custar minha vida.</div>
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É a escolha mais covarde entregar a Deus e aos anjos a esperança e a humanidade que não somos capazes de concretizar. Não me importaria de ter meus projetos interrompidos pelo repentismo do juízo final. Aliás, até gostaria.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas enquanto o apocalipse não vem, resta o silêncio; a indiferença. Não a desistência. Nada a falar, nenhuma vontade de provocar. O coração nem balança.</div>
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<br /></div>
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O silêncio e a indiferença; quanto aos rumos do país, quanto às escolhas alheias, quanto aos sentimentos. Aliás, no silêncio há mais instinto do que sentimento. O instinto de sobrevivência que se sobrepõe a tudo que possa representar perigo. O silêncio instintivo que anseia por previsibilidade, por segurança e que não se sujeita ao vexaminoso constrangimento que um "não" afetivo é capaz de proporcionar. O instintivo silêncio de quem só quer andar na linha e se auto-preservar, tentar chegar até o final sem se pôr a pensar sobre qual final.</div>
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<br /></div>
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Seguir. Com a força do preto. Sem modismo ou rock and roll. Só preto. A imponência e a presença de quem se põe em preto. No silêncio do preto não tem mimimi, sacanagem ou deslealdade; há só seriedade. Há vida.</div>
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<br /></div>
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As tristezas do coração são como esterco. Fazem florescer a alma. Num jardim de sentimentos não correspondidos, a indiferença é a chuva que faz a alma frutificar. Não há nada que seja digno de se falar, nem convite que seja merecedor de se arriscar. É preciso silenciar, não se constranger, não se envergonhar. Se para sorrir depois é preciso chorar antes, melhor não querer sorrir, para não ter que chorar.</div>
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Não falar, não escrever. </div>
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<br /></div>
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Delirar.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-6595266773005522832019-06-02T21:47:00.002-03:002019-06-02T22:13:01.542-03:00Tokyo<div style="text-align: justify;">
Não haverá Tokyo em 2020. Aliás, não haverá 2020, 2030 e nem 2045, talvez só no Tesouro Direto.</div>
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<br /></div>
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Desta vez, não há que se falar em "treinei muito para ser roubado" e nem em roubo, afinal, não é possível ser roubado daquilo que nunca existiu ou daquilo que nunca se teve nem mesmo a posse. Mas eu me sinto roubado. Por um artista, talvez, ou somente por um cara legal com nome de flor. Ele não! Puta que pariu. Requintes de crueldade. Roubado daquilo que demorei para decidir e sonhar. Em minha alardeada prepotência faltou somente uma semana. Quiçá um mês. Mas faltou.</div>
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<br /></div>
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Nas últimas semanas era tão comum em minhas manhãs como respirar. Um costume, uma mania, o desejo de ver com meus olhos como as coisas caminhavam. Olhos grosseiros procuravam os quilos que prometiam sumir de modo promissor, enquanto os miolos pensavam como seria ser o pai de um Kataguiri. Paguei pela canalhice.</div>
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<br /></div>
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Quando decidi, perdi. Justo. No futebol é assim, a bola pune.</div>
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<br /></div>
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O que resta? Nada, talvez. Resta a dignidade de ser. E ser já é coisa pra caralho. Às vezes, resta isto: Ser. Um ser eu mesmo. Solitário. Resignado. Cumpridor de meus deveres e disposto a fazer o que precisa ser feito a maior parte do tempo. Previsível. Prepotente. Às vezes, muitas vezes aliás, fazer o que precisa ser feito é insuficiente. Erramos mais do que acertamos a maior parte do tempo, mas quem é capaz de saber o que é o certo quando todos estão perdidos?</div>
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<br /></div>
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Estou meio triste. É uma tristeza bandida, daquelas que se sente quando se sabe que é culpado. Dizem que quando o réu é culpado, ele chora. Eu só queria beber. Talvez com a garota mais organizada que eu já conheci na vida. Não sei exatamente o porquê. Só queria talvez não beber sozinho.</div>
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<br /></div>
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Parece que faltou tão pouco. Foi como perder o ônibus quando se estava prestes a conseguir embarcar nele, mas ciente de que o culpado pelo atraso fui eu. Talvez eu devesse estar feliz. Mas me falta um pouco desse altruísmo afetivo. Me resta parar de ver, como já fiz tantas outras vezes para esquecer. Mas quando assim é, me falta maturidade e passo a nutrir uma indiferença daquelas desumanas. Sem Tokyo, ainda me resta uma busca branca a cada novo amanhecer, a qual ainda busco com os olhos por alguma razão prepotente ou sadomasoquista que nem eu consigo entender.</div>
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<br /></div>
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Talvez, "talvez" seja a palavra mais usada neste texto. Talvez eu só devesse viver minha vida e deixar as pessoas em paz. </div>
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<br /></div>
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Não haverá Tokyo. Assim como não houve e não haverá outras. </div>
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<br /></div>
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Às vezes, para não dizer talvez, é chato precisar ficar sóbrio no momento em que mais se precisa não estar.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estou triste e não tenho uma Bud para beber.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-1335011027397631102019-03-03T02:07:00.000-03:002019-03-09T10:41:57.554-03:00Desonra<div style="text-align: justify;">
Com um longo delay, enfim assisti o filme "O último samurai", o qual inspirou o assunto desta postagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em tempos de relativização, a própria ideia de honra tornou-se fluída. Em alguns momentos parece até que as pessoas não se preocupam em ser honradas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como o filme demonstra, a ideia de honra e de vergonha andam diretamente atreladas, surgindo assim a ideia de que nos desonra aquilo que nos envergonha profundamente. O problema é que se sentir profundamente envergonhado é algo muito subjetivo, sendo que nem sempre aquilo que considero uma grande vergonha é também para outra pessoa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto me faz pensar que, no fim das contas, só sabemos o que nos desonra quando paramos para pensarmos com nós mesmos quais são os nossos valores e limites. Ocorre, entretanto, que nos tempos atuais não temos tanto tempo para visitarmos nossa própria consciência, de modo que não raro as pessoas não se sentem desonradas até que venham a vivenciar uma experiência realmente digna de todo o pudor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tento fugir dessa ideia, mas é recorrente em meus pensamentos o sentimento de que as pessoas levam vidas completamente afastadas de qualquer honra, dispostas a tudo e muito pouco sujeitas a constrangimento. Isto muda quando falamos dos tribunais, onde muitos se "sentem" extremamente sensíveis e portadores de grande honra quando o assunto é uma potencial indenização por danos morais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, as pessoas não parecem ter a necessidade de manter a palavra por honra ou tampouco de assumirem publicamente seus erros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto em "O último samurai" um guerreiro é capaz de tirar a própria vida diante de uma profunda desonra, hoje somos capazes de tirar da própria vida qualquer ideia de honra, de modo a facilitar a tomada de decisões.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Penso que ser honrado é saber o limite da sua vergonha, envolve autoconhecimento, autocrítica e paz interior. Saber o que me desonra é libertador e pacificador.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Costumo dizer à minha mãe que se um dia eu cometer um crime, ela não terá a desonra de me ver mentir, pois irei assumir o que eu tiver feito. Minha honra envolve não negar meus erros e assumi-los, envolve não mentir e ter a paz de que não há nada mais a esconder. Esta seria a maneira de eu recuperar minha própria dignidade diante de um mal feito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas esta é a minha medida da honra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não é possível impor nossos padrões honrosos a terceiros, esperar que os outros ajam com um padrão ético pessoal similar ao nosso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Falar de honra às vezes parece papo de gente hipócrita, que não reconhece suas falhas morais e que busca apontar desvios nos outros. Não cabe aos outros medir nossa honra e nem nos atribuir desonra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que eu realmente aspiro é que as pessoas de fato tenham alguma honra, algum limite moral e senso crítico sobre si mesmas, de modo que consigam evoluir como pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No fim das contas, saber o que nos desonra é necessário para guiar algumas de nossas escolhas na vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sei o que me desonra e é no sentido contrário disto que eu devo guiar minha vida, para que eu possa viver com mais paz e sem fantasmas.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-55113973353682135622019-01-03T11:46:00.001-02:002019-01-03T11:46:52.015-02:00Sara<div style="text-align: justify;">
<i>Malandro não para, só dá um tempo...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mundo anda muito chato ultimamente. Aliás, as pessoas andam muito chatas. Histéricas demais, mais precisamente. Um absoluto descontrole. Gritos, rosnados, mordidas, tiros e tudo mais que seja ariano e impulsivo. Um saco.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As pessoas andam muito extremas, armadas com pistolas ou balanças de julgamento nas cinturas. Primeiro atiram e depois julgam.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Perdi um pouco do encanto de escrever, de debater, de ensinar e (porque não) de aprender. Tudo anda muito à flor da pele. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Voltamos aos tempos em que as pessoas acreditam em ameaça socialista, em necessidade de combater a expansão dos costumes e ideologias que ameaçam a família. Eu realmente ando sem paciência para conversar com essa gente sobre sociedade/política. Não consigo. Simplesmente não consigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Comprei uma piscina de plástico e coloquei na varanda do meu apartamento. Não quero saber de mais nada. Só me interessa assistir mesas redondas de futebol e conversar sobre amenidades.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por menos praia e mais educação. Menos sol e mais inverno. Os tempos de frio ensinam e os dias de calor desatinam. Talvez seja isto: o aquecimento global queimou nossos miolos e elegemos um cara teimoso e retrógrado. Odeio gente teimosa. Na teimosia falta humildade, sobra orgulho e extremismo e escolhas impulsivas. Mas o que é a vida senão uma sucessão de escolhas burras? O problema é quando nós é que precisamos suportar as consequências das escolhas burras do outros e, pior, ter que corrigi-las.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um <i>freak show</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estou me tornando, além de velho, um cara chato e azedo. Mas um cara azedo doce, tipo agridoce (aliás, odeio molho agridoce), para o qual as pessoas ainda olham com olhos de carinho e ternura. Esta é a minha salvação, saber que as pessoas ainda gostam de mim e, inclusive, me leem. Inclusive, se eu pessoalmente te falei deste blog é porque gosto muito de você e confio meus sentimentos e pensamentos a você. Não que seja uma honra, mas uma mostra de profundo respeito e consideração por sua pessoa, afinal, não me interessam os holofotes, elogios e etc em torno do que escrevo por aqui. Em tempos de extremismo, ter alguém com quem compartilhar nossos pensamentos, sem medo de tomar um tiro ou ter o coração pesado na balança de Anúbis, é uma honra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas escrever tornou-se subversivo, coisa de ideologia marxista. Então tenho dedicado meus dias a trabalhos braçais, mesas redondas de futebol, pornografia e ao estudo adestrado para concursos. Daqui a pouco, vou capinar um quintal, pela honra do meu querido Brasil. Então não me julgue e não me espere para o próximo texto, porque pode demorar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Brasil!</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-22090142229537879772018-12-13T00:28:00.000-02:002018-12-13T00:59:37.188-02:00Amanda<div style="text-align: justify;">
Hoje é dia de texto "choro no banho". Uma "fraquejada", como andam dizendo por aí.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há um ano e um mês eu escrevi um dos <a href="http://meuspensamentosabstratos.blogspot.com/2017/11/me-deixe-sofrer.html?m=0" target="_blank">textos</a> mais polêmicos deste blog, na impulsividade de um teclado de celular, deitado em um sofá de uma sala escura da casa de um amigo, numa madrugada de domingo para segunda.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu poderia apenas ter ido dormir na cama, mas não... Insisti em ficar escrevendo no breu, na telinha de um celular. Fiz merda. Fui babaca, em alguma medida. Chateei talvez a garota de quem eu mais gostei nos últimos anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje penso que fui vaidoso de certo modo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se nada acontece, eu também tenho culpa. Muita culpa, talvez. Quem sou eu para me julgar uma "escolha excelente"? Quem sou para me julgar um não-babaca? Fui presunçoso. Quem sou eu para me julgar um cara legal?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquilo que considero virtudes pessoais podem ser grandes defeitos na visão alheia. E foda-se. Como disse um amigo meu um tempo atrás, somos babacas grande parte do tempo e estamos em constante luta para tentar não sermos. No fim, é meio isto. Sou mais um babaca, preconceituoso...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não sou uma escolha melhor. Talvez só uma escolha como as demais. Demorei um pouco a entender isto, porque isto envolve autocrítica e parar de acreditar naquele papo de "você é tão legal, tudo que eu sempre busquei, mas não vai rolar". Tenho me incomodado cada vez menos com as recusas, me recuperado com uma estranha celeridade. Isto me faz sentir-me meio babaca e descrente, mas ao mesmo tempo me sinto mais forte. Menos humano, talvez.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais cabeça de gelo, mais "foda-se" e menos sentimento. Uma pena, em alguma medida. Nos últimos 3 anos saí de dentro de minha concha e me ofereci às pessoas, de peito aberto, com intensidade. Tudo está dando certo na vida, resolvi tentar tornar esse "tudo certo" em algo ainda mais completo, alcançar a fronteira final: minha vida afetiva. Fiz coisas que nunca antes tinha tido disposição em fazer. Me empenhei em tentar. Por 3 anos eu resolvi buscar a satisfação afetiva em detrimento das demais. Não busquei "o amor da minha vida". Busquei envolvimento afetivo, misturar as tintas. Falhei, como no aprendizado do inglês. Falhei. E na vida se falha.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando se falha, é preciso investigar os motivos. Quando eu penso que estou sendo legal, eu posso estar sendo chato. Quando penso que estou sendo flexível, eu posso estar limitando a liberdade alheia. Quando penso que estou tocando o coração das pessoas, eu posso estar sendo um "romântico" inoportuno. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Preciso pensar. Entender. Aos 13 anos, pedi um beijo e ganhei um beijo dentro do ouvido. Me retirei de qualquer vida afetiva por 12 anos e só voltei aos 25 anos de idade. Nos últimos 3 anos eu realmente fiz da vida afetiva uma das minhas prioridades, após ignorá-la por anos focado em outros projetos. Eu quis desta vez ter uma vida assim. Quis e tentei. Mas não deu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Falhei novamente. Tentei tocar o coração das pessoas. Toquei somente o coração que eu não poderia tocar. O resto foram recusas. Recusas justas, afinal. Agora entendo. Me vejo como um homem comum, repleto de defeitos como os demais. Nada de "escolha excelente".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não dá para continuar falhando sem parar para refletir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez seja hora de se retirar novamente e deixar pra lá esse negócio de vida afetiva. Me repensar como pessoa. Só voltar quando for hora. Estudar, trabalhar... Levar uma vida como era antes de eu me oferecer às pessoas. Neste momento, sinto que talvez seja a hora de voltar para dentro da concha, do meu mundinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não estamos neste mundo para ser a escolha "suficiente" ou "excelente" de alguém. Tudo que quero é ser um cara cada vez mais honesto e decente. Se eu for honesto e decente, vou sentir-me bem diante do mundo, sendo ou não a escolha de alguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquela garota, hoje namora. Mudou de planos sobre namorar, ao que parece. Ou talvez o problema estivesse só em mim mesmo. E se for isto, eu tô muito de boa com isto. Porque hoje consigo ver o quanto sou falho. Enfim! Invejo um pouco o cabra que conseguiu tocar o coração dela. Mas e daí? Quero que ela seja feliz. E eu preciso parar de invejar aquilo que não fui capaz de conquistar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vou sossegar, viado. Estudar e trabalhar. Tentar ser honesto e decente.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-76726147425042993872018-12-08T15:38:00.000-02:002018-12-08T15:44:04.703-02:00Sad dog<span style="font-family: inherit;">Prefiro os cachorros tristes;</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Aqueles de orelhas caídas,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Olhar perdido</span><br />
<span style="font-family: inherit;">E latidos mudos.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><span style="font-family: inherit;"></span><br />
<span style="font-family: inherit;">Instintos sob controle,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Bestialidade castrada,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Impulsividade contida</span><br />
<span style="font-family: inherit;">E tristeza em vida.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Nem todo cabra está pronto para viver o preto.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Há virtude na tristeza</span><br />
<span style="font-family: inherit;">E coragem na resignação.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><span style="font-family: inherit;"></span><br />
<span style="font-family: inherit;">Respeito a falta de vida,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">A monotonia escolhida,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">A desolação sentida,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">A solidão.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><span style="font-family: inherit;"></span><br />
<span style="font-family: inherit;">Me atrai o silêncio,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">A paz negra,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">A alegria triste</span><br />
<span style="font-family: inherit;">E a escrita suja.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><span style="font-family: inherit;"></span><br />
<div style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; margin: 0px; text-align: left; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Vejo bravura em Cash,</span></div>
<div style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; margin: 0px; text-align: left; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Em ser o que se é:</span></div>
<div style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; margin: 0px; text-align: left; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Um solitary man,</span></div>
<span style="font-family: inherit;">A man in black.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"></span><span style="font-family: inherit;"></span><span style="font-family: inherit;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/-OVHnWyDmdw/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/-OVHnWyDmdw?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-54162480049851502382018-12-01T03:22:00.000-02:002018-12-01T03:22:10.651-02:00Ana Marcela<div style="text-align: justify;">
É preciso buscar nas pessoas o que elas têm de melhor. Aliás, não é preciso necessariamente buscar, mas conseguir enxergar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não há inverno que dure para sempre e nem pessoas sem qualquer qualidade. Assim como as estações se alternam a cada 4 meses, as pessoas mudam, mas em uma frequência maior. Os quereres de agora não são mais os quereres de anos, meses, dias ou até mesmo de horas atrás. Somos "metamorfoses ambulantes". Estamos mudando a todo o tempo, ainda que com diferentes velocidades.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por mais corrompidas e viciadas que as pessoas possam aparentar ser ao nosso subjetivo julgamento, todas elas trazem em si qualidades. Saber descobrir, conseguir enxergar e bem utilizar estas qualidades é um grande, porém, delicioso desafio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alguém já disse, em algum lugar, que um desafio é um problema que escolhemos ter, ao passo que um problema é um desafio que não escolhemos ter. Decifrar as pessoas deve ser visto como um desafio. Um desafio que se renova na metamorfose dos anos, meses, dias e horas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dispor-se as explorar as qualidades do outro é, em alguma medida, um exercício de humildade, de reconhecimento das potencialidades que o outro pode ter.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em um mundo onde tudo é cada vez mais relativo (para o bem e para o mal), às vezes é preciso relativizar aquilo que vemos como defeito para, só assim, conseguir enxergar qualidades no outro. O preconceito cega e impede que consigamos enxergar o que as pessoas podem ter de bom.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Óbvio que todos nós temos nossa própria régua daquilo que julgamos ser um defeito ou uma qualidade e do quanto algumas características alheias podem nos parecer inaceitáveis/insustentáveis. Mas por mais paradoxal que isto possa parecer, é preciso enxergar além do "dark side of the moon" das pessoas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em uma sociedade cada vez mais individualista e vaidosa, tendemos a buscar primeiro os defeitos alheios do que suas qualidades. Talvez inclinados pelo senso contemporâneo de que o inferno são os outros. Em verdade, somos todos céu e inferno, sol e tempestade. Fechamos os olhos ao que as pessoas têm de brilho e buscamos avidamente pelo o que elas têm de trevas e de menos notável. Talvez por um senso de sobrevivência, de busca por proteger-se do outro, ou então, também pode ser um reflexo de nossa necessidade de, ainda que implicitamente, buscarmos nos afirmarmos como superiores em uma sociedade onde tudo é cada vez mais concorrido e sujeito a likes e dislikes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Costumo dizer que a história é escrita pelos "vilões" e pelos "malvados" e que os homens "bons" não marcam a história. O que as pessoas apresentam e fazem de ruim parece ter um impacto muito maior sobre nós do que aquilo que elas fazem e são de melhor. As lembranças e a história, assim como o noticiário, tendem a buscar as coisas ruins em detrimento das coisas boas; assim, ficamos sempre com a sensação de que as pessoas e o mundo são mais ruins do que bons. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ora, a mesma humanidade que produziu armas de destruição em massa foi a humanidade que encontrou diversas curas para salvar mais vidas do que as armas são capazes de ceifar diariamente. A mesma humanidade produziu Jesus Cristo e Adolf Hitler. Cabe a nós escolher qual lado estaremos mais dispostos a enxergar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma vez, em um rápido papo de viagem de ônibus, perguntei a um colega de trabalho como ele percebeu e decidiu, de certa forma, que a esposa dele era a mulher com quem ele queria construir uma vida a dois e ter filhos. Em resposta, ele me disse, em suma, que todas as pessoas têm muitas qualidades e defeitos e que a esposa dele foi a pessoa com quem ele se relacionou cujos defeitos menos lhe incomodaram e mais eram toleráveis. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ou seja, ele escolheu sua esposa, em alguma medida, sopesando o quanto os defeitos dela eram menores do que os de outras pessoas, segundo o padrão estabelecido pela régua pessoal dele. Achei este ponto de vista intrigante. Óbvio que ele avaliou as qualidades dela, mas os defeitos tiveram um papel primordial no processo de escolha. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para entender este raciocínio, cheguei à conclusão de que, no fim das contas, ele relativizou os defeitos dela a ponto de eles tornarem-se pouco relevantes e as qualidades se sobressaírem. E aí tudo fez sentido para mim e corroborou minha ideia de que para ver as qualidades não precisamos ignorar os defeitos, mas não deixar que eles ofusquem o que as pessoas podem guardar de melhor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso escolher um referencial: enxergar com mais interesse o que as pessoas apresentam de melhor ou aquilo que elas apresentam de pior.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O relevante é o ponto de encontro entre tudo aquilo que somos e aquilo que efetivamente interessa às pessoas. Então, se aquilo que interessa ao outro é o que temos de defeitos, o que nos tornará relevante ao outro será aquilo que somos de ruim, e não todo o resto que temos de bom. Daí a importância de percebermos, o quanto antes, qual referencial temos buscado nas pessoas, para que saibamos o que tornamos relevante nas relações humanas e possamos mudar o referencial adotado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No fim, somos todos imperfeitos e falhos. Somente quando nos damos conta disto é que passamos a dar valor e a respeitar as virtudes alheias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mundo é bão e as pessoas também.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-3942626364270692022018-11-24T21:37:00.000-02:002018-11-24T21:55:13.891-02:00Maria Sofia<div style="text-align: justify;">
Amanhã, na alvorada do dia, vou para meu julgamento racial. Quis o destino que o tribunal fosse no mesmo lugar onde tudo se tornou possível, atrás dos muros do local que mudou minha vida, para sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas não é de cor, de raça (no sentido de força criativa) ou de "choro no banho" que venho falar desta vez. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Venho falar de humildade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Meu julgamento racial me fez pensar no quanto hoje somos tão bélicos, tão conflitantes e pouco dispostos a aceitar decisões e escolhas sem recorrer. Além do senso crescente de irresponsabilidade que torna ninguém responsável por nada, vivemos uma época em que ninguém aceita nada. E isto, muitas vezes, é fruto de um orgulho fudido que cega as pessoas e faz com que elas não tenham humildade de reconhecer que podem não estar certas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto se reflete em todas as áreas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na Era da Informação, todo mundo se sente meio dono da razão e do conhecimento, capaz de, muitas vezes sem embasamento algum, não aceitar as decisões/opiniões daqueles que têm muito mais conhecimento sobre algo do que nós mesmos. Recorre-se até sem saber do quê, muitas vezes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não se respeita o conhecimento alheio. Não se aceita a opinião alheia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto, a meu ver, é uma puta falta de humildade. Ser humilde não é tudo aceitar sem questionar, mas reconhecer que não temos todo o conhecimento, que estamos errados e os outros estão certos em diversas ocasiões. Óbvio que temos nossos portos seguros, aqueles assuntos dos quais somos profundo conhecedores. Porém, mesmo esses assuntos, não sabemos tudo. Precisamos estar abertos a ouvir e, principalmente, a aprender.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando uma pessoa perde a capacidade de ser humilde, ela perde a capacidade de aprender. E quando se perde a capacidade de aprender, se perde a capacidade de evoluir como ser humano e tornar-se melhor. Não sei se a origem da palavra "humildade" é a mesma da palavra "humano", mas penso que muito perdemos de nossa humanidade quando nos deixamos levar por um orgulho cego, por uma vaidade inconsequente e por um enganoso senso de superioridade. Ninguém perde tanto com o orgulho desmedido como nós mesmos. Ser orgulhoso nos torna fechados ao outro, nos fecha ao conhecimento que não temos, nos fecha ao mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Não digo só sobre respeitar o conhecimento alheio. Digo também sobre respeitar a autonomia do outro em sua vida. Quem somos nós para avaliar o acerto ou o desacerto das decisões que as pessoas fazem em suas vidas? Claro que muitas vezes já passamos pela mesma situação e nos sentimos mais experientes e sabedores do que o outro sobre uma decisão de vida, mas as vidas são tão singulares , diferentes umas das outras, que qualquer avaliação sobre o que o outro escolheu fazer de sua vida deve trazer em si a humildade do reconhecimento de que podemos estar errados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma vez, em um debate virtual com um ex-colega de escola, ele escreveu para mim, com o horrendo capslock: "ERRADO! 100% ERRADO!". Deus! Como alguém pode realmente pensar algo assim sobre qualquer coisa acima da terra e abaixo do céu? Como alguém pode ter tanta convicção sobre alguma coisa? Nem sobre nós mesmos somos capazes de ter convicções 100% certas. Quanto mais sobre temas que envolvem divergência de conhecimento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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O mundo precisa de mais humildade. Isto é uma forma de respeito ao outro. Se tudo se sabe, nada faz muito sentido em nossa existência terrena. Deve ser difícil ser Deus. O não saber move, motiva, incentiva. O mundo precisa disto. A humanidade precisa disto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma vez, ao perguntar a profissão de uma pessoa para quem eu prestava meu serviço jurídico, esta pessoa me respondeu um nome de profissão bem estranho, que nem lembro ao certo. Algo do tipo "auxiliar de frios". WTF? Óbvio que perguntei a ele o que um "auxiliar de frios" fazia. Ele ficou emotivo com minha curiosidade, com meu interesse em entender uma profissão tão simples, que consiste em organizar produtos gelados nas prateleiras de supermercados. Tentei explicar para ele que todo conhecimento é válido e que o que ele sabe fazer, eu, com meus 5 anos de universidade, não tenho a menor ideia de como fazer. Tentei explicar para ele que não há hierarquia no saber e que é preciso haver respeito entre os diferentes conhecimentos. Há cerca de um mês eu sequer sabia calibrar um pneu de carro, um conhecimento simples para alguns, mas que eu dependi de um amigo para me acompanhar, me ensinar e eu aprender.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Saberes diferentes não se hierarquizam, mas se complementam e se trocam.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vida é uma constante troca, inclusive de conhecimento. E isto torna a vida solitária algo incompatível com a essência do que é ser humano.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso humildade para entender que não sabemos tudo, que há coisas que não somos capazes de resolver ou entender sozinhos e que as escolhas/decisões do outro não são passíveis de serem julgadas com certeza de acerto por nossas convicções pessoais.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vida flui com mais tranquilidade quando se aprende a aceitar que o outro pode deter conhecimentos que não temos. A vida flui com mais tranquilidade quando se aprende que o outro pode ser aquilo que não somos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Amanhã, aceitarei qualquer julgamento racial, sem recorrer.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-43027329266624247372018-11-20T22:12:00.000-02:002018-11-20T22:12:03.998-02:00Por onde andam?<div>
Os criminosos</div>
<div>
Que roubam, </div>
<div>
Mas não matam,</div>
<div>
Que poupam o trabalhador.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Os juízes</div>
<div>
Que sentenciam,</div>
<div>
Mas não julgam,</div>
<div>
Que evitam o clamor.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Os religiosos</div>
<div>
Que ajudam,</div>
<div>
Mas não discriminam,</div>
<div>
Que perdoam no Senhor.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div>
Os médicos</div>
<div>
Que salvam,</div>
<div>
Mas não mercantilizam,</div>
<div>
Que curam a dor.</div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Os profissionais</div>
<div>
Que trabalham,</div>
<div>
Mas não enganam,</div>
<div>
Que honram o labor.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Os casais</div>
<div>
Que beijam,</div>
<div>
Mas não postam,</div>
<div>
Que amam com ardor.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div>
As mãos</div>
<div>
Que tocam,</div>
<div>
Mas não afastam,</div>
<div>
Que abraçam sem pudor.</div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div>
As mulheres</div>
<div>
Que transam,</div>
<div>
Mas não ignoram,</div>
<div>
Que acreditam no amor.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Por onde você anda?</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-35953439973550221302018-11-17T03:57:00.001-02:002018-11-17T15:27:22.324-02:00Desconexo<div style="text-align: justify;">
São quase 3 da manhã. Mas eu estou cheio de pensamentos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aos 18 anos eu era um "monstro", capaz de comer uma parede de concreto para encontrar uma saída e mudar de vida. Eu parecia maduro para caramba, nada me abalava além do espírito de sobrevivência que me fazia ser capaz de morder um cachorro se isto fosse necessário para sobreviver. Eu era um guerrilheiro que só tinha em uma munição a sua chance de dar certo. Era preciso guardar bem a munição e não desperdiçar o tiro. E foi a maturidade imatura dos meus 18 anos que me salvou de hoje não estar desempregado e distribuindo currículos para ser qualquer coisa em qualquer lugar. Não que isto seja um demérito, mas é um resultado de que algo deu errado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando olho para 10 anos atrás, penso no quanto eu era maduro e imaturo. Eu só queria ter uma chance de sobreviver e tudo girava em torno disto. Lembro de ter ido uma única vez a uma boate, numa matinê com 15 anos. Só Deus sabe o quanto eu tive medo de gastar aqueles 20 reais. A primeira vez que beijei uma mulher foi aos 25 anos de idade. E eu ainda perguntei se podia beijá-la. Céus! Antes disso não dava, eu estava ocupado demais em sobreviver. O que não me torna fonte de orgulho para ninguém. Aos 13, também pedi um beijo. Mas ganhei um beijo dentro do ouvido. Meio nojento. Frustrante, aliás. Saí de cena e só voltei 12 anos depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O coração de uma mulher é um oceano, repleto de segredos e desejos profundos e obscuros. Já a cabeça de uma mulher é um universo, repleto de possibilidades e sempre em expansão. Às vezes é difícil gostar das mulheres. Eu só queria que o encanto que vez ou outra desperto nelas durasse mais do que 2 meses. Nunca passa disto. É meio cabalístico. Talvez eu não consiga ser mais do que sou por mais de 2 meses. Esta fraqueza me dói em alguma medida. Ainda não sei o que me torna tão fugaz para as pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não gosto que nada me escravize. Quando bebo, me sinto escravizado. Hoje não bebi. Mas fui a uma festa do caralho. Ninguém sóbrio me chamou para dançar. Eu só quero dançar no começo da festa, quando eu e todos os demais estão sóbrios, mas ninguém quer dançar. Depois que todos estão bêbados, inclusive eu, eu não quero mais dançar, me contento em ficar risonho. A bebida escraviza, mesmo quando não é vício. Escraviza porque você começa a beber sem nem saber mais ao certo porque bebe. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu nunca tive nem curiosidade em usar qualquer droga. Eu só tinha uma munição a gastar para sobreviver e o vício em qualquer droga, inclusive lícita, poderia roubar meu ímpeto de sobrevivência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso algum controle sobre o desejo, senão todo dia vira dia e não há corpo que aguente. Perder o controle sobre os desejos é a coisa mais impulsiva que alguém impulsivo pode fazer sem se dar conta de que é impulsivo. Todo dia parece ser dia de saciar o desejo. O corpo padece e a mente não percebe. Entra-se em estado de autofagia, de automutilação. É um matar-se diariamente de modo bem retardado, por sinal. Elas nos destroem aos poucos e silenciosamente. Eu precisava sobreviver. Então nunca quis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não gosto que nada me escravize e o desejo por algo é escravizante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nada com nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estou desconexo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E solitário. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em geral, não sou contra ser solitário. Mas às vezes é bem <i>bad.</i> Ter o outro obriga a gente a organizar as ideias para verbalizá-las. Não ter o outro torna nossa própria voz um monólogo. Agora que sobrevivi, eu preciso do outro. Sinto a necessidade. Uma puta fraqueza. Ou uma fraqueza puta. Nada contra as putas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aliás, vontade de socar cada cara puto. Por causa dos putos, somos todos canalhas. Por causa dos babacas, somos todos "machos escrotos". Por causa dos tarados, somos todos iguais. Fodam-se todos vocês. Somos todos homens, menos alguns. Dá trabalho ser homem em meio a um mundo de tanta descrença no homem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nunca se sabe quando tocamos de verdade o coração das pessoas. As lágrimas revelam isto no mundo material algumas vezes, mas nem sempre. E isto é bem estranho. Tocar o outro é algo que transcende o mundo material, o contato de peles e as mononucleoses das bocas vazias que beijamos nas madrugadas frias. Tocar de verdade o outro é uma sensação única. Cada coração é precioso e cercado de defesas. Quando alguém baixa a guarda, é lindo demais. Eu acho isto humano pra caralho. Mas nem sempre isto é muito claro. E isto deixa uma insegurança da porra. Deixa aquela dúvida se, no fim das contas, não se está sendo invasivo, um babaca ou um trouxa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas no fim, quando se quer tocar o céu do outro, se é humano. E por mais que isto não pareça, as verdadeiras sensações humanas estão em extinção, inclusive o amor. Porque amar envolve não ser individualista e, hoje, tudo o que não queremos é ter nossas liberdades ameaçadas. Melhor a superficialidade do que é breve do que a intensidade do que permanece e é recíproco. É preciso confiar no poder da reciprocidade e baixar a guarda.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Atiro contra tudo às 3h41 desta manhã. Porque não sei o que fazer quando a preocupação maior não é mais apenas sobreviver.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-36839889283740803562018-11-10T22:26:00.000-02:002018-11-10T22:45:06.047-02:00Da vaidade<div style="text-align: justify;">
Tudo é vaidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim diz a Bíblia em uma de suas passagens.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo é vaidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje mais do que nunca.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tempos de egocentrismo, de culto à própria imagem e ao próprio corpo, maximizado pelas redes sociais. Como escrevi há alguns anos, atualmente <a href="http://meuspensamentosabstratos.blogspot.com/2010/07/you-only-live-twice-ainda-nao-ilustrado.html" target="_blank">temos duas vidas: uma real e uma virtual</a>. E a vida virtual é uma vida expositiva, na qual nos expomos e estamos 24 horas por dia acessíveis para sermos vistos e pesquisados. E isto é tentador.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As redes sociais aguçam nossa vaidade. Aos nos exporem, elas nos dão holofote, nos dão um destaque que a vida real só nos dá, em geral, em momentos de grandes feitos pessoais, em datas comemorativas ou quando fazemos alguma merda daquelas. As redes sociais alimentam nosso senso de importância, criam a sensação de que coisas insossas de nossa vida têm relevância e de que existem pessoas interessadas em saber o que andamos fazendo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto pode ter um lado bom, como ajudar a desarmar a bomba depressiva daquelas pessoas que acham que sua vida não tem qualquer importância. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas esta exposição e interação excessiva tem muitos lados ruins. E é isto que eu, no meu azedismo solitário, quero pontuar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As pessoas andam cada vez mais vaidosas, interessadas em saber a repercussão que suas postagens nas redes sociais terão. Querem saber quem irá curtir suas fotos, quem irá comentar nelas. As pessoas passaram a gostar da sensação de serem visualizadas, contempladas e objeto de atenção. Todos tornaram-se artistas em alguma medida. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O artista é um vaidoso por natureza, porque tem necessidade de ter sua arte apreciada, ainda que somente por algumas pessoas. Nem sempre quer reconhecimento ou ser compreendido, mas sempre quer ter sua arte apreciada por alguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quem posta fotografias pessoais em rede social não marca a opção "postagem disponível somente para mim". Marca, na pior das hipóteses, a opção "postagem disponível somente para meus contatos". Quer ser apreciado. Se não tivesse este desejo, não postava ou, na pior das hipóteses, postava e nem olharia depois quem curtiu/comentou/interagiu com a postagem (como quem dá um tiro e sai correndo, sem nem olhar para conferir se alguém viu, foi atingido ou se algo aconteceu - o famoso "foda-se"/"caguei").</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quem posta, sente-se artista, em alguma medida. Posta por vaidade, pelo desejo de ter sua vida acompanhada por alguém (ainda que não se saiba ao certo por quem). Mas vaidade é uma merda, porque reconhecimento e protagonismo viciam. E aí, até aquela xícara fria de café ralo vira foto, postagem e objeto de curtidas e comentários. Faz bem ao ego ter seu dia apreciado por alguém, demonstra importância pessoal. É importante saber que alguém se interessa pelo o que fazemos, mas tudo que é em excesso não faz bem (nem o sexo - talvez).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vaidade corrompe, como a fama. Perde-se um pouco o senso daquilo que realmente é merecedor de importância e de valorização. Passa-se a dar um peso anormal para o que é fugaz e superficial. A vaidade alimenta nosso egocentrismo, mexe com nossos valores. Em geral, pessoas muito vaidosas não são agradáveis, nem sequer prestam muita atenção no que dizemos, exceto quando é um elogio sobre elas mesmas. As redes sociais alimentam essa "antipatia", fortalecem nossa proximidade com aquelas pessoas que estão sempre curtindo nossas postagens, com nossos "seguidores", por exemplo. Elas alimentam nosso estímulo visual, em detrimento dos demais. Mas a riqueza da convivência humana vai muito além do que está ao alcance dos nossos olhos. Envolve coração, mas coração de verdade, e não corações virtuais de curtidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cada vez mais respeito as pessoas "eremitas", que se desligam de todas as redes sociais expositivas. Eu as entendo e vejo muito sentido na escolha delas. Aliás, estou mais perto de eliminar uma rede social do que de passar a usar uma nova rede. Óbvio que as redes sociais aproximam, nos permitem acompanhar os rumos da vida de pessoas com quem não convivemos mais pessoalmente. Mas as redes sociais também afastam. Em nossa vaidade social passamos a dar valor e importância para coisas superficiais, passamos a, em alguma medida, tornar a convivência humana algo mais visual e menos pessoal, tornamos as pessoas um pouco descartáveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez eu seja um bobo solitário, no fim das contas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entendo os "eremitas". Eles não fogem das redes sociais porque fogem do contato humano. Fogem porque não aguentam mais este jogo de vaidade, no qual sua importância pode ser medida e comparada por curtidas e comentários virtuais. A vaidade pode ser escravizante, como a fama. E, para alguns, a melhor maneira de tratar isto é buscando uma vida pacata e longe de qualquer holofote. Respeito muito quem tem esta coragem de assumir que, nos fim das contas, só há uma vida digna de ser vivida: a vida real. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Afinal, tudo é vaidade.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-10866717656476459362018-11-02T15:27:00.001-03:002018-11-02T15:56:25.098-03:00Dos excessos<div style="text-align: justify;">
O que seriam os excessos senão algo que só se constata depois que se concretizou? Não há presente. Há apenas passado e futuro quando o assunto é o que se excedeu. O passado é o contexto no qual a ação se concretiza e o futuro o cenário no qual se colhem as consequências que materializam o excesso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em geral, sabemos quando excedemos, quando vamos além daquele limite no qual as coisas ainda são boas. Nem sempre, no entanto, nós nos damos conta do quanto ultrapassamos este limite, e aí entram os outros e a Lei, por exemplo, para nos advertirem sobre isto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nisto consiste um dos riscos de uma vida solitária. Quando nós mesmos traçamos sozinhos por muito tempo nossa régua do que é razoável e do que é excesso, sem querer nada e nem ninguém ouvir, viramos monstros de nós mesmos. Vira autofagia. É sedutor não ouvir e nem ter que dar "satisfação" a ninguém, afinal, autonomia e liberdade são fascinantes e motivantes. Mas a vida precisa de limites mínimos bem claros e isto nem sempre nós mesmos estamos muito interessados em fixar em nossas vidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando se é jovem, a vida parece múltipla e aberta como o universo. Pensar em limites soa algo contrário à ideia do que seja viver. Aliás, viver parece algo sem validade muito certa, como algo que não deve despertar qualquer preocupação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aí eis que de uma vida sem limites se deixa alguém de barriga, se mata alguém em um "acidente", se contrai doenças de difícil controle e causamos injustamente dor àqueles que nos cercam ou àqueles que apenas tiveram o azar de cruzar conosco em um momento de excesso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Exagero, né? Mas um excesso é justamente um exagero. E quando se excede, as consequências podem ser exageradas mesmo, porque se perde o controle.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas também existem os "pequenos" excessos, aqueles que parecem inofensivos a nós mesmos porque não deixam marcas imediatas. Por exemplo, quando não se tem qualquer horário minimamente de referência para se deixar adormecer e não se tem qualquer cuidado em dar ao corpo o devido descanso, prolongando sua vida ativa madrugadas adentro, sem perceber acabamos com nós mesmos a longo prazo. Um corpo que não possui quaisquer limites para o descanso é um corpo que tende a tornar-se débil a médio\longo prazo. "Pequenos" constantes excessos de álcool, cigarro e drogas ilícitas, por exemplo, idem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Existem contas altas que podemos pagar só daqui a alguns anos, mas são cobradas. E o pior é que achamos que alguns excessos só fazem mal a nós mesmos e que ninguém tem que se meter no que fazemos de nossas vidas. Óbvio que não quero ninguém tendo que cuidar de mim em um leito de hospital, tendo que me dar banho, comida ou algo assim, afinal, eu sou pleno, independente e autônomo. Mas isto aos 28 anos. E aos 60 anos de uma vida marcada por "pequenos" excessos? "Ah, quero estar sozinho aos 60 anos e não dar trabalho para ninguém." E isto é escolha, quando somos seres sociais? As relações interpessoais são inevitáveis e o carinho das pessoas por nós mesmos também. Então, é bem provável que, na podridão dos 60 anos, alguém que a gente não queira dar trabalho esteja ao nosso lado querendo cuidar da gente e dividir a conta dos nossos excessos, sofrendo ao nosso lado. E a depender do nosso nível de debilidade, nem conseguiremos evitar isto. Vai ser uma merda, mas não haverá o que fazer lá na frente. Não no futuro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto pessimismo... Muito texto de tiozão chato, né?</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Mas os excessos são assim. Nos deixam péssimos quando nos damos conta deles. E isto não ocorre no presente. Só no futuro.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Não é possível viver sem exceder. Aliás, a vida depende de momentos de excesso para fazer-se vida e ter sentido. Mas é possível se refletir sobre quando excedemos. Em uma de suas Cartas (não vou lembrar qual porque não decoro estas coisas) São Paulo disse que "tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém". E eu achei isto foda demais. Deus não criou o homem para a escravidão, e sim para a liberdade, mas nós, muitas vezes exercitamos nossa plena liberdade de modo que nos tornamos escravos de nossos atos e de nossos excessos. Precisamos exercitar melhor a parte do "nem tudo nos convém", porque a parte do "tudo nos é permitido" é bem clara.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como dito antes, a gente sabe em alguma medida quando passamos dos limites. Ainda que com algum <i>delay. </i>Triste é quando não temos qualquer noção do quanto estamos vivendo inconsequentemente e precisamos ser lembrados por alguma merda que acontece. Às vezes precisamos que alguém "chame nosso feito à ordem", opine sobre nossos rumos. Nenhuma grande empreitada pode ser planejada/executada com êxito em completa solidão. Assim como também nenhuma empreitada alcança êxito quando não temos disciplina de dizer "não" aos excessos. Costumo dizer que sou um cara fácil: só chamar que eu vou. Adoro gente e convite para fazer coisas. Mas tem horas que ir, ir de novo, de novo e de novo, torna-se excesso. É preciso encontrar a medida, o limite.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para tudo existem limites. Até a vida necessita do limite imposto pela morte para se completar. E a morte, a depender do que você acreditar, também encontra limite. Nada é pleno, nem meus 28 anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma vida de completa ausência de controle sobre os excessos não produz muita coisa. Aliás, os excessos raramente nos permitem chegar sem atrasos ao lugar que teríamos condições de chegar antes. É como chuva em excesso na estrada. O excesso de chuva atrasa nossa viagem e, por vezes, não nos permite chegar. Assim são os excessos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso cuidado, reflexão e senso de responsabilidade consigo mesmo. Sermos livres e autônomos não significa fazermos "vista grossa" de nossos desvios. Precisamos cuidar melhor de nossas vidas, de nossa saúde e de nossos sentimentos. É preciso verdadeiro amor próprio para deixarmos de nos auto-sabotar, deixar de nos devorarmos por nossos próprios excessos. É preciso verdadeira disciplina e verdadeiro empenho em se controlar, reorganizar-se e seguir viagem. Temos muito a fazer e a viver, em verdadeira liberdade.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-82025736308617510492018-10-30T23:58:00.000-03:002018-10-30T23:58:28.945-03:00A falar<div style="text-align: justify;">
Céus! Eu não consigo parar de escrever. Geralmente, isto não é bom, mas, sei lá, hoje me sinto meio só e, quando assim estou, preciso escrever para me encontrar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje será texto autobiográfico, desculpe. Preciso falar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Às vezes me espanto como meu sentido visual é mais aguçado do que os demais. Me interessa tudo que esteja ao alcance dos meus olhos, desde as meias dos transeuntes até as pichações urbanas. Tenho olhos de esponja. Tudo observo, tudo interessa aos meus olhos. Eu preciso do que vejo como preciso do ar que respiro. Não sei o que seria da vida sem meus olhos. Obrigado, Deus!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas quem tem olhos, sofre. Eu ainda mais. Meus olhos me abrem janelas. Aquilo que vejo mistura-se com minha imaginação em doses preocupantes. Não alucinações, mas os pensamentos que se abrem a partir do que vejo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sofro pelos olhos. Por isso, muitas vezes, prefiro não ver. Certa vez, por exemplo, vivi uma dor afetiva tão intensa que, para estancá-la, eu sequer procurava por meus contatos do Whatsapp que estavam abaixo da letra inicial do nome da pessoa que me fazia sofrer. Dessa forma, eu evitava deslizar meus dedos e meus olhos pela foto de perfil da pessoa que eu tanto gostava. Parava nos contatos antes da letra do nome dela. Apesar do quanto isto pareça louco, isto me fez um bem danado, porque não vê-la sequer por foto afastava meus pensamentos dela. Vê-la por foto abria por meio de meus olhos um vendaval de pensamentos, lembranças e sentimentos. Não vê-la, ao contrário, era como manter trancados meus sentimentos. Aquilo que aprisionamos e esquecemos por muito tempo tende a definhar, "apodrecer", até morrer (como acontece algumas vezes com as pessoas que ficam presas e esquecidas nas prisões).</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquilo que não vejo tem mais dificuldade de penetrar em meus pensamentos e de me entristecer. Uma solução covarde, talvez, daquelas de quem não quer enfrentar o problema. Mas, depois que perco o contato visual por muito tempo, sinto-me forte e capaz de não mais me afetar. Sinto-me pronto para encarar. E encaro. Só preciso de um tempo sem ver. É um raciocínio meio de "corno", porém, no meu caso, resolve.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquilo que vejo me aflige muito mais do que aquilo que ouço. Quando em realidade deveria ser aquilo que falamos o que mais deveria nos imputar senso de responsabilidade e pertença, afinal, da boca sai aquilo do qual nosso coração está cheio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje me sinto meio frustrado. Não pelo que vi ou deixei de ver. Só me sinto frustrado. E o que é a frustração senão um sentimento de incompletude? Um sentimento de impotência e de descrença que se sente quando algo não ocorre conforme o planejado. Às vezes é um sentimento injusto, que nada tem a lhe justificar, além de um desajuste de sentimentos. Mas é péssimo. A frustração é meio paralisante, sobretudo quando não sabemos o que foi feito de errado. E nem sempre algo foi feito de errado. A frustração muito mais tem a ver com nós mesmos do que com algo que ocorreu. </div>
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<br /></div>
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Hoje o problema sou eu. Só preciso de um copo de leite com chocolate para eu me sentir abraçado ou de umas cervejas para eu ficar bem idiotamente risonho. Como amanhã é dia de acordar cedo, então hoje é dia de abraço de chocolate. E de texto. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Amanhã, tudo estará bem.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-33809763076087307202018-10-28T22:29:00.000-03:002018-10-28T22:29:07.072-03:00Canto de vitóriaEm noite de derrota<br />
Não se sonha,<br />
Perde-se a rota.<br />
Sente-se vergonha.<br />
<br />
Muitas perguntas,<br />
Respostas de culpa,<br />
Dúvidas juntas,<br />
Nenhuma desculpa.<br />
<br />
Choque de datas,<br />
Uma só ida.<br />
Escolha chata...<br />
Puxa vida!<br />
<br />
Houve preparação,<br />
Não faltou raça<br />
E nem coração.<br />
Parece desgraça.<br />
<br />
Uma falha estranha<br />
A reprovação custa.<br />
Falta de manha<br />
E desatenção injusta.<br />
<br />
Mas você é foda!<br />
Não se entrega.<br />
Pula a corda<br />
E não arrega.<br />
<br />
Em alma de liberdade,<br />
Recurso é escravidão.<br />
Mas mostra a verdade<br />
E evita aberração.<br />
<br />
Falta tempo,<br />
Caracteres no fim.<br />
Contratempo?<br />
Vai dar sim!<br />
<br />
Alegra-me sua história<br />
Nesta noite de morte.<br />
Cantar sua vitória<br />
É a minha sorte.<br />
<br />
Conquista com luta<br />
E com raça?<br />
Adoro uma disputa.<br />
Você é uma graça.Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-8434001436429243062018-10-21T20:48:00.000-03:002018-10-21T21:04:09.950-03:00Entre quadris e a cabeça<div style="text-align: justify;">
<i>Caraca! Tô com o dedo nervoso esta semana. Escrevendo pra carai. Acho que a última vez que foram tantas seguidas foi na semana do 2 de julho, há uns 8 anos, quando eu gostava muito da "garota de nariz torto" e quis homenageá-la na semana do aniversário dela. Faz tempo... Tantas mudanças... Mas vamos ao que interessa. Estou falante!</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu tenho problema com sonhos. Não aqueles que temos enquanto dormimos, mas aqueles que temos com os olhos abertos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sinto que os sonhos aprisionam, como uma conta a vencer no dia 20 ou 30 da vida. Eles podem pesar como carregar uma mochila.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu não sei. Talvez eu seja um pessimista, um desconfiado com a vida. Sempre penso que posso morrer antes do amanhecer. Não temo a morte, mas "perder" tempo aprisionado a um sonho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sonhos servem de bússola; apontam um norte e uma direção a seguir. Mas, como eu disse no texto anterior, às vezes, é quando erramos a rota e nos perdemos é que nos encontramos. Se um sonho aponta para o norte e nós seguimos à leste, teoricamente nos desviamos do rumo, porém, nem sempre isto é ruim.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Sempre fui muito "pés no chão" (talvez porque, durante muito tempo, a vida não me deu muitas opções) e isto, de algum modo, sempre me fez não ter muita coragem de sonhar coisas grandes. Durante minha graduação inteira, por exemplo, fui questionado se eu aspirava tornar-me um juiz ou promotor de justiça, e sempre respondi, com um ar meio sem graça, que eu aspirava tornar-me profissionalmente "aquilo que desse para ser". Às vezes, eu respondia com outra pergunta: "Ser juiz de vôlei ou de futebol?" Só para desviar o foco e causar risadas mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em geral, as pessoas não entendem. Acham que jovens necessariamente têm que sonhar, aspirar alguma coisa que não seja droga pelas narinas ou fumaça pela boca. Eu entendo. De verdade, eu entendo. Sonhos podem nos colocar "na linha", nos dar um rumo quando não sabemos para onde ir. Mas eu realmente não consigo. Algumas vezes, não sonhar soa como falta de perspectiva, falta de ambição, desinteresse ou comodismo. E talvez seja isto tudo mesmo. Só que eu me sinto bem. Algumas vezes penso que se há 10 anos meu sonho fosse passar em um concurso público, eu já teria realizado meu sonho de vida profissional, e aí? O que me motivaria a continuar? Percebe? Dilma estava certa; precisamos não traçar meta e deixar a meta aberta. Você vai sentir quando tiver batido sua meta e aí, por não ter ter alçado à meta a sonho de vida, você poderá dobrar a meta e seguir adiante realizando pequenas coisas grandes na vida, sem perceber.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vida pode ser curta demais para que vivamos escravizados por um objetivo de vida. E se o sonho de vida não se concretizar? Como lidar com isto de modo saudável, sem adoecer, perder o encanto com a vida e se frustrar? Eu tenho medo deste tipo de decepção. Porque tem coisas que, por mais que a gente se esforce, por mais tempo que a gente se dedique, não acontece e, ao fim, fica aquele gosto estranho na boca, aquela sensação de perda de tempo, de "treinei muito para ser roubado". É difícil lidar com as derrotas que não entendemos o porquê. Talvez eu seja um frouxo, me esconda atrás da falta de sonhos para não ter motivos para me decepcionar. Isto, só o tempo me dirá.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Num exercício de autocrítica, enxergo que algumas coisas podem ser sonhos em minha vida, mas são coisas tão bobas, que não sei se merecem o status de "sonho". Eu sonho em ter uma vida que me permita ser feliz, não passar necessidade e que me dê alguma condição de poder ser atuante e fazer a diferença na vida de alguém. Não sonho com férias em Dubai ao lado de um harém. Me bastaria um amor tranquilo, filhos catarrentos, felizes e educados para eu deixar de herança para o mundo, uma casa agradável, saúde e condição financeira que me permita viver com algum conforto (nada de Ferrari na garagem) e dedicar mais do meu tempo em ajudar as pessoas. Isto é sonho? Me parecem coisas tão bobas e pequenas. São objetivos que talvez não valham o status de "sonho", porque parecem coisas que podem ser conquistadas naturalmente ao longo da vida, sem pressa, fanatismo e escravidão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A palavra "sonho", para mim, remete a um desejo compulsivo, escravizante, capaz de amoldar todas as escolhas da vida para ser alcançado. Por exemplo, uma mulher que sonha ser uma empresária de sucesso pode, em nome deste sonho: abdicar de seus anos de juventude e não viajar e se divertir com seus amigos; abdicar/retardar o projeto de ser mãe; abrir mão de conhecer afetivamente outras pessoas; investir todo seu dinheiro e raramente utiliza-lo para adquirir pequenos "mimos" para si mesma; e, ao fim, não alcançar seu sonho maior e ser tarde demais para tentar voltar atrás e desfazer algumas das escolhas que foram condicionadas pela busca por seu sonho de vida. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Óbvio que a vida envolve escolhas, apostas, riscos, acertos e desacertos. Mas quando se tem um sonho maior a nortear uma vida, tudo passa a orbitar em torno desse sonho, em órbitas escravizantes que limitam a liberdade de escolha. Alguns defensores dos sonhos dizem que conquistar um sonho de vida traz liberdade. Mas é preciso ser escravo para que se possa ser livre? E o risco de ao fim de uma vida escravizada por um sonho, por um único caminho ao norte, a liberdade "não cantar"? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez eu seja frouxo demais para sonhar e me decepcionar, ou tenha os pés no chão demais para conseguir fantasiar.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-17272514244691692312018-10-17T23:53:00.000-03:002018-10-18T00:02:36.197-03:00Uma dose de coragem<div style="text-align: justify;">
A coragem é uma virtude, daquelas que vale uma vida. Aliás, só quem tem coragem é capaz de pagá-la com a vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma vida sem coragem é fadada à soledade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ser prudente é importante, mas não são de prudências que se escreve uma vida. A história é escrita pelos momentos de transgressão, de desafio e de experimentação. Se erra muito quando não se calcula as consequências, mas também se conquista quando se diminui a prudência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns desacertos constroem mais do que acertos, pois marcam, ensinam e, algumas vezes, conquistam. Cabral pode ter se perdido em plena imensidão do Atlântico, não ter sabido para onde ir e chegado ao Brasil. Às vezes, somos assim na vida. Quando achamos que estamos mais perdidos é que nos encontramos e conquistamos nossos maiores tesouros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o que seria este texto? Uma ode aos erros? Não. Talvez uma ode à coragem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o que seria a coragem? Falta de medo de falhar? Penso que não. Coragem é não deixar de realizar, ainda que com medo. Aliás, quanto maior o medo, mais coragem se exige para concretizar. Coragem seria talvez a ousadia de realizar, ainda que sem saber ao certo o que resultará. É bravura de se lançar e arriscar. Todo ato de coragem envolve o risco de falhar. Se não envolve risco, não se requer coragem. Se não há medo, não é preciso coragem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Somos humanos. Temos o direito de ter medo, inclusive o medo de falhar. Mas é preciso ter coragem para seguir, ter queixo de pedra, para apanhar e não se deixar abalar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A coragem é um pouco isto, não se deixar vencer pelo medo da frustração. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque, da falta de coragem, só nasce solidão.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deus, nesta vida, só lhe peço uma dose de coragem.</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-69630524279715814912018-10-12T20:36:00.002-03:002020-05-02T17:30:40.688-03:00Windows<div style="text-align: justify;">
Ao entardecer, os olhos veem muitas coisas.</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
A intensidade dos raios de sol penetra no mais fundo de nossas retinas e, por vezes, tocam nossa alma. Sente-se a presença de Deus.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Um olhar que não encontra correspondência no fim do horizonte. Os pensamentos voam pelas janelas. Penso no dia de ontem, no dia de hoje e no dia de amanhã, enquanto o dourado do fim do dia invade o ambiente e meus olhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Penso em você ao avistar a cidade que se ergue imponente entre prédios, do outro lado do mar que nos separa. Tomado pela paz divina que invade meu ser, anseio por seus lábios. Outra vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Até onde meus olhos conseguem ver, vejo a silhueta de um imponente monte, contornada pela delicadeza dos dedos de Deus ao desenhar o entardecer. Penso em quanta coisa cabe na distância que nos separa do limite de até onde nossos olhos podem ver. Mata virgem. Muito a se desbravar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há um mundo para além de nossos olhos, iluminado pela luz do entardecer. Basta olhar pela janela, algum dia, para perceber. É como se Deus nos desse uma oportunidade por dia.<br />
<br />
Basta alongar os olhos e contemplar, como quem olha maravilhado de dentro de uma caravela, após dias de viagem entre as tormentas de um mar de problemas, decepções e descrença em relação ao mundo e às pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há uma luz que emana do céu, todos os dias. Ela esteve lá todo o tempo, na verdade. É preciso se dar uma oportunidade de enxergar e vivenciar aquilo que está para além de nossos olhos. Encurtar as distâncias e acreditar que pode haver verdade em corações, afinal, nem todos são alguns. Há muita verdade naquilo que os olhos podem dizer e enxergar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao fim, vem o luar, que hoje, como numa conspiração cósmica, a lua está a sorrir. Sim. Um sorriso naturalmente belo e meio desacostumado, como o seu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há agora um luar a iluminar aquilo que os olhos não mais conseguem ver, mas querem explorar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Há muito a se descobrir.</div>
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<br /></div>
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Basta ir até as janelas.</div>
</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4511072209819061677.post-87231862444759122492018-10-01T23:39:00.000-03:002018-10-01T23:41:24.983-03:00Notas de carnaval<div style="text-align: justify;">
Estes dias vi na TV um programa de talentos musicais nos quais os jurados só tinham como opções as notas 9.7, 9.8, 9.9 e 10.</div>
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<br /></div>
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Para mim, isto foi o reconhecimento de nossa incapacidade, como sociedade, de lidar construtivamente com a crítica.</div>
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<br /></div>
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Naturalizamos a mediocridade. Nos conformamos com coisas feitas com razoabilidade dando a elas status de coisas feitas com excelência. Talvez por isto ficamos meio surpresos quando encontramos um bom serviço, como se encontrar um profissional que realmente seja bom ou excelente fosse a exceção, ao invés de ser a regra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quantos encanadores, mecânicos, eletricistas, montadores de móvel, instaladores de internet, taxistas, professores, médicos etc medíocres encontramos por aí. Parece que eles se multiplicam. E são todos pagos. Gente que presta serviço sem preocupação com qualquer padrão de qualidade. Sabe quando você senta num táxi? Não parece muitas vezes que você está fazendo um favor para ele ao invés de estar pagando pelo serviço dele? É tosco, para não dizer indecente.</div>
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<br /></div>
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E a gente se acostuma com isto, com nossa realidade de serviços mal prestados. E no fim, com essa naturalização, nos tornamos complacentes com a mal feito, nos tornamos mais tolerantes e perdemos um pouco de nosso senso crítico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Você já viu a apuração do desfile das escolas de samba? A regra são notas que variam de 9.5 a 10, sendo que 9.5 torna-se uma nota ruim e uma nota igual ou inferior a 9 só é dada numa situação absurdamente ruim, tipo um carro alegórico travado no meio da passarela ou um acidente durante o desfile. Que mundo é este onde 9.5 é nota baixa? Um mundo de bajulamento, de supervalorização, totalmente destoante do mundo crítico e até do mundo escolar, no qual tirar um 8.5 é uma puta nota e tirar 9.5 é um orgasmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vivemos uma sociedade de baixo nível crítico, no qual ouvir uma verdadeira crítica é confundido com perseguição pessoal, com inveja, despeito, recalque etc.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em uma sociedade acostumada com coisas mal feitas aceitas como suficiente, a crítica soa como um acinte, como falta de sexo. Somos uma sociedade de mimados e mal acostumados com aquilo que não é bem feito. Somos acostumados com a falta de beleza e de graciosidade que resolve razoavelmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um programa de TV no qual a pior nota possível é um 9.7 é um bom exemplo disto, um bom exemplo de como somos injustos com aquilo que é verdadeiramente bom e o aproximamos tanto daquilo que está longe de ser bom. Separamos por 0.3 o sublime do medíocre. Desestimulamos o trabalho bem feito ao valorizarmos tanto aquilo que não é bem feito. Se ser meia boca basta, ir além do razoável se torna uma questão meramente de consciência, de vontade de fazer sempre o melhor, algo muitas vezes mal compreendido e menosprezado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No fim, razão assiste a Santo Agostinho: "<i>Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem.</i>"</div>
Don Quasímodohttp://www.blogger.com/profile/11054120569614845086noreply@blogger.com0