terça-feira, 13 de abril de 2010

Incomentável

Geralmente dedico este espaço à razão, mas hoje o dedico às sensações. Não me propus a falar sobre esse tipo de tema no início do blog e garanto que não pretendo seguir nessa linha de textos. Se quiser, não leia, eu o entenderei. Não sou um grande apreciador e nem escritor de poemas, mas acho que somente um deles é capaz de explicar o caldeirão de sensações que vivi hoje (preciso pôr isso para fora, desculpe). Simplesmente incomentável!


ESTAÇÃO 507

Outra vez a covardia,
A inércia forçada e o medo de agir.
De novo NÃO! Eu não queria,
Afinal, esperei tanto por esse dia...
Mas ainda assim ela queria tomar-me para si.

As pernas tremiam, fraquejavam;
Eu chamava o ar, mas ele queria fugir;
O frio na barriga;
Os olhos que não acreditavam no que viam
Brincavam de girar em volta de si.
A covardia vinha, chegava;
NÃO! Hoje NÃO! Deixe-me sentir.
Au revoir, covardia!

Palavras errantes, desajeitadas, teimavam em sair.
Para onde levavam eu não sabia,
Timidez e alegria brigavam dentro de mim.
Ouvi, vi, vi de novo, e vi mais uma vez para garantir, vivi;
Relembrei, nunca esqueci.
Os mesmos olhos tranquilos, os mesmos cabelos envolventes
E a mesma face delicada,
Porém, havia uma pessoa mudada,
Tudo estava em evolução e em reinvenção.
Oh, céus... Queria ser Cronos e segurar cada segundo ali.

Sensações iam e viam
Como numa estação.
Não havia controle, só confusão.
Invadiam sem cerimôinia, todas pareciam precisar estar ali;
Algumas pareciam esperar o trem vir,
Outras esperavam o trem partir
E eu ali, vendo tudo, sentindo tudo.

Quero me enganar nas dúvidas.
Mas por que dúvidas quando tenho certeza?
É a covardia e o medo de agir voltando;
Não consigo evitar, estão voltando a mim!
Dizem: Pare! Não siga mais, o fim da linha é aqui!
Você não tem coragem,
Você não tem permissão para seguir.
Por que ir além? Contente-se.

Contentar-me?
Não, eu quero mais.
Pare! Contente-se!

Foi como numa estação.
Fim da linha? Talvez.
Independente de tudo, eu vi, eu senti.
Aqui jaz um poema, um ato de coragem, não covarde.
Talvez um passo exagerado, mas um basta na incerteza.
Me libertei!

By um exagerado, mas corajoso, enfim


Perdão, leitores! Tive uma recaída.

2 comentários:

Paula Ceotto disse...

Acho que não era para haver comentários, já que é incomentável. Engraçado ver um post em versos aqui depois de dizer que não gosta de ler poemas. Mas o legal é o que escapa à tendência.
Enfim, pra quem não escrevia poemas... talvez você escreva sim.

Don Quasímodo disse...

Pois é...

Esse título foi exatamente para contrariar (ironizar) algo que eu disse naquela inspiradora conversa. Lembrei que eu tinha dito que eu não curtia poemas e algo do tipo: "Acho que poemas não devem ser comentados, afinal, só quem os escreveu sabe ao certo o que quis dizer". Pórém, naquele dia me deu uma vontade inexplicável de escrever e de fazer o incomum, de fugir às próprias regras; acabei fazendo (eu ainda estava fora do efeito da covardia).

Mas quer saber? Talvez esse poema não seja incomentável, pois não é tão difícil entender o que eu quis dizer nele.