segunda-feira, 7 de setembro de 2020

July

Por 10,
Muda-se:
A versão
E a gestão.

Depende dos zeros.
Alguns combinam,
Muitos dividem,
Poucos eliminam. 

Nas noites tristes,
Reais não resolvem,
Fantasias consolam,
Centavos rememoram.

Perde-se a rima,
A mina,
Tristeza que desatina,
Sem obra-prima.

Em outros tempos,
Julho era festa,
De uma beleza pueril.
Inocente fantasia.

Hoje, julho foi descrença,
Carrossel de desgraças.
Ensinou com sadismo,
Não houve arcadismo.

Aproxima-se o desfecho,
Mais um fim.
Sem começo,
Um final ruim.

Lamento urbano

Ela não aprecia o que eu escrevo;
É de uma indiferença comovente.
Talvez, algum juízo de valor;
Quem sabe uma reprovação.

Eu me decifro nas palavras
E me complico nelas também.
Com as mesmas que escrevo
Eu ouço o que não digo.

Há uma profunda contradição
Em escrever o que não diz
E em dizer o que não escreve.
Afinal, para que escreves?

Escrevo pela companhia,
Pelo soco na solidão,
Pela consciência perdida
E em busca de perdão
Ou paixão.

De onde escrevo já não há luz,
Além da terça-feira que invade
Com cobranças
De um dia da semana infeliz.

Tenho pena das terças;
Nunca serão como as sextas.
Tenho pena dos meus sentimentos;
Nunca serão mais que momentos.

Não rimo mais,
Só lamento.
Não acredito mais,
Só invento.

Há coragem na resignação,
Aprendizado na frustração.
Sem afeto na paixão,
Só lamento no coração.

sábado, 11 de abril de 2020

Prazer, este sou eu.

Dormir para quê?! Se não há com que acordar?! Nunca soube ao certo se primeiro vem a interrogação ou a exclamação.

Tenho tentado manter a promessa de não falar de política e não falar dele. A gente adoece, sabe?! Agora eu entendo como que eles ficaram durante 14 anos. Muito ódio acumulado.

Os dias parecem absurdos de tão bizarros. Eu sei quem me denunciaria à GESTAPO e quem me denunciaria aos militares. Quanta gente histérica e precisando desesperadamente de um líder supremo capaz de conduzi-las. Desejei a morte dele. Isto é feio e viola meus valores cristãos. É estranho imaginar que eles dizem ter os mesmos valores que eu. Talvez eles sejam como eu e eu seja como eles.

Eu tenho medo de dormir e acordar numa pior ainda. Acordar com má notícia é péssimo. É como dormir de sapatos; pronto para o pior.

Eu estava tão perto mais uma vez e... Dissipou-se no ar. É algo meio enigmático, como meus textos. Não sei como manter a atenção por mais do que 2 meses. É o prazo de validade do meu efeito sobre as pessoas. Não consigo durar mais do que isto. Lamentável, mas é a verdade.

Talvez o encanto esteja nos balões. Em amarrar-se a eles e atrair olhos de sorrisos e lamentos. É muito esforço para nada. Uma pesca cuja rede volta com pouco além do que sapatos e restos de tampa de privada jogada ao mar.

Dormir pra quê? Amanhã será tão bizarro quanto hoje e posso ter o azar de ter um sonho ainda mais bizarro, como se a realidade já não fosse o suficiente. Talvez, eu ainda trabalhe dormindo, o que é pior ainda, pois se acorda ainda mais cansado do que quando se deitou ou se deixou (obrigado, corretor).

É difícil lidar com o imediatismo, com a falta de planejamento, com o arianismo e com a falta de noções básicas de formação. Para se fazer entender é preciso lançar mão das mesmas armas - muitas vezes, de uma arma mesmo. Se rebaixar, jogar esse jogo insano e imbecil. "(foram) Babacas que pintaram", disse o sérvio no início dos anos 2000. Ele sabia o que dizia. Eu gosto de ouvir aqueles que sabem o que dizem, exceto quando não dizem porque sabem, mas porque querem ser ouvidos.

Neste momento eu quero ser ouvido e não sei o que digo. Faz algum sentido para você? Me tocaste como um cachorro. No sentido de tocar, botar pra fora mesmo. Algum arrependimento? Eu gostaria que houvesse, porque eu realmente não fiz nada para ser tocado assim. Não sou santo, mas também não sou pior do que eles e do que elas.

Sigo errante, me espreguiçando de porta em porta, trocando gracejos por algum afeto e sendo tocado a cada 2 meses. Ao menos restam 5 minutos. Acho que 5 minutos para 5 semanas. Ainda resta algum tempo. Talvez morram pessoas até lá, mas quem se importa, se o comércio puder abrir?

Nada mais a falar. 4 minutos e ainda tenho que escolher o título. Saudades do "qualquernegocioserve@hotmail.com". Sim, já foi o e-mail de um amigo. 3 minutos agora. Perdi 1 contando história. E perdi uns 25 falando nada. Ao menos aqui não dá pra ter expectativas e esperanças frustradas. 2 minutos. É isto. O fim. Um título pra já. Se achar que vale a pena...

O tempo

domingo, 12 de janeiro de 2020

Domingo

Há um escrito que foi ocultado, como nos tempos do cheiro de carne humana na brasa. A heresia nele contida foi a revelação do amor - palavra/sentimento proibido por quem não se quer deixar amar. Por respeito, fez-se apócrifo o sentimento verdadeiro.

Segue quente. Muito quente. É verão e aquela besteirada toda. Que passe o quanto antes, o sertão vire mar e isto aqui se torne uma Inglaterra de frio - como o seu coração.

É ano novo. Mas seguimos perdendo tempo. Quando acordar, já serão 22h e os braços já serão outros. Será tarde, mas as escolhas terão seus resultados. Tarde da noite, resta dormir e tentar esquecer algumas escolhas e as oportunidades perdidas por indecisão. E tentar sonhar com algo que não se viveu e que, talvez, jamais será vivido.

A vontade, como dito no apócrifo, é abraçar-lhe, beijar-lhe a testa (e que testa) e dizer que está tudo bem e que nada lhe deixarei acontecer. Isto soa bonito, puro, meio parnasiano, uma coisa rural. Mas não é o suficiente. E o que há de errado nisso? Nada. Ninguém é obrigado a ser recíproco. E quando se percebe esta verdade imutável, não se sofre e não se aprisiona.

Aliás, Belo Horizonte é uma merda. Não que tenha a ver com este texto, mas sempre que possível, é necessário que se diga, para que não haja dúvidas: Belo Horizonte é uma cidade bem bosta. Dia desses ouvi que algo "parece merda, mas é delícia". Isto não se aplica a Belo Horizonte, felizmente.