sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sim City

As rugas e a longa barba branca não escondiam que o tempo havia passado impiedosamente, mas o tempo não importava para ele. Ele possuía todo o tempo do mundo, apesar disso, em algum momento que ele não se lembrava mais quando foi, ele se cansara daquilo tudo e resolveu: terminei. Havia terminado. Estava ali, ao alcance dos seus olhos semi-cerrados e de suas mãos sujas, ainda que limpas.

Aquele momento era todo deles. Artista e criação. A mão esquerda ainda estava suja, mas isso não fazia a menor diferença naquele momento. Era só ele e ela. O adorável cheiro de coisa nova tomava conta do ar. Mas ainda não era o cheiro das fábricas chinesas que vem dentro das embalagens de plástico, até porque os chineses ainda nem existiam. Ele era a única fábrica, a sua própria fábrica. O mesmo vento que sacudia a sua longa barba e os fios compridos de cabelo que cobriam a sua cabeça também espalhava aquele cheiro original pelo ar. Ela estava ali. Diante dos seus olhos.

Foi tudo muito de repente. O suor que ele derramava enquanto criabalhava era a própria seiva da vida. Uma hora ele se deu conta de que não precisava de mais nada. Estava pronto. Simplesmente, pronto. Não havia ninguém com quem compartilhar aquele momento. Era só ele e ela. Ele estava nela e ela era ele de alguma forma. Mas por que mostrar? Por que ter alguém para mostrar? Quem é alguém? Ela existe! Isso bastava para ele. Ela simplesmente existe.

Depois de contemplar o trabalho feito ele resolveu que era hora de deixá-la só. Deixá-la ir (ainda que ficando) e se fazer. Se reconstruir. Laissez faire, laissez passer! Allez le bleus! E assim ele foi-se indo... indo... e acabou fondo...

Para dizer que não foi ingrato, interrompeu seus vagorosos passos e deu uma última olhada para trás, por cima dos ombros. Como aquilo tudo era lindo. Como era boa a sensação de ter feito, de ter acabado. Mas era preciso seguir. Era preciso ir, mesmo que deixando um pedaço de si para trás. Após a última olhadela com o canto mais no canto do olho esquerdo, ele não pôde deixar de balbuciar no canto mais no canto dos lábios:

"And I think to myself, what a wonderful world"

http://roundtheworld.webs.com/trevo_3_folhas_simbolo_da_irlanda.jpg

E se foi.

sábado, 4 de dezembro de 2010

[FILÉ COM FRITAS] Anedota da vida real

[FRITAS]

Beleza é algo relativo, né? Cada um tem o seu próprio padrão. Entretanto, é inegável que há um "padrão médio" criado socialmente por cada cultura. Logo, cada um tem o seu próprio padrão e, na maioria das vezes, ele é muito próximo daquele padrão criado pela coletividade a qual pertencemos. Passado essa reflexão, sigo com a minha anedota da vida real.

Foi há uns 2 meses atrás (eu sei que esse "atrás" é redundante em relação ao "há", mas assim fica mais legal). Era mais um "dia de Tailândia" em plena Primavera. O ar era abafado. E eu, pra variar, tinha que sair da Universidade e me dirigir ao estágio no Centro de Vitória by bus. Peguei um 506. Eu carregava na mochila meu Vade Mecum, meu caderno e algumas utilidades volumosas, ou seja, eu estava que nem uma tartaruga ninja com aquela mochila pesada nas costas. Não é sempre que as pessoas sentadas e sem volume nas mãos topam segurar algo para você, mas nesse dia eu queria tanto que alguém me ajudasse...

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Sem jogo. Percebi logo que a guria que estava sentada à (essa crase é facultativa, né?) minha frente e sem qualquer volume nas mãos não tinha um bom coração e não iria me ajudar com a mochila. Até aí tudo OK, afinal, como eu disse antes, isso não é incomum. Então eis que uns 10 minutos após minha entrada no ônibus entra um cara.

Como eu disse no início, beleza é algo relativo, mas um cara sabe em seu íntimo quando ele não é muito bonito socialmente. Ele sabe que os olhares não retornam quando ele olha. Ele sabe que a entrada dele em um local repleto de pessoas do sexo oposto não causa qualquer furor. Ele sabe que algumas garotas não são para o bico dele, salvo se ele usar de outros artifícios, que não a beleza, para tentar conquistá-las. Enfim, ele sabe disso tudo. Eu pertenço ao time desses caras, apesar de alguns esparsos elogios que recebo, de vez em quando, quanto à minha controvertida beleza (geralmente esses elogios são feitos por mulheres mais velhas).

Eu já percebi que estou no time dos poucos dotados de beleza há muito tempo. Isso não altera o meu dia-a-dia, não causa tristeza ou sei lá o quê. Isso geralmente não cria problemas. É apenas um fato. Estou fora do modelo socialmente construído de beleza em nossa cultura, tal como muitos e muitas por aí. Acontece, tem que ter paciência. A consolação é saber que se eu estivesse na Suécia eu estaria "pegando geral", afinal, dizem que as nórdicas são tão atraídas pelos morenos quanto nós, brasileiros, somos pelas loiras de olhos azuis.

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Pois então. Voltando. Entrou o camarada no meu (que não é meu) ônibus. Ele era de estatura um pouco maior que a minha, mais forte e carregava uma mochila nos ombros. Não sei se pesava, mas ele carregava. Parou em pé ao meu lado. Não em frente à guria sem coração, afinal, eu é quem estava de frente pra ela. Então eis que vejo uma mão se dirigir ao cara e uma voz dizendo:

- Quer que eu segure pra você?

Parei. Olhei de lado e não acreditei. Me deu vontade de fazer que nem o Seu Madruga fazia quando tirava o chapéu e raivosamente pisava em cima dele. Aquela mesma guria que fez pouco caso da minha mochila pesada pediu a mochila do cara (que entrou 10 minutos depois de mim) na maior boa vontade. É impublicável o que eu pensei de imediato. Me limito a dizer que do alto da minha educação, pensei polidamente: "Puta que pariu!" Aí comecei a rir timidamente. Um sorriso amarelo, é verdade, mas não pude conter.

http://spe.fotolog.com/photo/46/14/66/calistenia/1200685888_f.jpg

O rapaz entregou a mochila e eu continuei, em pé, de mochila, em frente à guria, que nem uma tartaruga ninja. Ela só faltou me pedir para sair da frente dela para que ela pudesse pegar a mochila do cara. Retomada a sobriedade, comecei a refletir: "Qual o critério que ela utilizou? Não é possível que tenha sido a beleza! Que merda, hein..." Ou, como diz minha vó de consideração: "É mole ou quer mais?"- hehe - "Puxa, guria. Nóis é feio, mas não precisava esculachar". Outra parte de mim dizia: "Isso é injusto. Se o cara ainda fosse menor e mais fraco do que eu, ainda dava pra dar um desconto. Mas pô! O cara é mais alto e mais forte, ou seja, não precisa de caridade para carregar a mochila! Isso não vai ficar assim não, eu vou atrás dos meus direitos de homem mais fraco!" "Já sei, vou pedir pra ele pegar a minha mochila e carregar nas costas dele, afinal, ele é mais forte. Quem sabe a guria não pede a ele pra poder carregar a minha mochila também?" hehe

Nesse dia me senti o cara mais feio do mundo. Zuera. Na verdade, eu achei a situação muito engraçada, é tanto que eu ri na hora e estou aqui dividindo com vocês.

Desde esse dia, toda vez que entro em um ônibus viro um personagem, se não me engano de Nelson Rodrigues, que só gostava de mulher feia. Não ajudo mais as bonitas. Essas já estão acostumadas com um mundo de facilidades só porque são bonitas. Agora só ajudo as feias. Virou uma questão pessoal, uma questão de honra! (é brincadeira, hein!)

Quer saber? Vou-me embora pra Suécia...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Obrigado

Deus não é sorte.
Deus não é coincidência.
Deus não é acaso.
Deus não é destino.
Deus é apenas Deus.

Isso é o que torna tudo tão difícil ao entendimento. Essa incompreensão pode ser o tormento de uns e ao mesmo tempo o que faz tudo tão maravilhoso para outros. Somos apenas pequenos pedaços de matéria em um Universo mui extenso, por isso, não seja tão soberbo ao buscar explicações racionais para tudo. Quem é você diante da complexidade da existência? É preciso saber que há muitas coisas que transcendem o nosso limitado entedimento, por mais que isso possa parecer um discurso acomodado com a ordem das coisas. No fim, por mais paradoxal que possa ser, você vai concluir que a resposta para muitos dos seus questionamentos é ele mesmo: Deus - por mais que você relute em acreditar que isso possa ser possível. Ele vai preencher aquele vazio que existe em você e que você nunca conseguiu preencher, aquele vazio que de forma silenciosa sempre te incomodou, gerou incertezas, mas que você sempre acreditou ter o controle sobre ele.

Você pode não acreditar em Deus, mas ele sempre estará acreditando em você.

Obrigado, Deus!

Sem fins artísticos.

A caminho da postagem final...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A guerra dos mundos

Era uma vez um mundo verde musgo. Tudo nele era rígido, tradicionalista e repressivo. Um dia esse mundo "caiu" e mudou de cor. Diziam que o mundo que o sucederia seria multicolorido como o povo que habitava esse mundo.

Anos depois e tudo ficou azul. A economia era azul. Diziam que o povo seria pintado de azul. Pintaram as empresas que sempre foram verde e amarelo de blue/bleu//blau/azzurro... Enfim, pintaram tudo que viram de azul, menos o povo. Esse, como sempre, manteve-se esquecido, esperando ansiosamente ser pintado com o mesmo azul que pintava as felizes pessoas que haviam recuperado o status social prejudicado anos antes por uma série de problemas econômicos vividos pelo país antes dele ficar azul. Uns poucos foram pintados de azul. Aqueles, de sempre. Querendo manter tudo azul, os azuis conseguiram por meio de uma manobra, um tanto o quanto marota, criar a possibilidade de reeleição para o cargo de presidente. Era preciso pintar ainda mais de azul aqueles que já eram azuis por natureza. E conseguiram, afinal, aquele bando de gente pintada de invisível tinha muito medo do vermelho em 1998. Sei lá, vermelho assustava, lembrava sangue.

http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/files/2009/12/fhc-1998.jpg

E lá fomos nós, para mais 4 anos azuis. Ou melhor. E lá se foram eles para mais quatro anos. Os invisíveis continuaram invisíveis, comendo as migalhas deixadas pelos azuis no prato. Migalhas como um salário mínimo de fome aqui, um tal de bolsa escola acolá. Mas tudo era azul, nunca se esqueça disso.

Então eis que chegamos em 2002 à beira do caos social. Era matar ou morrer. Ou os invisíveis recebiam uma cor ou iriam matar todos os azuis. O vermelho não assustava mais os "sem-cor", mas apenas os azuis. Para aqueles que nunca foram pintados, o vermelho não lembrava mais o sangue, mas a esperança, a esperança era vermelha. O vermelho representava o sangue dos azuis que iria jorrar à força naquele mês de outubro histórico. Aquelas eleições foram algo do tipo luta de classes: pobres invisíveis X ricos e classe média azuis. Os pobres, como maioria, venceram, enfim!

http://www.olhave.com.br/blog/wp-content/uploads/2009/02/posse-de-lula.jpg

E vieram os vermelhos. A porrada vinha de todos os lados. "O país vai quebrar". "A inflação vai voltar". "O Brasil perderá investimentos externos". Sim, senhores. A preocupação era totalmente FINANCEIRA. O medo não era em relação ao nível de vida das pessoas. Sei que a economia é um dos fatores que levam a um bom nível de vida da população, mas não é TUDO (isso é meio óbvio, mas os azuis nunca perceberam isso, até hoje). Mas aquele vermelho não era o mesmo vermelho de anos atrás. Era um vermelho meio azul. Vermelho com azul é roxo? Se for, digo, sem pudor que os vermelhos foram perdendo um pouco daquele fogo inicial e ficando roxos. A economia continuou como era no tempo do mundo azul. Na verdade, ela ficou ainda melhor, afinal, enfim, os invisíveis começaram a aparecer. Foram incluídos na economia nacional. Populismo? Assistencialismo? É fácil dizer isso morando no sudeste e nunca tendo passado fome. Mas garanto que para aqueles que não tinham nem o que comer na época do mundo azul, os programas sociais representaram dignidade, representaram vida, representaram ser vistos pelos caras lá de cima. Para quem nada tem, metade é o dobro, senhores. Não negue o que comer a essas pessoas alegando que isso é assistencialismo e populismo, afinal, os azuis, em nome de não serem taxados de populistas, nunca nem botaram comida no prato de milhões de invisíveis por 8 anos! Prefiro a informalidade,a quebra de regras que alimenta do que o moralismo que causa fome e morte. Veja esse "assistencialismo populista" pelos olhos de quem sempre se acostumou a passar fome desde os primórdios desse país.

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Corrupção. Mensalão. Dinheiro na cueca. Fizeram o caralho para derrubar os vermelhos. Mas eles nunca caíram. Por quê? Porque eles alimentaram e deram cor àqueles por quem os azuis nunca olharam. Quem antes morria de fome, será eternamente grato aos vermelhos, afinal, não tiveram suas vidas salvas pelos azuis em 8 anos.

Não nego que o governo vermelho não foi perfeito, longe disso. Mas também não sou hipócrita para afirmar que o mundo azul foi melhor.

Mas vamos ao que interessa: 2 º turno das Eleições 2010. Ou melhor. A guerra dos mundos: Mundo Vermelho X Mundo Azul. Não há propostas inovadoras para os velhos problemas. Há apenas uma rinha de galo na qual o Governo Lula duela contra o Governo FHC. Virou um duelo de desempate, algo como: seus 8 anos foram piores que os nossos. Estão discutindo o passado, senhores. Querem que domingo façamos o julgamento de qual governo foi melhor. Querem a prova real (aquela das continhas da 2ª série). Querem o tira-teima. O duelo de desempate, afinal, tá 8 a 8. As propostas de Serra e Dilma somem em meio ao debate de qual governo foi melhor. É como se estivéssemos que votar entre Lula ou FHC no domingo. Ninguém promete o novo, mas apenas retomar o velho. Saudades da 3ª via apontada por Plínio, que tinha razão em afirmar que Serra e Dilma eram muito parecidos. Vou além, a marionete dos intelectuais verdes, ops, Marina Silva, também não passava, no fundo, no fundo,
de um vermelho com azul com uns retoques de verde. Discurso mole para questões sérias. Papo antenado com o século XXI, agradável aos ouvidos jovens e intelectuais, mas que no fundo queria agradar a gregos e troianos com um discurso meio molenga, que dizia querer mudar, mas sem mudanças radicais. Ou seja, ela também era vermelho com azul... Duvida? Pesquise o discurso dos Partidos Verdes da Europa e como eles governam quando no poder. Esse verde bonito e que parece esperança camufla muita coisa dentro...

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Tá ridículo! Agressões recíprocas para todo lado. Até bolinha de papel na careca vira artefato de guerra e ameça à democracia (sim, a VEJA estampou o episódio da bolinha como um atentado à democracia). Os azuis dizem que os vermelhos são corruptos, apoiam Sarney, Collor. Mas e eles que sustentaram ACM (vulgo Toninho Malvadeza) por longos anos? Ah, esqueceram disso? Que partido HONESTO aceita fazer aliança com o DEMOCRATAS (ex-PFL), o partido mais corrupto de todos os tempos? Responda-me. Você acha normal o lema "O Serra é do BEM"? Isso não deveria ser algo presumido em um candidato à presidência? Por que é necessário reforçar essa ideia? Aí tem... Ah, o vice do Serra, Sr. Índio, é um ilustre desconhecido empurrado goela abaixo pelo DEMOCRATAS pra cima do Serra. Pareceu barganha. Quem é esse cara? Tenho medo dos azuis. Tenho medo dos que usam a religião como argumento para ganhar votos no século XXI. Tenho medo daqueles que mostram pastores pedindo votos para um candidato ao invés de propostas. Tenho medo daqueles que falam que se a candidata X ganhar o aborto será liberado. Por favor, alguém poderia avisar ao povo que o Presidente da República não cria leis, e sim o Legislativo? Alguém poderia avisar ao povo que um presidente não pode instituir o aborto por Decreto ou Medida Provisória? Tenho medo dos que exploram a ignorância dos mais humildes para ganhar voto. Tenho medo dos que pregam um futuro de depravações morais caso o vermelho vença (quase o apocalipse). Tenho medo dos que tentam se aproximar dos humildes prometendo um salário migalha maior, digo salário mínimo maior, e um 13º Bolsa Família. Tenho medo dos que chamam os aposentados de vagabundos e anos depois prometem aumentar o salário dos pensionistas em 10%. Tenho medo dos que tentam comprar o povo com esmolas maiores ao invés de projetos de inclusão social.

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Falam que o vermelho tá criando uma ditadura Chavista, que pintar tudo de azul irá oxigenar a política brasileira. Falam que a alternância de poder faz bem à democracia. Mas não foram vocês que criaram a reeleição para presidente? Contraditório... Criticamos a política americana pela falta de alternância no poder e fazemos igualzinho. Azul - Vermelho - Azul (de novo? Isso é alternar?). Pobre Plínio, que pena que daqui a 4 anos será a vez do Verde avermelhado em tons de azul chegar ao poder, queria tanto ver o seu vermelho sangue no poder... Que meu idolatrado Cristovam Buarque não ouça isso...

Só pra terminar, dizem que a Dilma é marionete e não sabemos de quem. É verdade. Marionete ela é. Mas garanto que aqueles que irão manipulá-la não fugirão muito da fórmula que deu tão certo nesses 8 anos, afinal, isso significaria perder o apoio popular. Meu medo é daqueles que estão junto com o Serra, pois esses conhecemos bem e SABEMOS do que são capazes, né, DEMOCRATAS? Sei que Dilma tende a ser 4 anos de estagnação, mas prefiro um mundo vermelho desbotando do que um novo velho mundo azul que irá descolorir todos aqueles que, enfim, ganharam cor a partir de 2002.

Desculpem a franqueza, mas prefiro ser claro no meu voto vermelho, assumir uma posição, do que me dizer imparcial, como a nossa imprensa covarde, e minar um candidato pelas costas, sem os leitores saberem claramente. Essa imprensa desrespeita a nós como público. Prefiro a sinceridade dos meios de comunicação americanos, que sempre assumem, PUBLICAMENTE, uma posição nas eleições. É pecado ser parcial? Não, desde que se avise isso ao público.

E o mundo continuará vermelho por mais 4 anos...

Um dos últimos textos deste blog

sábado, 2 de outubro de 2010

E se hoje fosse o último dia?

Já faz algum tempo que tenho pensado nisso...

Você aceita fazer um exercício de imaginação comigo? Se sim, vamos lá!

Situação hipotética 1: Por algum motivo fui informado de qual será o dia exato de minha morte. Sim. Com precisão e sem chances de erro. Inclusive, morrerei às 23:50 (o mesmo horário em que nasci). Hoje é a véspera desse dia. Já cuidei de todas as questões burocráticas e agora me resta um dia todo para que eu dê os últimos suspiros. São 22 horas da véspera e paro para pensar no que farei amanhã para usar as últimas horas que me restam. Virar a noite acordado? Não... Uma das coisas que sempre tive prazer em fazer na vida foi dormir, logo, não quero perder essa última chance. Acordar que horas? Umas 4 da matina e ir até a praia ver o sol nascer? Não. Acordando todos os dias às 5:30 eu sempre vi o nascer do sol, apesar de nunca ter me atentado muito para isso. Por que fazer isso só agora, no último dia? Eu estaria enganando a mim mesmo! Ok, então, nada de nascer do sol. Acordarei umas 9 horas. E o resto do dia? O que fazer? Como planejar o que fazer no último dia? Já sei. Farei coisas que nunca tive coragem e/ou tempo de fazer. Hum, o dia será chuvoso, do jeito que sempre gostei! Então vou tomar um último banho de chuva, daqueles bem demorados, capaz de deixar a camisa colada ao corpo. Depois vou entrar no meio de uma pelada de rua com crianças e jogarei com elas uns minutos, no meio da lama deixada pela chuva. Quero um último momento com os meus amigos. Não uma festa, porque nunca fui o tipo de cara que curtiu festas, principalmente, aquelas feitas para mim, afinal, sempre fiquei um tanto o quanto envergonhado, sem jeito (tímido), apesar da gratidão que festas assim proporcionam. Quero um encontro casual com eles. Ouvir a história do alistamento do Tob's e das morsas uma última vez. Rir ao relembrar de alguns momentos hilários vividos juntos. Ah, também quero ver um bom jogo de futebol: um Boca Juniors X Palmeiras como aqueles das Copas Libertadores da América de 2000 e de 2001 (mas com o Palmeiras vencendo no fim). Quero dizer um "hasta la vista" e um "eu te amo" para alguns familiares. Quero ler um pouco de literautra. Quero também tocar a campainha da casa (que não sei onde fica) daquela garota e dizer assim: "Desde que te vi a 1ª vez, gostei de você. Tentei te dizer isso de "n" modos, mas acho que não me fiz entender claramente ou você fingiu não perceber. Nunca tive a certeza da sua certeza, por isso hoje quero tê-la. Me diz apenas um 'sim' ou um 'não' e terás dado a resposta que nunca encontrei. De qualquer modo, queria passar aqui para te ver uma última vez." O fim da cena pode ser um beijo de filme ou um "não" educado. Mas de qualquer forma eu poderia "dormir em paz", arrependido do tempo perdido ou certo de que não perdi nada. Eu também quero dar abraços em estranhos, sorrir e gargalhar com desconhecidos, ouvir histórias de mendigos, ser amigo dos sem amigos. Enfim, não sei se dará tempo de fazer tudo, afinal, como diria Paulo Leminski: "Haja hoje para tanto ontem", mas eu quero fazer todas essas coisas amanhã...

Situação hipotética 2: Já são 16 horas de mais um dia comum, de um dia em que nem me passa pela cabeça morrer. Mas e se, de surpresa, eu morrer hoje, agora? O que eu não terei feito? Terei deixado de dizer aos meus amigos o quanto eles são importantes para mim. Terei deixado de dizer "eu te amo" a muitas pessoas por vergonha ou por achar que isso sempre esteve implícito no conviver do dia-a-dia junto delas, por exemplo, à minha mãe (não devo ter dito isso para ela nem umas 50 vezes na vida, o que é muito pouco, apesar do amor incondicional que tenho por ela). Terei deixado de ter feito coisas que deram vontade por falta de tempo ou por pura vergonha. Terei deixado de dizer, hoje de manhã (02/10) àquela garota da hipótese 1, ao invés de um tímido "oi", que ela estava muito bonita de amarelo, apesar de eu a achar sempre linda e de ela ser mais bonita de roxo; terei deixado de dizer muitas outras coisas a essa mesma garota. Terei deixado de começar a escrever o meu livro. Terei deixado de abraçar e de gargalhar com desconhecidos na rua. Terei deixado de ter sentido "n" sensações que nunca senti. Terei deixado de ir à Buenos Aires e à "La bombonera". Terei deixado de começar a correr (sim, correr; simplesmente correr, como o Forrest Gump). Terei deixado de ajudar muitas pessoas quando pude. Terei deixado de ter feitos muitas perguntas que teriam mudado o rumo da vida. Terei deixado de arriscar, de "pôr a faca entre os dentes" em momentos que me acovardei. Terei deixado uma vida inacabada.

Enfim, o que quero dizer é que seu último dia pode ser daqui a muitos anos ou pode ser... HOJE. Você não sabe e NUNCA saberá quando ele será. Então, não desperdice o seu tempo, faça tudo que puder para aproveitar tudo; busque tornar certeza algumas incertezas. Na pior das hipóteses, hoje não será o seu último dia e você poderá viver tudo de novo amanhã, com ainda mais intensidade. Você pode usar amanhã para fazer tudo aquilo que não deu tempo de fazer hoje, já pensou?

Não digo que seja fácil viver assim, mas digo que dá, isso só depende de você e da sua vontade. O depois pode ser tarde demais e pode nem chegar...

[Fui inspirado por uma propaganda de carro na qual um cara acorda, pega uma lista e faz todas as coisas que têm anotado nela, como se fosse o seu último dia. Mas no dia seguinte ele acorda e pega uma nova lista para fazer tudo aquilo que ainda não fez, como se o novo dia pudesse ser o seu último dia. Detalhe que dentro da gaveta que ele pega a nova lista tem muitas outras do mesmo tipo]

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Você deveria escrever novelas

[Um texto mal escrito, sem vergonha, sem lenço e sem documento - O tema é meio gay]

Dia desses eu estava lembrando os meus tempos de "ator": as três vezes em que fui o Visconde de Sabugosa; a vez em que fui um pajé; a vez que fui um ladrão gago; a vez que fui um integralista; a vez que fui Stálin; a vez que fui a voz da consciência do Zé Rancoroso; a vez que fui o marido corno da Lúcia, de Lucíola (não lembro o nome dele); fui até um dos ladrões que morreram crucificados com Jesus (com direito a ficar só com um pedaço de pano na cintura e amarrado numa cruz de verdade - 20 minutos com os braços esticados doem, mas no fim foi legal...); etc. Enfim, fui muita coisa nos "tempos" de teatro, mas isso nunca me fez pensar, nem por um segundo, em ser ator, apesar de que até os meus 15 anos (eu confesso) eu era fanático por novelas. Sim, senhores. Eu via novelas...

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Eu parei de ver novelas "na marra", afinal, passar no CEFET-ES me levou a ter menos tempo para desperdiçar com besteiras (o que para muitos pode soar irônico e contraditório hehe), afinal, estudar durante a tarde me fazia chegar em casa já no horário da "novela das 7" e eu gostava de estudar um pouco à noite. O amadurecimento do meu senso crítico, além do afastamento forçado das novelas, me fez perceber que as novelas eram TODAS iguais. Todas tinham o mesmo enredo, começavam do mesmo jeito e acabavam do mesmo modo. T-O-D-A-S. Comecei a reparar também no público das novelas, o que eles gostavam de ver e, principalmente, nas mensagens que eram veiculadas nelas. Ah, as mensagens... Oh, céus!

Sabe uma rotina monótona? Exemplo: Você gosta de comer todos os dias a mesma coisa? Nos mesmos horários? Pois é, creio que mais da metade das pessoas não gostam de monotonia, mas garanto que essas mesmas pessoas que não gostam de monotonia não se importam de TODOS os dias (exceto domingo), assistir as mesmas novelas. Ok, todos os dias acontecem coisas diferentes nelas, mas o novo das novelas é sempre a continuação do velho, entende o que digo?

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O Brasil talvez seja o país no mundo no qual as novelas mais fazem sucesso, o que torna as mensagens veiculadas nelas algo muito sério. Olhe para a grade de programação da Rede Globo e me responda: quantas horas por dia na programação são dedicadas às novelas? Somando tudo deve dar umas 7 horas (contando com "vale a pena ver de novo" e com "Malhação"). Quantas horas de programas que trazem conhecimento? Quantas? Fale mais alto que eu não ouvi. Ah, tá. A verdade (a minha, pelo menos) é que o público fiel das novelas não se importa com essa monotonia e nem ao menos repara que elas trazem sempre as mesmas histórias com cenários diferentes. Ok, reconheço que elas são uma forma de entretenimento e de arte e que isso, de modo geral, não é ruim para uma população um tanto quanto órfã de arte como a nossa. Porém, o que me preocupa é a falta de diversidade nas novelas e a falta de percepção das pessoas quanto a isso. Se elas não conseguem perceber essa repetição que é tão clara, será que elas conseguem perceber as mensagens escusas que são veiculadas por essa forma de arte 7 horas por dia?

Exemplifico algumas repetições:

começo: há um casal que se gosta nos primeiros episódios (se apaixonam do nada um pelo outro) e que se separa brigado por algum motivo ainda no 1º mês de novela (geralmente por ação de um vilão). O vilão será o mesmo até o fim. Vai tramar a novela toda contra os pombinhos, vai deixar a mulherada cheia de ódio em casa, vai ser assunto nas ruas, no Fantástico e nas capas das revistas de novela por uns 4 meses; no fim, ele(a) vai ter um final digno de suas maldades (prisão; morte; viver na miséria).

meio: Faz parte da sacanagem fazer o vilão, algumas vezes, parecer ter ficado bonzinho antes do final, mas no fim ele volta à ação. Provável que os pombinhos briguem entre si, se deem uns pegas de vez em quando, mas sempre brigando entre si. Para aumentar a audiência e criar um clima de suspense é comum matar algum personagem, essa prática sempre dá certo, logo, novela "boa" tem homicídio no qual ninguém sabe quem é o autor. Também é comum que sejam criados triângulos amorosos, em geral, a preferência será dos que chegaram 1º ao triângulo, mas a novela vai fazer de tudo para deixar no ar a dúvida de quem vai acabar com a mocinha até que...

no fim (eis a mágica) - o casal do início acaba junto (de preferência com casamento nos últimos dois dias de novela; têm filhos; e vivem, literalmente, felizes para sempre).

A coluna mestra é sempre essa, logo, o trabalho maior para você saber como será o último episódio da novela é assistir o primeiro, identificar os pombinhos e o(s) vilão (ões). Simples assim. Aqui em casa me privam de ver o 1º episódio, porque senão eu estrago a história. A novela que acabou hoje às 18 horas, por exemplo, eu acertei o final, mais uma vez... Fica até chato para minha mãe apostar comigo. Hoje ela se rendeu e disse: "Você deveria escrever novelas." Não, mãe. Eu prefiro escrever merda aqui do que jogar merda na cara de umas 100 milhões de pessoas todos os dias, 7 horas por dia...

Outro exemplo de regularidade: novelas das 18 horas são em ambientes com muita natureza e/ou em épocas passadas na maioria das vezes. (Cabocla, Sinhá Moça, Chocolate com Pimenta, O Cravo e a Rosa, A Padroeira...)

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN_Lb-EGK1koFsIynE7zuEbUNeP7gJ8tgi49-2DL6NJoKC-BQKax73eLLLWdUU6CLkiFDPFLuhsMi528-ZEqS8p8MrTWqttlhuBLbjrz37gm6d9g1fuu6tQR6gFfEnVNYPybMLXrCiOcY/s400/SinhaMocaDeboraDanton.jpg

Quanto às mensagens veiculadas pelas novelas, elas influenciam muito as pessoas. Elas lançam moda (lembra de "O clone" e a moda árabe), lançam nomes que vão estampar RG's de uns infelizes por longos anos (como Raqueli e Bahuan), lançam músicas ("você não vale nada, mas eu gosto de você"); lançam gírias ("não é brinquedo, não"). Um mercado, sem dúvidas. Mas mais do que isso, uma feira de ideologias camufladas, exemplifico: porque insistir tanto com o 1º beijo gay em uma novela das 21 horas se a grande maioria da população parece não querer ver isso nem na rua. Porque insistir tanto com núcleos espíritas nas novelas nos últimos 3 anos se a maior parte da população não pratica tal religião (eu tenho a sensação de que já estou pronto para aderir ao espiritismo, já fui catequisado pelas novelas, olha que hoje só as vejo de rabo de olho, nem guardo os nomes mais).

Para deixar claro, eu não sou preconceituoso com gays ou espíritas, respeito as escolhas de tais pessoas, mas acho uma puta covardia esses escritores de novela quererem fazer apologia FORÇADA de ideias que eles curtem, usando-se de suas novelas por 6 meses, em todos os dias da semana: isso é lavagem cerebral barata, senhores! Acorda brasileiro! Quer escrever novela, escreve, mas não precisa empurrar ideologias garganta abaixo de quem assiste. Ficção é uma coisa, impor costumes é outra. Repare bem nesses dois aspectos das últimas novelas: o homossexualismo e o espitismo.

É verdade também que algumas modas não "pegam", o público reclama: exemplo disso foi a novela em que apareceram os seios da Débora Secco e a bunda da Juliana Paes (não lembro exatamente se foi nessa ordem ou se foram só seios de ambas, só sei que rolou algo assim e que era a novela "Celebridade"); tentaram ver se a população engolia isso no horário nobre, eu engoli, mas a família brasileira não... Se isso passasse impune, nem te conto qual seria o próximo passo... Lembro também de uma novela na qual personagens falavam "cacete"; a interjeição não se repetiu nas novelas seguintes, pensei que logo logo estaria vendo a palavra "merda" na TV, mas não foi dessa vez, por enquanto está autorizado apenas mostrar merda, ainda não se pode falar.

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Não há meio mais fácil para propagar valores, costumes, mercadorias etc no Brasil do que as novelas. A linguagem é didática, estimula bem os sentidos, o público é fanático e nem percebe as mensagens, apesar de absorvê-las como uma esponja. Alcança todos os públicos, em todo o território nacional. Perfeito! Joga na telinha por 6 meses que eles aprendem e engolem sem hesitar. Que arte é essa, senhorita (você que gosta tanto de arte)? É a arte de enganar.

Sabe o que mais me aborrece: as outras emissoras desistiram de buscar meios inteligentes de ganhar audiência, cederam também às novelas. Saudades do "Show do Milhão", por exemplo. Queria ver Jô Soares e Serginho Groisman no horário nobre! Não que sejam um poço de inteligência, mas pelo menos são programas que fogem à monotonia de 2 pombinhos em crise e um vilão tramando...

Não nego que as novelas podem ser legais, respeito quem gosta, mas apenas alerto que elas não são tão inocentes e meramente artísticas quanto parecem ser. Tente sair do aquário por um dia e ver os outros peixinhos enquanto assistem as novelas, eu faço isso há 5 anos, é bem legal, há vida entre as 14:30 e as 22:30 fora da TV.

Nesse momento a TV da minha sala está ligada em uma novela (a das 21 horas). Apesar de a TV ter quase uns 40 canais, muitos bem interessantes e inteligentes, por sinal, mamãe prefere essa bendita Globo... Nesse momento, a Maitê Proença está em uma cena de sexo com o Daniel Oliveira. Normal, né? Por falar nisso, vi uma pesquisa há uns anos que apontava que as jovens estavam menstruando mais cedo, em parte, por influência das cenas de sexo nas novelas. Naquela época elas só menstruavam, hoje elas já estão tendo filhos por aí... Acho que tô meio azedo hoje. Acho que é a vontade mandar a arte pra'quele lugar.

Enfim, sinto que escrevi um texto horrível, mas quer saber? Você entendeu a mensagem.

domingo, 19 de setembro de 2010

A Igreja Católica precisa mudar?

[POLÊMICO]

Estou numa semana bem inspiradora, seria capaz de escrever uns 4 ou 5 textos com temáticas diferentes, mas o tempo não me permite. Mesmo sem dever, estou aqui, neste momento, somente porque quero dar um pouco mais de tempo à minha vida, deixando-me fazer o que der vontade e entregando-me mais aos impulsos dela (sem rasgação de seda ou quaisquer interesses escusos, dedico essa nova postura às reflexões que tive após ler o texto "Do que quero" do blog "
Lentiflor com Orégano").

Cheguei da igreja há cerca de 15 minutos e vim no caminho de volta pensando loucamente em escrever sobre um tema em especial, a intolerância com a Igreja Católica. Eu jurei a mim mesmo quando comecei o blog que não usaria esse espaço para falar de religião ou futebol, pois são dois temas que geralmente envolvem argumentos muito apaixonados e pouco racionais, criam muita discussão e dificilmente alguém entra nela disposto a ouvir os argumentos alheios e quiçá a mudar de posição. Mas não resisto; ao futebol eu já cedi em umas 3 postagens, agora cedo à religião: seja o que Deus quiser!

Para início de conversa: sou católico e me recuso a dizer-me praticante, pois ou você é católico ou você não é. Se você não acredita nos ideais dessa igreja, não lê a Bíblia, não participa da comunidade de alguma forma (nem que seja indo à igreja) e por isso se diz católico "não-praticante": você é um fanfarrão, pois isso não existe. Em religião, esse tipo de categoria não existe; ter uma religião não é "usa-la" de vez em quando (não é que nem saber falar uma língua estrangeira, por exemplo), é algo que deve fazer parte da sua rotina e não apenas nas datas comemorativas, como no Natal.

Dois. Sou favorável que cada um tenha sua própria religião livremente e sem criticar as alheias, pois religião é algo muito íntimo, que transcende o entendimento puramente racional (o que até dificulta discussões muito científicas sobre o tema). É preciso respeitar aquilo que é capaz de fazer alguém transcender sem entorpecentes, isso é coisa séria. Assim, apesar de achar um tanto quanto triste, respeito a falta de religiosidade de um número cada vez maior de pessoas. O que me interessa é que sua religião pregue o BEM ao próximo ou que você, sem religião, guie suas condutas pela prática do BEM, fora isso eu me reservo no direito de discordar dos rumos da sua vida, o que não significa discriminar. O que importa é a prática do BEM, isso não sou eu quem diz, eu já li isso na Bíblia e no Alcorão (Al BÁCARA - 2ª SURATA - "62. Os fiéis, os judeus, os cristãos, e os sabeus, enfim todos os que crêem em Deus, no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor e não serão presas do temor, nem se atribuirão."), provável que outros livros sagrados também digam algo parecido.

Penso que você não precisa nem acreditar em um Deus, ir à igreja ou fazer sei lá o quê, você só precisa guiar suas práticas pelo BEM. Posto isso, eu gostaria muito que os fiéis de outras religiões ou os sem religião, respeitassem as religiões alheias...

Minha igreja (a católica) tem dogmas e princípios um tanto rígidos. Muito se discute sobre as posições dela quanto ao celibato, ao homossexualismo, ao divórcio e ao sexo sem fins de procriação. Eu não concordo tanto com todas as posições, mas entendo-as perfeitamente e concordo com a rigidez da igreja. Para exemplificar, vou abordar o tema do sexo sem fins de procriação. Sou jovem, tenho hormônios à flor da pele como qualquer outro, tenho desejos, mas concordo que saí por aí querendo sexo a torto e a direito não é das condutas mais corretas. A Igreja Católica, desde os seus primódios, sempre defendeu a base familiar, então me diz: agora, 2010 anos depois, ela deve mudar de posição, defender a livre prática sexual sem casamento, só porque há menos de um 1 século tornou-se tolerável socialmente sair transando com qualquer um? A igreja não é cega, ela sabe que pessoas pegam AIDS e que os jovens não vão deixar de transar antes de casar só porque a igreja não permite; ela sofre pelos contaminados, mas sabe que deixar transar com preservativo é admitir a prática sexual sem vínculos familiares, o que seria uma afronta à família (aquela mesma que ela defende desde sempre).

Vamos pensar como a Igreja Católica: nosso livro de ensinamentos tem mais de 2010 anos, ele é um dos alicerces de toda a nossa estrutura. Podemos ir contra o que ele dispõe? Abrir precedentes? É claro que MUITAS regras (principalmente do Velho Testamento, pois eram regras de comportamento da época) não se aplicam mais, mas as do Novo Testamento, com a sua licença, estão, em grande parte, válidas, afinal, Jesus vem com um discurso que rebate grande parte dos costumes rígidos do Velho Testamento, ele ensina novos valores, mas ainda assim a família continua sendo protegida. Aposto que alguém já vem com algum exemplo do VELHO TESTAMENTO para tentar derrubar minha argumentação de que a Bíblia se opõe ao sexo antes do casamento. Mas segura sua onda aí, outro dia a gente discute mais sobre a Bíblia, primeiro você lê, depois faz uma análise sistemática (como um todo - NOVO e VELHO TESTAMENTO) do que está escrito e depois vem me dizer se ela se opõe ou não a tal prática, antes disso, guarde seu exemplo.

É claro que seria muito mais cômodo para a igreja ceder ao clamor social, ela ia "ficar bem na foto", ganhar novos fiéis e etc. Mas ela NÃO pode fazer isso, pois ela iria contra um de seus alicerces centrais, a Bíblia, correndo, assim o risco de perder a sua razão de ser. É tão verdade, que mesmo condenado a prática de sexo sem fins de procriação, ela desenvolve, por exemplo, programas de auxílio aos doentes com DST's e AIDS e com as crianças abandonadas por mães adolescentes: ela não se fecha a essas pessoas, apesar de não concordar com o agir que as deixou assim. O mesmo se diga dos gays: nunca vi um aviso na porta da minha igreja proibindo-os de frequentar a comunidade, pelo contrário, devem ter muitos por lá; nunca vi um sermão que dissesse para expulsarmos-os de lá, digo mais, não vejo olhares tortos para eles. Também nunca vi portas fechadas para divorciados e mães solteiras, caso assim fosse, eu e minha mãe nunca teríamos entrado. Então me diz: cadê a intolerância que afirmam que temos com essas pessoas? Uma coisa é se opor a práticas que ferem os ensinamentos da Bíblia, outra coisa é discriminar aqueles que agem assim. A Igreja Católica até pode se opor, mas não discrimina. Sacou?

Você está entendendo? Ela até enxerga as mudanças culturais, mas ela precisa ser engessada, pois a base dela nunca foi o que é socialmente mais bem visto. Ela sempre afrontou grande parte dos hábitos da sociedade ao longo de sua história, isso desde os primórdios, basta lembrar os motivos que levaram Jesus à crucificação. A Igreja Católica não deve ceder à sociedade, mesmo que isso signifique ser alvo de críticas e até de chacotas. Ela não pode se preocupar com o número de fiéis, ela não deve atirar em um de seus pés para atrair mais fiéis, por isso ela perde fiéis (ela sabe disso). A Igreja Católica sabe que aquilo que sempre pregou não pode mudar só por que a sociedade muda. Não é o HOJE que sustenta a Igreja Católica há tanto tempo, mas o SEMPRE. Se fosse pelo HOJE, ela já teria caído há muitos séculos.

Senhores, não se exautem! Eu não sou fascista e nem democrata cristão, mas também não sou tonto a ponto de achar que a minha igreja deve mudar só porque as pessoas querem. Na verdade, o que deve mudar é a postura das pessoas, não a Igreja Católica. As pessoas só devem buscar a Igreja Católica se sentirem-se identificadas com os valores defendidos por ela (ninguém é obrigado a seguir ideais que não quer) e não a Igreja que deve mudar só para PARECER bonita no quadro social fudido que temos. É fato notório que ela deve tentar se aproximar mais das pessoas, mas para isso não precisa mudar suas bases, essas não devem mudar NUNCA, sob pena de fazermos um transplante de cerébro nela e ela deixar de ser a Igreja Católica para tornar-se a Igreja do Querer Social. Peço sua boa vontade para um exercício mental: imagine que num mundo hipotético todas as pessoas concordassem com a Igreja Católica e só fizessem sexo depois do casamento, você acha que o mundo estaria tão zoneado no aspecto familiar e social? Não, né? Pois é, a igreja pensa o mesmo que você, por isso ela não muda, ela quer aquilo que parece melhor para a sociedade. Mesmo que pareça algo utópico.

Enfim, como eu te disse antes, eu não concordo em tudo com a minha Igreja, muitas vezes me pego indo contra o que ela defende, mas ENTENDO perfeitamente a POSIÇÃO dela. Ela precisa manter-se assim, rígida em alguns temas, mesmo eu preferindo (egoísticamente) que não fosse assim, afinal ia doer menos na MINHA consciência algumas condutas. Mas o jogo é esse, as regras já estão na mesa (desde a morte de Cristo), quem quiser aceitá-las venha até a Igreja Católica; quem não quiser: arrume outra Igreja, crie sua própria Igreja (uma que sempre vá apoiar os seus atos) ou não tenha religião alguma (mas pratique o BEM), só não me venha reclamar da minha Igreja: Ah, isso não!

Escrito por um cara que pensou em ser padre, quis ser professor de História e que vem tentando fazer Direito direito.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Me dê

Mãos frias
Mãos delicadas Mãos calejadas
Mãos brancas Mãos negras Mãos pardas
Mãos pequenas Mãos grandes
Mãos limpas

Mãos que escrevem
Mãos que falam Mãos que veem
Mãos que rabiscam Mãos que desenham
Mãos que compõem Mãos que regem
Mãos que encenam

Mãos que salvam
Mãos que dão Mãos que negam
Mãos que suplicam Mãos que ordenam
Mãos que pedem Mãos que ignoram
Mãos que matam

Mãos loucas
Mãos que estão Mãos que são
Mãos que foram Mãos que serão
Mãos presas Mãos soltas
Mãos tímidas

Mãos que fazem
Mãos que sonham Mãos que desistem
Mãos que constroem Mãos que destroem
Mãos que criam Mãos que copiam
Mãos que descansam

Mãos pobres
Mãos nobres Mãos comuns
Mãos decididas Mãos indecisas
Mãos de Presidente

Mãos portenhas
Mãos latinas Mãos europeias
Mãos de Rosario Mãos de La Plata
Mãos do 10 Mãos de alface
Mano de Díos
http://www.museudofutebol.com.br/images/curiosidades/bolas/img_bola1970.jpg


Mãos normais
Mãos que decidem Mãos que acatam
Mãos artistas Mãos pseudointelectuais
Mãos vaidosas Mãos humildes
Mãos sujas

Mãos verdadeiras
Mãos puras Mãos corruptas
Mãos que abraçam Mãos que agridem
Mãos que traem Mãos fiéis
Mãos que oram

Mãos que gritam
Mãos que celebram Mãos que choram
Mãos que acariciam Mãos que silenciam
Mãos que amam Mãos que odeiam
Mãos que sentem

Me dê as suas mãos

sábado, 4 de setembro de 2010

[Filé com Fritas] Ih, começou a palhaçada... (Parte II)

[FILÉ]

Vencida a insanidade do texto anterior, venho aqui dar continuidade às ideias do texto "Ih, começou a palhaçada... (Parte I)". Ah, antes de eu começar, só quero deixar uma pequena reflexão sobre a insanidade. Dia desses, enquanto via na TV um programa especial sobre hospícios, uma funcionária de um deles disse ter ouvido uma frase, mais ou menos assim, de um "louco": "Maluco é aquele que não foi louco o suficiente para resistir à loucura do mundo lá de fora." Faz sentido, né? Pois é, diante disso, não sei se larguei a insanidade de ontem ou se apenas retornei à ela... Mas deixa estar, vamos ao que interessa!

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpGoGQnMFpYZtnA6ICJGfbYD2VW09FceO9eX0nAt4UotL9NNtaM2Xv7KBN4JN-kohV4lPJgRp4ktYVkG8Clje6khwl2r8xbDzTrfPoy5j7xHgwHF4VZt35VvHVp3P0JB3UBv69dJkq3cw/s400/titulo-de-eleitor.jpg

Quando eu ainda não votava, eu era louco para poder votar, para poder participar, e não entendia como as pessoas não podiam achar isso legal. Eu ainda acho legal, mas entendo perfeitamente a frustração popular com as eleições, mesmo eu que sou tão animado com isso. Os candidatos são tão ruins que acho que votarei nulo para senador e para deputado federal, quanto ao cargo de presidente eu também estou caminhando nesse sentido, afinal, o candidato com as melhores ideias tem apenas um leve defeito: é socialista... hehe

O que o 1º domingo de outubro significa para a maioria das pessoas? A festa da democracia" (conforme dizem na TV)? Não. Eu respondo: um domingo chato em que eu não posso sair de casa sem ter que ir para uma escola cheia de gente votar num desses corruptos que estão por aí. É um dia tão chato que nem bebida é liberada, por sinal, o único dia do ano. Na verdade, tinham que liberar a bebida sim, afinal, tem candidato que para votar nele você precisa antes tomar coragem (tomar uns gorós) e tem outros que a dor na consciência por votar neles é tão grande que só bebendo para esquecer...

Clique nele e veja a propaganda dele na TV (não é vírus) hehe

Mas sério, agora. Se o voto não fosse obrigatório, você acha que a maioria das pessoas iria votar? Eu, sinceramente, acho que ia dar uns 30% ou 40% do eleitorado, isso se não desse menos. Gente, as pessoas estão desiludidas com a política brasileira, não acreditam nos políticos e nem acham que o voto delas pode fazer alguma diferença. Os defensores do voto obrigatório dizem que esse direito foi conquistado com muito esforço, com vidas, com sangue. Pelo povo brasileiro? Não, senhor. Com as vidas de pessoas realmente interessadas num país de voto livre e democrático (os utópicos do século XX). O povão nunca ligou muito para não poder votar para todos os cargos durante a ditadura, ele foi levado a achar que votar poderia ser melhor e acreditou, assim como também julgou que eleger Collor seria o melhor, mas isso se explica, afinal, o povo ganhou um direito que não sabia direito como usar, aí acabou usando de qualquer jeito, resultado: deu Collor! O nosso povo não tinha e ainda não tem uma consciência política desenvolvida, não entende muito o que o voto e os governantes representam.

Se votar é um direito (no sentido usual da palavra), porque eu não posso deixar de exercê-lo? É mais um direito ou dever? Se for direito (como dizem todos aos 4 cantos) eu não posso ser obrigado a exercê-lo, certo? Mas não é isso o que acontece. Sou defensor de que tudo que é feito por obrigação não é feito com muito zelo, inclusive votar. Creio que votar não pode ser uma obrigação, se é direito mesmo, não pode ser obrigação! Que me perdoem os que vão dizer: muitos deram a vida para que o povo pudesse votar, mesmo que seja errado. Eu defendo que conquistamos o direito, mas que não podemos ser obrigados a exercê-lo, afinal, o direito é meu, a escolha nas urnas é minha, eu não preciso fazer uma escolha que eu não quero. O simples fato de eu ter a prerrogativa de votar já é uma vitória, é suficiente, esse direito já é a vitória histórica, o seu exercício é outra questão. Ninguém pode ser obrigado a ser cidadão, no sentido de votar (cidadania engloga muito mais que votar). É recomendável, mas se você não quiser se envolver na vida do país, não se envolva, afinal, esse país é livre e você tem liberdade para fazer suas próprias escolhas. Não está na Constituição que ninguém pode ser discriminado por suas ideologias políticas? Logo, não querer votar é uma opção política e deve ser respeitada.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieeV2_427XsdrmFqt-5_k1dsvwejSYE9HJMBAI-3rtE4gQq9borlWAh51lXYK8jfiokETcgdQotAip-YNFaGGQKpuk-0h4bnxcVyYNiyf-vW3zwHiYVWJz5gjwrNAuuYD5YAobX_01wLok/s1600-r/2Dez-Elei%C3%A7%C3%B5esParlamentoRusso-Christo+Komarnitski.jpg


Não entendo que o povo vai criar consciência política sendo obrigado a votar, isso não nasce desse jeito, envolve muitas outras questões. A verdade é que se houvesse um plebiscito acerca da obrigatoriedade do voto, o "NÃO" venceria. Considerando que o pilar central da democracia é a vontade popular, creio que a vontade do povo deva ser acatada: o voto deve ser facultativo. O pior de tudo é que enquanto ficamos nesse papo furado de "as eleições brasileiras é o maior evento democrático do mundo", esquecemos que no fundo o que gera a "festa da democracia" é um ato autoritário, não democrático: a obrigatoriedade do voto. Os defensores dessa festa estranha de gente esquisita têm receio de passar vergonha, de ficar escancarado para a sociedade brasileira que a maioria das pessoas "está nem aí" para a política e para o futuro do país. É preciso manter o jogo de aparências. Dar o direito de não votar pode abrir uma "caixa de pandora", afinal, ficará exposto o quanto nosso sistema democrático é falho e quanto não somos maduros para a vida democrática...

Defendo que somente aqueles realmente comprometidos com o país e maduros politicamente votem, afinal, esses eu tenho certeza que não deixarão de votar apenas pelo voto ser facultativo e pensam antes de votar. Digo mais, creio que facultar o voto vai diminuir o número de políticos eleitos à base de mentiras contadas ao povo, afinal, mais difícil do que ganhar votos, será convencer o povo a "perder" o domingo. Pode ser que somente os letrados continuem votando, só as classes mais altas da sociedade, mas isso tenderia a mudar com o tempo, posto que a população mais iletrada, que inicialmente deixou de votar por não entender a necessidade e a importância do voto, iria perceber que seu voto realmente pode mudar a ordem das coisas, iria perceber que aqueles eleitos sem a sua participação não são exatamente aqueles que representam o discurso popular, mas o discurso de um pequeno grupo nacional. Isso já acontece na prática, mas o povo não percebe em razão do "oba-oba" que gira em torno das eleições, em razão desse clima de o "povo" escolhendo. A faculdade do voto vai abrir os olhos do povo para a realidade e fazê-lo perceber que seu voto faz alguma diferença, vai torná-lo mais responsável quando decidir votar espontaneamente.

Hoje, o desgosto em votar é tão grande, que além de não entender o valor do voto, as pessoas têm ficado "putas" por serem obrigadas a fazer uma escolha que não querem, por isso estão zoneando com as eleições. Sim, zoneando, sacaneando, escrotizando com os rumos do país. O brasileiro gosta de fazer piada daquilo que não gosta, por isso está votando em pessoas famosas que não têm nada a oferecer à política. A época das urnas de papel trouxe algumas mostras disso, vide o ano em que "mosquito" foi eleito vereador em Vila Velha; casos assim aconteceram aos montes naquela época por todo o Brasil.

Em síntese, ou a gente para com essas farsas de voto obrigatório e de que temos "a maior festa democrática do mundo" e enxergamos o iceberg enorme que está debaixo de nossos narizes afundando o nosso país: um sistema democrático que é uma farsa e que não funciona. Ou a gente vai continuar vendo, eleições após eleições, o país sendo entregue pelo voto popular (pela soberania popular) nas mãos de pessoas que não têm condições de governá-lo. A escrotização das eleições só tende a aumentar ao longo dos anos se nada for feito, é algo natural, zuar com as eleições vai tornar-se a regra! Quem tem olhos e ouvidos, veja e ouça enquanto ainda há tempo. Pode ser que depois seja tarde demais...

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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

[Filé com Fritas] Profano

[FRITAS]

NÃO ME RESPONSABILIZO!

Ela é especial, está sempre de braços abertos para mim. Todos os dias, mesmo naqueles dias em que eu a abraço quase sem expressão, como um peixe morto. Ela não se importa com o fato de eu ser magrinho e de ela ser muito mais larga do que eu, ainda assim ela me quer: TODAS as noites.

Ela me quer e eu a quero, hoje mais do que nunca, é quase sempre assim. Ela me atrai, me chama sem pudor, às vezes seminua, e eu vou. Se bem que muitas vezes eu é que a deixo seminua o dia inteiro, mas acho que ela não se importa muito, afinal, o que importa é que à noite irei despi-la outra vez.

O toque dela é macio, relaxa meus músculos franzinos, mas quase sempre rígidos de tensão, aquela tensão que nem mesmo o banho quente consegue tirar... Adoro ver o branco de seu corpo envolver-se em volta de mim, numa linda mistura café-com-leite. Ela me aquece, sem dizer uma só palavra. Ouve todos os dias os meus pensamentos de fim de dia: as preocupações, os lamentos, os sonhos, os medos, enfim, todas aquelas coisas que eu só sou capaz de dizer a mim mesmo normalmente. Ela não se queixa, ouve cada pensamento meu sem nada dizer. Adormeço sem perceber nos braços dela, talvez ela termine a oração por mim.

Ela não é das mais bonitas, mas a sua constante aparência de limpeza me atrai, principalmente quando ela vem me receber de branco ou azul claro. O cheiro é perfeito, impecável. Aquele cheiro suave de limpeza, mas sem perfume. Ela deve saber que eu sou alérgico à perfume.

Essa semana eu estive brigado com ela, a visitei pouco e ela me cobrou. Ela me quer, desesperadamente, em seus braços por mais tempo. Eu também. Quero senti-la imediatamente. Deixar nossos corpos se encontrarem espontaneamente.

Querida, eu já vou, mesmo que de modo demorado, mas eu vou.

Obrigado, minha CAMA! Eu te amo. Esta obra é para você, peço desculpas por só ter dormido por 2 horas e meia essa noite (0:00 até 2:30). Eu já vou vê-la, mas antes preciso gritar para o mundo o meu amor por você:

EU AMO A MINHA CAMA!

...

Ué? Você achou que eu falava de uma garota? Não, eu só falava sobre minha cama, minha fiel e inseparável companheira. Repare não, é isso que dá dormir pouco, você pira um pouquinho...

Segue o filé. Provável que amanhã. Será filé à "Ih, começou a palhaçada... (Parte 2)"

Ela me quer e eu vou, apenas e não somente, dormir! (frase furtada e adaptada)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ih, começou a palhaçada... (Parte I)

Estava observando o meu blog dia desses e pensei: "Nossa, tá muito melancólico, parecendo um muro das lamentações, preciso retomar imediatamente os temas gerais e abstratos!". Então, eis-me aqui, sem meu "alter ego".


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Sabe a expressão do título? Então, ela foi dita milhares de vezes na última terça-feira, quiçá, milhões de vezes. É assim que uma parte significativa da população brasileira recebeu o início do horário eleitoral gratuito na TV. Na verdade, acho que muita gente deve ter dito assim: "Ih, começou a putaria!", mas achei melhor colocar diferente no título para não soar muito "boca suja". Por que as pessoas reagem assim diante da propaganda política na TV? Por que desligam a TV? Por que esbravejam? Por quê? Por quê? E mais porquês... Elas não gostam de perder a novela? Elas não gostam de perder mais de 30 minutos de lazer em frente a TV após um dia pesado de trabalho? Elas não gostam dos políticos? Talvez um pouco disso tudo. Mas acho que o que mais prevalece é desinteresse político.

As pessoas, em geral, não gostam de políticos. Têm aversão à política. Só gostam de falar dela para reclamar de políticos, da corrupção, para reclamar do salário mínimo... Reclamar, reclamar e reclamar. Só isso. E por quê? Porque, sintéticamente falando, não estão nada satisfeitas com nosso sistema político. As pessoas não se sentem representadas pelos políticos, não se sentem com voz ativa na política, se sentem como marionetes que a cada 2 anos são obrigadas a escolher alguém para governá-las.

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Dia desses, eu li algo do tipo em algum livro de Direito no qual eu estudava: "A essência da democracia é a representação popular, a concretização da vontade popular pelos representantes públicos". Nada novo, é verdade, mas algo que me levou ao seguinte pensamento: "Ok, se o sistema representativo está no alicerce da democracia, o que acontece quando as pessoas não se sentem NUNCA representadas? Algo está errado no sistema, certo?" Aí me perguntei: "Se as pessoas reclamam por não terem as suas vontades concretizadas por seus representantes, será que vale a pena manter esse sistema que desagrada a quase todos? Mantê-lo não seria violar a dita vontade popular?"

Não, eu não defendo a ditadura, mas também não tô muito certo de que a democracia é o que o povo quer. Disse, essa semana, um professor meu que viveu a ditadura: "Talvez a democracia não seja o melhor sistema, mas melhor com ela do que sem ela". O que seria melhor do que ela para atender aos anseios sociais? Vamos viajar um pouco? Então vamos: no fundo, o que se persegue é a concretização da vontade popular, afinal, todo o poder emana do povo (Isso está no art. 1º, parágrafo único da Constituição Federal), os três Poderes! Vamos concretizar essas vontades levando-as às últimas consequências? Bora então! Vamos realizar todos os desejos populares!

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O povo decidiu: não quer mais sistema representativo. O que será que ele quer no lugar? Ele quer, simplesmente, N-A-D-A. Cada um quer se decidir sozinho. Fazer o que der na telha. Ninguém quer votar e nem ser votado. Votar é chato. Campanha política é chata! Político é tudo ladrão! Chega, a gente quer decidir tudo na rua, como na Grécia, mas dessa vez com o POVO de verdade. Acordo 1: Ninguém mais trabalha! Faz só o que quiser o dia todo. Acordo 2: Não há mais vínculos obrigatórios entre as pessoas, cada um faz o que quiser, quando e como quiser. Ah, vai prevalecer a força, então, não haverá mais esse tal de Estado e nem os aparelhos repressivos. dele. Acordo 3: A partir de agora é tudo permitido. Você deve estar pensando: "Credo, será que o povo quer mesmo essas coisas?" Queremos voltar à barbárie? Sim, a gente quer. Queremos ser animais irracionais, viver livremente. Seria, enfim, a concretização do Estado de Natureza de Hobbes, afinal, dizem que tal Estado nunca existiu, não passa de uma criação ficcional. Na verdade, a gente não quer Estado, porque ele não somos nós. Ele representa os interesses de apenas um grupo da população. No fundo, no fundo, o povão não quer o Estado, também não quer a democracia, não quer ter que escolher representantes de sua vontade, ele quer participar, quer tutelar seus próprios interesses, só que isso não pode ser feito por representantes, só você sabe o que de fato você quer. Viu porque a democracia não faz muito sentido? Eu não sou você e você nunca estará totalmente satisfeito comigo como seu representante.

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Sei que o povo brasileiro quer, mas ele nunca vai fazer, afinal, o povo brasileiro não é revolucionário, não curte baderna. A gente nunca precisou de verdade LUTAR (no sentido de cair no braço mesmo) por algo. Não lutamos por independência, pelo fim da monarquia, pela proclamação da República, pelo fim da Ditadura. Sempre houve um grupo tomando frente em eventuais lutas e a massa assistindo. A massa nunca decide para valer. Será que ela lutou pelo fim da Ditadura? Nada. Ditadura ou democracia? Parece tudo igual ao povão. Por ele, ele segue reclamando da democracia por aí até o dia da volta da Ditadura ou o dia do Apocalipse e está tudo bom! Para ele, votar no PSDB e depois votar no PT é a mesma coisa. É tudo igual. E não está totalmente errado não, afinal, os partidos no Brasil não têm uma identidade, ideologias muito definidas. Proponho então criar o "PB do B", o "Partido Brasileirista do Brasil". Aquele que fará sempre o que o povo brasileiro quiser: seja soltar Barrabás ou levar o Neymar e o Ganso para a Copa.

Ah, um ponto delicado, o povo quer o anarquismo, sem querer querendo, mas quer que um símbolo nacional seja mantido intocável: a seleção brasileira. A única eleição da qual ele quer participar é a de novo técnico da seleção, cargo que poderá ser derrubado por meio de eleições regulares. A máquina futebolística precisa ser mantida. A única que precisa. O resto pode cair.

O PB do B vai entrar na luta nas próximas eleições, com a bandeira de que é preciso respeitar a vontade popular, lutar pelo fim de tudo. Defenderá que é preciso acabar com qualquer representação. O povo quer, ele pode. Quero pagar para ver. Ver no que vai dar. Ver quanto tempo isso dura (eu acho que durará eternamente, o povo brasileiro não faz mudanças).

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ATENÇÃO: Isto tudo não passa de uma grande brincadeira, qualquer semelhança com o real é mera coincidência. O PB do B não existe, assim como a democracia também não funciona NO BRASIL. É preciso mudar, talvez de sistema político ou talvez somente a maneira com que encaramos a política, isso é sério, em breve volto com a parte II...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Transe

Foi, sem sombra de dúvidas, uma das sensações mais estranhas que já senti. Eu não sentia minhas pernas, apesar do fato de que eu estava andando no meio da rua naquele exato momento. Na verdade, eu não andava, eram elas que iam me puxando. Por alguns segundos eu percebi que eu sabia para onde ia, mas que eu não estava indo voluntariamente. Elas me puxavam. Ali, naquele momento, no meio dos carros e de toda a agitação da Enseada do Suá, eu percebi que eu DESPERTEI. Percebi a agonia de minhas pernas; percebi que elas pareciam ter desistido de mim em algum momento, pareciam ter percebido que eu estava em transe e que não cabia a elas nada além de me levar aos lugares de sempre; elas pareciam cansadas e sem forças para lutar contra o transe.

Enfim, eu acordara de uma hipnose que durava desde abril. Três anos antes eu já havia sido hipnotizado, mas o desespero para entrar na UFES era tão grande que eu nem sei ao certo se realmente eu estive hipnotizado. Sem perceber eu fui hipnotizado pela bela sirena, eu não dei ouvidos ao Ulisses e não coloquei cera em meus ouvidos, ou melhor, em meus olhos para não vê-la. Também não me amarrei ao mastro para resistir, eu me entreguei por vontade própria ao canto dela.

Desde abril, aquele estado de delírio que ia e vinha com pouca frequência há três anos tornou-se diário. Eu via o rosto dela em todos os lugares; escutava a voz dela por toda parte; ela estava em todo canto. Na verdade, ela não estava. Eu via onde não havia; eu imaginava o que não existia; eu figurava lugares onde a levaria; pessoas a quem a apresentaria; noites frias em que com ela estaria. Eu tinha sem ter. O pior, senhoras e senhores, era que eu realmente acreditava nisso tudo... Por 4 longos meses eu tive crises diária desse jeito. Imagino agora o desespero de minhas pernas ao ver que só elas restavam sãs nesse corpo em transe.

Mas eu acordei, acordei graças à monotonia, ao comum de cada dia. Acordei ao me deparar com um dia comum, um dia parecido (nunca igual) com os outros, no qual eu pude ver que aquele era o real, não havia aquela dimensão que eu imaginei existir por 4 meses enquanto eu fazia o de sempre sem perceber. Eu vivia como aquela pessoa que não tem o que comer e morde o prato imaginando que ali tem uma suculenta coxa de frango. Eu mastigava pedra pensando que comia algo sofisticado. Acordei quando cuspi um dente pra fora. O comum me chamou de volta. Mas não foi tão rápido quanto parece.

Precisei ter um grande azar para perceber que era sorte. Pensando numa luta de boxe, esse episódio de azar que foi de sorte, foi como um direto no meio do meu nariz no começo da luta, um golpe num momento que eu nem me defendia por não achar que precisava. Acusei o golpe. Passei o resto do 1º Assalto (acho mais legal do que round) me segurando nas cordas, até esbocei sair para a luta, mas o gongo soou e fui para o corner. Quando já começava a administrar a dor do soco inesperado, recebo logo mais um no meio da nuca. Ei! Isso não vale, seu juiz, é antidesportivo. Ele fingiu não ver e abriu contagem para mim. Eu ouvia o som da música, percebia, caído ali na lona, que eu fui enganado por mim mesmo, que achei que aguentava entrar naquela luta. A música tocava bem alto, parecia que era para eu ouvir com bastante atenção e entender tudo. Percebi que ninguém dava atenção para a minha agonia no chão, todos pareciam apenas esperar eu admitir logo que não iria continuar na luta, um resultado esperado. Foi nesse dia, quando recebi o segundo golpe, que percebi as minhas pernas perdidas pelas ruas. Foi nesse dia que o comum me chamou de volta ao real. Naqueles segundos em que estive caído no chão sentindo aquela dor silenciosa do 2º golpe, percebi o quanto eu havia me enganado, o quanto eu havia delirado. Mas eu levantei, eu queria acabar a luta em pé (como diria Reginaldo: se é para morrer, que morra em pé!). Voltei à luta, grogue pelos golpes, tudo parecia rodar um pouco, mas eu ainda ouvia a música tocando; então eis que soa o gongo e eu volto para o meu corner pensando que havia, enfim, acordado.

Tarde demais. Apenas ganhei um ar extra, aquele para me levar de volta ao ringue para apanhar mais. Quem ficou até o fim ainda viu um 3º golpe de despedida, daqueles bem vorazes. Fui à lona, enfim. Senti o gosto da derrota, aquele que deixa a boca seca, que tira a voz, mas que te faz acordar de vez, te faz perceber que você errou em algum momento. Eu errei quando deixei, voluntariamente, a sirena me encantar novamente.

O que importa é que nesta semana eu saí do transe (eu acho), o monótono me chamou de volta ao real. Digo às minhas pernas que não têm mais o que temer, eu as guiarei novamente.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

PARA: Papai Noel ( Polo Norte)

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papai Noel,
eu sei que ainda não é natal mas como você ainda deve tá de férias ece mês eu quero te pedi que me visite aqui no brasil. Domingo vai ser dia dos paiz mas eu não tenho pai. Todos os meus amigos tem 1 e eu não tenho nenhum. Eu já pedi pra mamãe comprar um pra mim ano paçado mas ela falou que não podia fazer isso porque não dá pra comprar pai, mas eu acho que ela tá mentindo pra mim porque um amigo da minha sala falou que ele já oviu que dava pra comprar pai sim. Como ela não que comprá um pra mim, eu pedi pra ela arrumá um emprestado pra mim ela riu e disse que também não dava, aí eu fiquei nervoso e falei que ia pedi pra papai do céu cer o meu pai, mas ela falou que ele já era, mas aí eu falei que pai é aquele que vive junto com os filhos, mas que ele não vivia com a gente. Ela falou que vivia sim, que ele estava dentro do coração de cada um e eu não entendi muito não, aí perguntei pra ela se ele podia aparecer de verdade e viver com a gente, mas ela falou que ele vivia com a gente indo com a gente pra onde a gente fosse. Mamãe disse que eu não precisava de um pai porque ela já era meu pai e que se eu continuace falando nisso ela ia voltá a me levar na picicola, a médica que falô que eu tinha que ver o meu pai quando eu pedi ano paçado pra mamãe comprá um. Eu fiquei com medo dela me levar na picicola de novo e falei que não ia pedi pai mais não, eu não quero i nela denovo não.

aí eu parei de falá e comecei a pensá escondido em tentá pegá emprestado um pai e não comprá, aí pensei em você. Ce te chamamos de papai é porque você é pai, então eu pensei se podia te chamar pra ser o meu pai até as suas férias acabarem. Eu queria te mostrá pros meus amigos na escola, mostrá que eu também tenho um pai, i tomar sorvete com você, brincar com a sua barba, brincar de bola, açisti futebol com você e comessá a torcê pro seu time (mesmo se fô flamemgo). Eu queria que você me encinaçe a nadar, a andar de biçicleta, queria que você brincace de boneco e de carrinho comigo, me contace istórias, me encináce coisas de menino, e até me dece bronca. Eu vo cer o filho mais conportado do mundo, eu prometo.

vem de surpresa, não avisa pra mamãe não porque ela pode ficar chateada porque eu pedi otro pai mas eu gosto muinto dela. Eu nunca vi meu pai de verdade, a única veis que eu falei com ele foi por telefone e a gente marcô de ir no parque mas eu fui com a mamãe e ele não foi, aí eu fiquei com raiva e falei com ele que nunca mais eu queria ve ele. Mamãe parece cer um pai mas eu queria te um de verdade mesmo, porfavor papai noel venha, eu serei o menino mais feliz do mundo se você ficá aqui até novembro. Eu sei que você ia vim de graça, mas eu quero te dar um presente de dia dos pais que eu fiz na escola e te dá um abrasso também, você nem ia precisar trazer presente de natal pra mim esse ano.

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Te dou um pouco de real e muito de ficção para dizer que aquilo que eu não entendia por ser criança, hoje entendo melhor. Aquela ausência que eu custei a entender, hoje é parte de mim, do que penso e do que serei. Talvez tenha sido melhor assim, há ausências que são melhores do que presenças, por isso, agradeço em parte ao meu pai por nunca ter aparecido, nem no dia do parque, e agradeço enormemente à minha mãe pelo pai que foi e é, pelo amor em dobro que sempre me deu e que me fez superar aquela ausência que hoje nem sinto. Domingo, você não precisa dá um presente, apenas dê um "obrigado" a quem merecer, seja seu pai, sua mãe, seu tio, sua tia, seu avô, sua avó...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

You only live twice

Estranho. Eu esperei ansiosamente por hoje para vir aqui escrever, mas não estou com muita vontade. Quero ver no que isso vai dar e te convido a aventurar-se comigo por essas linhas seguindo o trilho deixado pela minha falta de vontade.

Por que coloquei esse título na postagem? Logo eu que odeio a língua inglesa com todas as minhas forças e que não acho muito certo escrever coisas em uma outra língua que nem todos os meus leitores conhecem. Pode parecer frescura, mas eu não gosto de que façam isso nos textos que leio, principalmente naqueles livros de Direito nos quais o autor cita trechos em alemão, latim, francês ou italiano e não traduz achando que eu, leitor, tenho obrigação de saber o que está escrito...

Estou percebendo que eu estou enrolando vocês, o texto está beeeeeeeeeem preguiçoooooooooooso ...zzz - Mas então, voltando! Para aqueles que nunca ouviram a frase do título, aparentemente sem muito sentido, explico que a tirei do nome de um dos filmes da série 007, da década de 1960. Em português traduziram para "007 - Só se vive duas vezes" (pronto, traduzi o título para aqueles que não falam nada de inglês). A filha do Frank Sinatra, Nancy Sinatra, gravou uma linda música para o filme, se puder, ouça-a na versão cantada por ela, é uma letra bem bonita, apesar da letra não ter nada a ver com o tema do texto, só mesmo o título dela tem alguma relação com o que eu vou dizer abaixo.


Você tem e-mail? MSN? Skype? Orkut? Facebook? Twitter?... (tá... eu sei que é errado usar interrogação depois reticências, mas deixa assim) Ok, você deve ter pelo menos um deles, certo? Você já parou para analisar como a sua vida passou a ser invadida por essas modernidades, como você abriu as portas da sua privacidade para estranhos? Sim, estranhos. Não me refiro diretamente aos seus contatos, me refiro às empresas que abrigam a sua conta virutal. Ao se cadastrar em qualquer um deles, você permite que essas empresas possam monitorar sua vida de alguma forma: desde os seus dados iniciais que te exigem para criar uma conta até o que efetivamente você conversa virtualmente com os seus contatos. Conspiração? Não! Não é disso que estou falando. Me refiro apenas à forma sutil com que você entregou inconscientemente às grandes corporações o controle sobre informações confidenciais em sua vida.

Sabem o seu nome, localizam de onde você se conecta, sabem que tipo de site você mais frequenta, com qual frequência, sabem qual é o seu time (toda vez que entro na internet brota publicidade de camisas do Palmeiras, acho isso meio estranho...), sabem com quem você interage e, quiçá, o que você conversa por e-mail ou MSN e Skype... Não sei exatamente o que podem fazer com esses dados, mas NÃO ACREDITO EM CONSPIRAÇÕES. Apenas acho peculiar a forma com que cedemos nossos dados sem hesitar perante esses grandes estranhos...


O Orkut (não digo também o Facebook porque não o conheço bem) é o caso que julgo mais interessante. Nele as pessoas são capazes de expor o que têm de mais íntimo, e não é só para a empresa GOOGLE, expõem essas coisas a pessoas estranhas. Postam fotos com parentes, amigos, estranhos da balada. Preenchem um perfil repleto de gostos pessoais. Juntam-se a comunidades que expressam seus gostos e desgostos. Deixam recados (abertos ao público, dependendo da configuração da caixa de recados). Mostram-se alegres. Tristes. Sóbrias. Bêbadas. E por quê? Há um agir consciente nisso? Não há uma resposta simples para isso, há um conjunto de fatores que levam a esse comportamente e eu não sou soberbo a ponto de dizer quais são. Há pessoas que expõem tanto as suas vidas no Orkut que qualquer pessoa atenta que dedique meia-hora fuçando o perfil delas no orkut é capaz de montar um "dossiê" bem completo. Digo isso porque já fiz esse teste (sem fins maléficos, eu garanto!) algumas vezes e gastei menos de meia-hora para montar o dossiê.

Qual era a maior recomendação dada por seus pais (avós, irmãos ou tios) quando você era bem pequeno e ia para a escola? "Não fale com estranhos e não aceite presente de estranhos." Então me responda? Por que, hoje, que você já "entende os perigos do mundo", você fornece tantas informações aos desconhecidos pela internet? Talvez seja algo inconsciente, mas você faz isso com certa frequência. Se um desconhecido, na rua, te pedisse o seu nome completo e alguns dados intimos sobre você, você daria? Provável que não. Mas por que pela internet nem hesitamos em criar contas em dezenas de sites e em dizer quem somos e do quê gostamos?


Eu também faço o mesmo, não quero dar lição de moral em ninguém. Mas quero pensar junto com você sobre essa realidade. Tenho contas de e-mail no gmail, no hotmail e no yahoo, tenho MSN, Skype, Orkut (logo eu que era até maio de 2008 um crítico feroz dessas modernidades). Mas a minha ficha caiu sobre essa realidade no dia em que eu recebi um convite para criar meu Facebook. Eu pensei: "What porra is this? ("Que porra é essa?" - título de um CD do cantor Falcão) Esses caras já sabem meu nome, onde eu moro, meus gostos, sabem minhas senhas, agora querem me furtar mais o quê? Chega! Eu já abri minha privacidade demais para o mundo virtual! Não vou criar um!" Aí lançam o Twitter, aí pensei: "Agora virou putaria... Querem mais o quê? Saber quando eu vou ao banheiro em 140 caracteres? Não! Isso já é demais para mim! Também não vou aderir a esse troço! Vocês já sabem de mais sobre mim." E assim parei de aderir às novas redes sociais...

A verdade, senhores, é que as pessoas estão se entregando demais à vida virtual, estão vivendo apaixonadamente uma segunda vida ao mesmo tempo que a primeira. Para muitos, a segunda já se tornou a primeira! Parei para perceber isso bem um dia em que fiquei chateado ao ver que alguns contatos do meu MSN estavam inativos há muito tempo (logo, pararam de entrar ou me Bloquearam ou me DELETARAM! Que absurdo! Como que tiveram coragem de fazer isso comigo? hehe). A possibilidade de que tivessem me bloqueado ou deletado me fizeram perceber que em minha VIDA VIRTUAL talvez eu não seja tão querido, algo muito estranho para mim, que na VIDA Nº 1 sou sempre tão querido... A mera POSSIBILIDADE de terem feito isso comigo me mostrou que eu tinha uma 2ª vida, na qual eu nem sempre era percebido como eu sou de fato. Preocupante, não? Eu não quero ter uma 2ª vida, eu tenho por mero acidente. Eu sempre jogo coisas assim na regra dos 20 anos (eu não tive uma segunda vida por 18 anos, logo, vivi muito bem com uma só nesse período, assim só tenho uma segunda vida há 2 anos, então dá para descartar!). O problema todo é que algumas vezes a impressão que fazemos sobre alguém a partir da 2ª vida dela reflete no trato que teremos com ela na vida nº 1.


Loucuras do século XXI, no qual os laços se tornam cada vez mais efêmeros; no qual a vida virtual mostra-se mais conveniente do que a real, afinal, na virtual todos os laços podem ser feitos e desfeitos (como na velocidade de um adicionar e um deletar no MSN). Pessoas dizem namorar com pessoas que nunca viram de verdade, que nunca abraçaram, e com a mesma rapidez deixam de namorar essas pessoas. Pessoas dizem fazer sexo pela internet, quando na verdade nunca sentiram o toque da pele da outra pessoa. Pessoas brigam pela internet, xingam-se, falam coisas que não falariam numa briga cara a cara. Pessoas falam horas por MSN e quando se encontram de verdade não têm assunto, mal trocam um "oi". Muitas vezes as pessoas consideram mais verdadeiro um sorriso forçado numa foto com "amigos" colocada no Orkut do que um abraço real de um amigo sincero. Tudo está muito efêmero, parece que viver assim é menos complexo, sempre dá para "deletar" e "adicionar" as pessoas quando for mais conveniente, sem ter que dar explicações; assim como sempre dá para fazer um "control Z" e fingir que tudo sempre foi do mesmo jeito que antes.

Uma vida dentro da outra. Sabe de uma coisa? Acho que "You only live twice" faz algum sentido...

sábado, 17 de julho de 2010

Deixando o vício?

Acho que acabou, né? Odeio despedidas, seja de quem ou do quê for. Sempre me bate uma sensação de saudade, mesmo aquilo que tenha sido ruim deixa um certo vazio; por algum motivo que desafia a lógica, mesmo as coisas ruins ou as pessoas que não me trazem grande estima parecem boas e simpáticas na hora da despedida. Até entendo, mas não gosto da sensação de que algo não vai se repetir nunca mais.

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Mas dessa vez foi diferente, ela se foi sem deixar muitas saudades. Se foi me deixando a sensação de que foi ruim, o que contraria a minha lógica exposto acima. Sou futebolátra assumido (não daqueles capazes de matar por esse amor, mas apenas de sofrer por ele), logo, a Copa do Mundo representa um momento esperado ansiosamente, é o ápice desse amor, o ápice da loucura que guia os amantes do futebol, comigo não é diferente. Mas essa Copa foi diferente...

A Copa começou com um nível técnico (que não é preciso ser nenhum especialista para saber) fraco, muito ruim. Jogos monótonos; placares apertados; empates sem gols; jogadas sem brilho; parecia uma mulher muito bonita, mas recém-acordada e com os cabelos todos bagunçados. Eu e o mundo todo sabíamos que ela tinha potencial para melhorar (daí a lógica da mulher bonita recém-acordada), afinal, em tese, os melhores do mundo estavam lá, mas isso não se deu da maneira esperada.

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Tudo bem que o nível técnico melhorou após a 1ª rodada, mas ainda era pífio, mesmo para mim, um viciado que tem os seus sentidos e o seu senso crítico um pouco abalados diante da Copa do Mundo. Não digo que não ocorreram jogos emocionantes nessa fase inicial, pelo contrário, ocorreram alguns, mas, Sir, não confunda emoção com qualidade, pois um jogo de futebol pode ser considerado BOM por ser emocionante e ainda assim ter sido em qualidade técnica uma senhora porcaria, assim como um jogo pode ser sem emoção (por exemplo: um time engolir o outro em campo sem dar chances de defesa ao adversário) e ser BOM, em razão da qualidade, em razão da vistosidade do futebol jogado por uma das equipes. Assim, tiveram bons jogos na 1ª fase da Copa, jogos muito emocionantes, mas sem a menor qualidade.

Se foi a 1ª fase, aí pensei: "Será que agora que foram embora os ditos times fracos a Copa terá jogos mais vistosos?" Não. Fui enganado, a melhora foi muito tímida. Eu não vi, mas dizem que Japão e Paraguai personificaram a falta de qualidade dessa Copa em um jogo chato, monótono, estudado, medroso, que só foi decidido nos penaltis, olha que valia uma vaga na próxima fase.

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Foi uma Copa muito estranha! Os sul-americanos (Paraguai e Uruguai) pararam de descer a botinada nos adversários e resolveram "jogar" bola; os africanos jogaram um futebol responsável e tático (bem europeu) e ficaram quase todos na 1ª fase na COPA DO CONTINENTE AFRICANO; os japoneses e os coreanos (do sul, obviamente) conseguiram fazer jogos menos inocentes contra os europeus e até surpreenderam; os alemães jogaram um futebol leve e envolvente como os sul-americanos; os brasileiros começaram a jogar um futebol mais defensivo e previsível; "los pibes" de Maradona começaram a jogar bola após uma eliminatória pífia...

A Jabulani merece até um parágrafo só para ela, talvez tenha sido a maior de todas as esquisitices. Eu acho muito estranho uma bola chamar tanta a atenção em uma Copa do Mundo, é sinal que algo não andava bem. Dizem que ela era leve para aumentar o número de gols e deixar os jogos mais emocionantes, mas me pergunto: se nem ela conseguiu foi porque o negócio tava ruim mesmo. Ela me lembra a fita de Super Nintendo que foi lançada pela FIFA para a Copa de 1994, nos EUA, explico: Não é mistério para ninguém que a Copa de 1994 foi uma tentativa desesperada de popularizar o soccer nos EUA, e parece que tal fita de vídeo game foi no mesmo embalo, por quê? Porque tinha opções de jogo chamadas: "crazy ball" e uma outra que não lembro o nome que descaracterizavam o futebol para agradar os americanos. A "crazy ball" deixava a direção dos chutes tortos e os gols saíam de maneira inesperada e com mais frequência, já a outra opção criava um campo eletromagnético em volta do campo que não deixava a bola sair de campo. Coisas para agradar americano, que nunca entenderam como o mundo inteiro é capaz de amar o soccer, um jogo tão monótono, cujos gols demoram para sair, às vezes nem saem... Pois é, a Jabulani foi uma tentativa, real, de implantar a "crazy ball" e deixar o jogo com mais gols, mas o tiro saiu pela culatra, afinal, ela conseguiu deixar os jogos com ainda menos gols.

Outra bizarrice foi o polvo que adivinhava os jogos, isso mostra o quanto a Copa estava interessante... Pense comigo: quais recordações a Copa da África deixará em sua memória para contar aos netos: a Jabulani (a "crazy ball"); o polvo que adivinhava os jogos; e talvez o som das Vuvuzelas. Futebol mesmo eu garanto que você de pouco lembrará, mas não é culpa sua, o bom futebol esteve ausente a maior parte do tempo. Ah, não serei injusto, contarei aos meus netos (que soberba minha falar de netos nesse estágio da vida...) a história de Uruguai e Gana (um BOM jogo pelo aspecto da emoção, mas também fraco técnicamente), só isso eu lembrarei. Ah tá, lembrarei também de contar da pisada do Felipe Melo no Robben. Só!

http://www.abril.com.br/blog/copa-do-mundo-2010/files/2010/07/polvo-espanha-reuters-550.jpghttp://im.r7.com/outros/files/2C92/94A4/2988/228A/0129/93E5/F1B2/68AD/brasil-melo-pis%C3%A3o-hg-20100702.jpg

Amanhã faz uma semana que a Copa acabou e eu já quase não lembro dela, mal lembro quem ganhou a final. Esse é o capítulo mais trágico! Eu ouvi por 2 anos, desde a Eurocopa 2008, que o futebol espanhol é o melhor do mundo. Me perdoem, eu posso não ser especialista em futebol (apesar de eu acreditar que todos entendem um pouco de futebol, não havendo, assim especialistas, mas homens que ganham dinheiro para falar aquilo que é o óbvio), mas eu tive sono em dois jogos da Espanha, sendo que em um deles, contra a Alemanha, eu "pesquei". Falam do refinado e tático toque de bola espanhol, mas para mim não passa de um time que toca bola eternamente e que NÃO chuta à gol. Eles jogam um futebol burocrático, que toca muito e se der faz gol. Contra a Alemanha tocaram ("magicamente" para os especialistas) por 90 minutos e resolveram o jogo com um gol de cabeça (o que existe de mais bruto e selvagem no futebol) do "técnico" zagueiro Puyol, por que tocar tanto? Para ter que resolver com um gol de zagueiro, de cabeça? Igual fazem os times da Série D, no Brasil? Ah, fala sério... Em tese, o campeão mundial é o melhor do mundo no futebol, mas eu me recuso a considerar merecedor desse título um time que só fez 8 gols em 7 jogos, é como se esse futebol tão superior tivesse ganhado todos os jogos por 1x0. Não me curvo ao título espanhol!


E a Holanda? Desses eu tenho até receio de falar. Futebol robôtico, duro, violento e desleal muitas vezes, nada de especial, só cruzamentos na área e chutes de fora da área. Feio. Ah, mas eles estavem invictos há mais de 15 jogos, e daí? Era um futebol de resultado e só. Em nada lembrava a histórica "laranja mecânica", mesmo os holandeses consideraram essa seleção feia, quem sou eu para ir contra? Apesar disso, eu torci por ela na final, não pelo merecimento, mas pela minha antipatia pelo povo espanhol e para calar os que achavam lindo, esplêndido, delicioso, e técnico o futebol espanhol. Eu confesso que torci pela brutalidade do futebol holandês, pela falta de técnica. Eu quis que o mundo acordasse e visse que a Copa toda foi feia como o futebol holandês. Nada mais justo que o feio vencesse o burocrático.


A final foi como eu esperava: sem emoção, sem graça, chata e (como eu previ) sem gols! Amigo, pense: imagine que você nunca viu futebol e resolve pela primeira vez assistir, escolhe exatamente o jogo final da Copa do Mundo, afinal, em tese, seria o supra-sumo do futebol, o ápice do bom futebol, você iria ver o que o futebol tem em seu melhor. Como você se sentiria após Holanda e Espanha? Eu acho que eu nunca mais iria querer ver futebol. Dois times medrosos em campo, com medo de atacar. Futebol sem objetividade, burocrático. Sem jogadas capazes de tirar aquele suspiro. Futebol sem surpresas, previsível. Futebol defensivo. Faltas em excesso. Nada brilhante. O triunfo da tática sobre a técnica. Juro que chegou uma determinada hora que o meu maior desejo foi o de que alguém (mesmo os espanhóis) fizessem logo o gol só para acabar logo com a tortura. Eu não queria ver tudo decidido, outra vez, nos penaltis! Depois não entendem porque os americanos não gostam de futebol: eles tiveram o prazer de ver uma final de Copa entre Brasil e Itália, em 1994, que terminou em 0x0 após 120 minutos de jogo! E para a surpresa deles ainda tiveram jogadores que conseguiram perder penaltis! Foi muito traumático. Dizia Homer Simpson em um episódio sobre futebol: "Talvez eu dê sorte e consiga ver um gol". A final da Copa de 2010 foi a personificação disso, foi para fechar com chave de bosta uma Copa que foi nesse nível.


Eu, futebólatra, me pergunto: será esse o futuro do futebol? Tática acima da técnica. Eu tive medo nessa Copa, afinal, depois de 12 anos vendo futebol semanalmente, eu, pela primeira vez, consegui visualizar esquemas táticos dentro de campo. Eu vi a Holanda marcando por zona a Espanha! M-E-D-O. Eu nunca observo tática, mas dessa vez tava tudo muito claro, tudo muito mecânico, engessado, era impossível não reparar. Será esse o futuro do futebol? Jogadores brucutus, duros; técnicos obcecados por futebol tático?

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Espero que não! Me sinto como um viciado que foi informado que sua droga vai deixar de ser fabricada do jeito que era, que vai ficar mais fraca. Prefiro acreditar que em 2010 aquela mulher bonita acordou um pouco mais descabelada do que deveria, mas que em 2014 ela voltará a ser bela...