domingo, 12 de janeiro de 2020

Domingo

Há um escrito que foi ocultado, como nos tempos do cheiro de carne humana na brasa. A heresia nele contida foi a revelação do amor - palavra/sentimento proibido por quem não se quer deixar amar. Por respeito, fez-se apócrifo o sentimento verdadeiro.

Segue quente. Muito quente. É verão e aquela besteirada toda. Que passe o quanto antes, o sertão vire mar e isto aqui se torne uma Inglaterra de frio - como o seu coração.

É ano novo. Mas seguimos perdendo tempo. Quando acordar, já serão 22h e os braços já serão outros. Será tarde, mas as escolhas terão seus resultados. Tarde da noite, resta dormir e tentar esquecer algumas escolhas e as oportunidades perdidas por indecisão. E tentar sonhar com algo que não se viveu e que, talvez, jamais será vivido.

A vontade, como dito no apócrifo, é abraçar-lhe, beijar-lhe a testa (e que testa) e dizer que está tudo bem e que nada lhe deixarei acontecer. Isto soa bonito, puro, meio parnasiano, uma coisa rural. Mas não é o suficiente. E o que há de errado nisso? Nada. Ninguém é obrigado a ser recíproco. E quando se percebe esta verdade imutável, não se sofre e não se aprisiona.

Aliás, Belo Horizonte é uma merda. Não que tenha a ver com este texto, mas sempre que possível, é necessário que se diga, para que não haja dúvidas: Belo Horizonte é uma cidade bem bosta. Dia desses ouvi que algo "parece merda, mas é delícia". Isto não se aplica a Belo Horizonte, felizmente.