sábado, 4 de setembro de 2010

[Filé com Fritas] Ih, começou a palhaçada... (Parte II)

[FILÉ]

Vencida a insanidade do texto anterior, venho aqui dar continuidade às ideias do texto "Ih, começou a palhaçada... (Parte I)". Ah, antes de eu começar, só quero deixar uma pequena reflexão sobre a insanidade. Dia desses, enquanto via na TV um programa especial sobre hospícios, uma funcionária de um deles disse ter ouvido uma frase, mais ou menos assim, de um "louco": "Maluco é aquele que não foi louco o suficiente para resistir à loucura do mundo lá de fora." Faz sentido, né? Pois é, diante disso, não sei se larguei a insanidade de ontem ou se apenas retornei à ela... Mas deixa estar, vamos ao que interessa!

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Quando eu ainda não votava, eu era louco para poder votar, para poder participar, e não entendia como as pessoas não podiam achar isso legal. Eu ainda acho legal, mas entendo perfeitamente a frustração popular com as eleições, mesmo eu que sou tão animado com isso. Os candidatos são tão ruins que acho que votarei nulo para senador e para deputado federal, quanto ao cargo de presidente eu também estou caminhando nesse sentido, afinal, o candidato com as melhores ideias tem apenas um leve defeito: é socialista... hehe

O que o 1º domingo de outubro significa para a maioria das pessoas? A festa da democracia" (conforme dizem na TV)? Não. Eu respondo: um domingo chato em que eu não posso sair de casa sem ter que ir para uma escola cheia de gente votar num desses corruptos que estão por aí. É um dia tão chato que nem bebida é liberada, por sinal, o único dia do ano. Na verdade, tinham que liberar a bebida sim, afinal, tem candidato que para votar nele você precisa antes tomar coragem (tomar uns gorós) e tem outros que a dor na consciência por votar neles é tão grande que só bebendo para esquecer...

Clique nele e veja a propaganda dele na TV (não é vírus) hehe

Mas sério, agora. Se o voto não fosse obrigatório, você acha que a maioria das pessoas iria votar? Eu, sinceramente, acho que ia dar uns 30% ou 40% do eleitorado, isso se não desse menos. Gente, as pessoas estão desiludidas com a política brasileira, não acreditam nos políticos e nem acham que o voto delas pode fazer alguma diferença. Os defensores do voto obrigatório dizem que esse direito foi conquistado com muito esforço, com vidas, com sangue. Pelo povo brasileiro? Não, senhor. Com as vidas de pessoas realmente interessadas num país de voto livre e democrático (os utópicos do século XX). O povão nunca ligou muito para não poder votar para todos os cargos durante a ditadura, ele foi levado a achar que votar poderia ser melhor e acreditou, assim como também julgou que eleger Collor seria o melhor, mas isso se explica, afinal, o povo ganhou um direito que não sabia direito como usar, aí acabou usando de qualquer jeito, resultado: deu Collor! O nosso povo não tinha e ainda não tem uma consciência política desenvolvida, não entende muito o que o voto e os governantes representam.

Se votar é um direito (no sentido usual da palavra), porque eu não posso deixar de exercê-lo? É mais um direito ou dever? Se for direito (como dizem todos aos 4 cantos) eu não posso ser obrigado a exercê-lo, certo? Mas não é isso o que acontece. Sou defensor de que tudo que é feito por obrigação não é feito com muito zelo, inclusive votar. Creio que votar não pode ser uma obrigação, se é direito mesmo, não pode ser obrigação! Que me perdoem os que vão dizer: muitos deram a vida para que o povo pudesse votar, mesmo que seja errado. Eu defendo que conquistamos o direito, mas que não podemos ser obrigados a exercê-lo, afinal, o direito é meu, a escolha nas urnas é minha, eu não preciso fazer uma escolha que eu não quero. O simples fato de eu ter a prerrogativa de votar já é uma vitória, é suficiente, esse direito já é a vitória histórica, o seu exercício é outra questão. Ninguém pode ser obrigado a ser cidadão, no sentido de votar (cidadania engloga muito mais que votar). É recomendável, mas se você não quiser se envolver na vida do país, não se envolva, afinal, esse país é livre e você tem liberdade para fazer suas próprias escolhas. Não está na Constituição que ninguém pode ser discriminado por suas ideologias políticas? Logo, não querer votar é uma opção política e deve ser respeitada.

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Não entendo que o povo vai criar consciência política sendo obrigado a votar, isso não nasce desse jeito, envolve muitas outras questões. A verdade é que se houvesse um plebiscito acerca da obrigatoriedade do voto, o "NÃO" venceria. Considerando que o pilar central da democracia é a vontade popular, creio que a vontade do povo deva ser acatada: o voto deve ser facultativo. O pior de tudo é que enquanto ficamos nesse papo furado de "as eleições brasileiras é o maior evento democrático do mundo", esquecemos que no fundo o que gera a "festa da democracia" é um ato autoritário, não democrático: a obrigatoriedade do voto. Os defensores dessa festa estranha de gente esquisita têm receio de passar vergonha, de ficar escancarado para a sociedade brasileira que a maioria das pessoas "está nem aí" para a política e para o futuro do país. É preciso manter o jogo de aparências. Dar o direito de não votar pode abrir uma "caixa de pandora", afinal, ficará exposto o quanto nosso sistema democrático é falho e quanto não somos maduros para a vida democrática...

Defendo que somente aqueles realmente comprometidos com o país e maduros politicamente votem, afinal, esses eu tenho certeza que não deixarão de votar apenas pelo voto ser facultativo e pensam antes de votar. Digo mais, creio que facultar o voto vai diminuir o número de políticos eleitos à base de mentiras contadas ao povo, afinal, mais difícil do que ganhar votos, será convencer o povo a "perder" o domingo. Pode ser que somente os letrados continuem votando, só as classes mais altas da sociedade, mas isso tenderia a mudar com o tempo, posto que a população mais iletrada, que inicialmente deixou de votar por não entender a necessidade e a importância do voto, iria perceber que seu voto realmente pode mudar a ordem das coisas, iria perceber que aqueles eleitos sem a sua participação não são exatamente aqueles que representam o discurso popular, mas o discurso de um pequeno grupo nacional. Isso já acontece na prática, mas o povo não percebe em razão do "oba-oba" que gira em torno das eleições, em razão desse clima de o "povo" escolhendo. A faculdade do voto vai abrir os olhos do povo para a realidade e fazê-lo perceber que seu voto faz alguma diferença, vai torná-lo mais responsável quando decidir votar espontaneamente.

Hoje, o desgosto em votar é tão grande, que além de não entender o valor do voto, as pessoas têm ficado "putas" por serem obrigadas a fazer uma escolha que não querem, por isso estão zoneando com as eleições. Sim, zoneando, sacaneando, escrotizando com os rumos do país. O brasileiro gosta de fazer piada daquilo que não gosta, por isso está votando em pessoas famosas que não têm nada a oferecer à política. A época das urnas de papel trouxe algumas mostras disso, vide o ano em que "mosquito" foi eleito vereador em Vila Velha; casos assim aconteceram aos montes naquela época por todo o Brasil.

Em síntese, ou a gente para com essas farsas de voto obrigatório e de que temos "a maior festa democrática do mundo" e enxergamos o iceberg enorme que está debaixo de nossos narizes afundando o nosso país: um sistema democrático que é uma farsa e que não funciona. Ou a gente vai continuar vendo, eleições após eleições, o país sendo entregue pelo voto popular (pela soberania popular) nas mãos de pessoas que não têm condições de governá-lo. A escrotização das eleições só tende a aumentar ao longo dos anos se nada for feito, é algo natural, zuar com as eleições vai tornar-se a regra! Quem tem olhos e ouvidos, veja e ouça enquanto ainda há tempo. Pode ser que depois seja tarde demais...

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4 comentários:

Anônimo disse...

Oi ! realmente, tenho que concordar, o sistema político está caótico e eu sinceramente não sei para onde correr ! Mas procuro fazer a minha parte com o máximo de consciência possível de que minha escolha não só afetará a minha vida, como a de milhões de pessoas.
Obrigada por prestigiar o meu Blog e pelo texto de incentivo !
Vindo de alguém que se expressa tão bem, senti-me honrada !
Grande abraço e seja muito bem vindo !

Don Quasímodo disse...

Eu é quem agradeço a oportunidade de ler coisas tão legais quase que diariamente em seu blog, assim como os comentários deixados aqui e os elogios feitos, que por sinal estão me deixando mimado! hehe

Quanto ao texto, realmente se trata de não ter para onde correr. Nesse cenário caótico nos resta ponderar o que soa MENOS pior e fazer as escolhas com o máximo de consciência possível, ou seja, sem zonear com a chance de mudar, um pouco, as coisas...

Um abração.

Paula Ceotto disse...

É verdade... e parece que temos que votar em 2 senadores. Como se 1 já não fosse difícil o suficiente para escolher. Falta pouco menos de 1 mês e me sinto perdida, mas com vontade realmente de apertar o confirma sentindo que fiz o melhor que pude. Ainda não sei como, até porque não sei se é só impressão, mas estou achando estas eleições muito quietas, mornas; as pessoas não comentam nada, não se exaltam. É como se nem existissem (as eleições).
Gosto de trocar ideias e estou sentindo falta disso nestas eleições.

P.S.: "Nesse cenário, o ilógico torna-se facilmente o lógico, debaixo dos narizes de quase todos, como numa mágica simples feita diante de crianças desatentas". Sim, exatamente isso que eu quis dizer e acho que você soube dizer muito bem no seu comentário. Obrigada.

Don Quasímodo disse...

Nem me lembre que são 2 senadores... Oh, céus!

Quanto ao clima morno das eleições, creio que não seja só impressão sua. De fato, as pessoas estão bem quietas, talvez por terem desistido de vez das eleições por descrença no poder do voto ou porque, de alguma forma, parece que já está tudo decidido, mesmo antes das eleições; nem mesmo os debates na TV estão ocorrendo com frequência... Algo interessante é que até mesmo os candidatos parecem já ter percebido essa calmaria, basta ver a falta de embasamento em diversas propostas apresentadas(parece até que eles fazem isso porque acham que ninguém está prestando atenção).

Ah, quanto ao meu comentário, não há o que agradecer, eu é quem agradeço por ter tido a oportunidade de desenvolver pensamentos a partir do seu texto.

Hasta luego!