quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Amanda

Hoje é dia de texto "choro no banho". Uma "fraquejada", como andam dizendo por aí.

Há um ano e um mês eu escrevi um dos textos mais polêmicos deste blog, na impulsividade de um teclado de celular, deitado em um sofá de uma sala escura da casa de um amigo, numa madrugada de domingo para segunda.

Eu poderia apenas ter ido dormir na cama, mas não... Insisti em ficar escrevendo no breu, na telinha de um celular. Fiz merda. Fui babaca, em alguma medida. Chateei talvez a garota de quem eu mais gostei nos últimos anos.

Hoje penso que fui vaidoso de certo modo.

Se nada acontece, eu também tenho culpa. Muita culpa, talvez. Quem sou eu para me julgar uma "escolha excelente"? Quem sou para me julgar um não-babaca? Fui presunçoso. Quem sou eu para me julgar um cara legal?

Aquilo que considero virtudes pessoais podem ser grandes defeitos na visão alheia. E foda-se. Como disse um amigo meu um tempo atrás, somos babacas grande parte do tempo e estamos em constante luta para tentar não sermos. No fim, é meio isto. Sou mais um babaca, preconceituoso...

Não sou uma escolha melhor. Talvez só uma escolha como as demais. Demorei um pouco a entender isto, porque isto envolve autocrítica e parar de acreditar naquele papo de "você é tão legal, tudo que eu sempre busquei, mas não vai rolar". Tenho me incomodado cada vez menos com as recusas, me recuperado com uma estranha celeridade. Isto me faz sentir-me meio babaca e descrente, mas ao mesmo tempo me sinto mais forte. Menos humano, talvez.

Mais cabeça de gelo, mais "foda-se" e menos sentimento. Uma pena, em alguma medida. Nos últimos 3 anos saí de dentro de minha concha e me ofereci às pessoas, de peito aberto, com intensidade. Tudo está dando certo na vida, resolvi tentar tornar esse "tudo certo" em algo ainda mais completo, alcançar a fronteira final: minha vida afetiva. Fiz coisas que nunca antes tinha tido disposição em fazer. Me empenhei em tentar. Por 3 anos eu resolvi buscar a satisfação afetiva em detrimento das demais. Não busquei "o amor da minha vida". Busquei envolvimento afetivo, misturar as tintas. Falhei, como no aprendizado do inglês. Falhei. E na vida se falha.

Quando se falha, é preciso investigar os motivos. Quando eu penso que estou sendo legal, eu posso estar sendo chato. Quando penso que estou sendo flexível, eu posso estar limitando a liberdade alheia. Quando penso que estou tocando o coração das pessoas, eu posso estar sendo um "romântico" inoportuno. 

Preciso pensar. Entender. Aos 13 anos, pedi um beijo e ganhei um beijo dentro do ouvido. Me retirei de qualquer vida afetiva por 12 anos e só voltei aos 25 anos de idade. Nos últimos 3 anos eu realmente fiz da vida afetiva uma das minhas prioridades, após ignorá-la por anos focado em outros projetos. Eu quis desta vez ter uma vida assim. Quis e tentei. Mas não deu.

Falhei novamente. Tentei tocar o coração das pessoas. Toquei somente o coração que eu não poderia tocar. O resto foram recusas. Recusas justas, afinal. Agora entendo. Me vejo como um homem comum, repleto de defeitos como os demais. Nada de "escolha excelente".

Não dá para continuar falhando sem parar para refletir.

Talvez seja hora de se retirar novamente e deixar pra lá esse negócio de vida afetiva. Me repensar como pessoa. Só voltar quando for hora. Estudar, trabalhar... Levar uma vida como era antes de eu me oferecer às pessoas. Neste momento, sinto que talvez seja a hora de voltar para dentro da concha, do meu mundinho.

Não estamos neste mundo para ser a escolha "suficiente" ou "excelente" de alguém. Tudo que quero é ser um cara cada vez mais honesto e decente. Se eu for honesto e decente, vou sentir-me bem diante do mundo, sendo ou não a escolha de alguém.

Aquela garota, hoje namora. Mudou de planos sobre namorar, ao que parece. Ou talvez o problema estivesse só em mim mesmo. E se for isto, eu tô muito de boa com isto. Porque hoje consigo ver o quanto sou falho. Enfim! Invejo um pouco o cabra que conseguiu tocar o coração dela. Mas e daí? Quero que ela seja feliz. E eu preciso parar de invejar aquilo que não fui capaz de conquistar.

Vou sossegar, viado. Estudar e trabalhar. Tentar ser honesto e decente.

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