sexta-feira, 4 de julho de 2014

Amélie

Hoje vi um filme bem novo. Deve ter só mais de uma década que foi lançado... hahaha
Da série coisas que se faz quando se está de férias.

Le fabuleux destin d' Amélie Poulain (O fabuloso destino de Amélie Poulain)

Conhecem? Imagino que quase todo mundo já teve a oportunidade de ver esse filme na última década. Por todos esses anos tive uma curiosidade inexplicável de ver esse filme; um fascínio anormal. Até mesmo algumas músicas da trilha sonora eu já tinha baixado da internet, mesmo sem ver a obra.


A primeira impressão? Uma obra delicada. Extremamente delicada, aliás. Um filme tão delicado quanto sua protagonista. Cada mínimo detalhe, cada personagem, tudo muito bem trabalhado. Por certo, para quem curte filmes mais objetivos, "O fabuloso destino de Amélie Poulain" é um filme chato, arrastado. De fato, é um filme meio paradão. Mas esse paradão é justamente um reflexo do modo de vida dos personagens da obra. 

Aí é que está o grande charme dessa película: os personagens. Seres comuns. Pessoas normais. Mas tão normais que parecem exóticos. É exatamente isso que a apresentação de cada personagem, dizendo o que eles gostam e detestam parece mostrar. Mostra que seres comuns, na sua intimidade, gostam de coisas incomuns, como enfiar a mão bem fundo em um saco de grãos, mas detestam coisas triviais, como que seus dedos enruguem após um banho quente. Pessoas comuns são apresentadas como se fossem excêntricas. É como se a obra quisesse dizer que, de alguma forma, mesmo as pessoas mais "normais" possuem suas "loucuras".

Amélie é uma menina de vida sem graça. Como tantas pessoas que cruzam conosco todos os dias. Uma menina de trajes simples, de beleza simples e de agir comum. Até que um acontecimento incomum, muda todo o seu destino. Na verdade, não é o destino dela que muda ao encontrar uma caixinha escondida em um buraco de seu quarto, mas o jeito dela conduzir a vida e, consequentemente, de construir seu destino. A personagem passa a fazer coisas incomuns. A fugir do óbvio.


Não consegui segurar as risadas com as traquinagens de Amélie com o quitandeiro e, sobretudo, com seu próprio pai. É hilária a história das viagens do anão de jardim!

É interessante notar que ao mudar sua forma de agir no dia a dia, Amélie passa a alterar a vida de todas as pessoas comuns que estão ao seu redor. Ela passa a produzir novidades, boas e ruins, na vida de todos eles. Passa a tira-los do costume. Tira-lhes do conforto, do marasmo. Mas ao mesmo tempo que muda a vida de todos, Amélie segue mantendo-se omissa em relação aos destinos de sua vida. Não se decide sobre sua vida afetiva. É contraditório. Ela rompe a inércia em direção ao rapaz que lhe atrai, mas quando consegue coloca-lo na sua zona de influência, quase deixa, por inércia, escapar a possibilidade de se relacionar com ele. Ela o conquista com suas condutas de ousadia, porém foge do contato, da relação amorosa, quando percebe que o conquistou.


Amélie tem coragem de lançar novas cores sobre a vida de todos, mas não tem coragem de iluminar sua própria vida. É intrigante. Ela é uma menina boba e atrevida ao mesmo tempo. O mundo precisa de mais meninas como Amélie. Na verdade, acho que devem existir muitas, mas elas devem estar escondidas por aí, ainda se escondendo da vida, dos contatos e dos relacionamentos. Aliás, se eu achar uma "Amélie" que fale francês, eu caso com ela sumariamente. Como é doce e agradável ouvir uma mulher falando francês...

E a atriz? Nunca tinha ouvido falar dela antes, contudo, preciso reconhecer que ela é de uma beleza apaixonante. Beleza simples. Em geral não acho bonito mulheres de cabelo curto como o dela, mas consegui abrir uma exceção. Não sei porque, mas eu achei o rosto da atriz muito igual ao da Catherine Zeta-Jones mais nova. Eu sei, elas não se parecem...

      
                                             Catherine                                          Audrey Tautou

Voltando à personagem, Amélie é fabulosa. Aliás, todos os personagens são fabulosos. Pessoas normais, de vida chata e sem graça até o dia que Amélie começa a criar novidade na vida deles. E aí fica a grande mensagem do filme. A vida é cheia de pontos de conforto. De momentos em que escolhemos não se arriscar e se entregar ao comodismo das coisas que se repetem e não nos exigem novas respostas e atitudes. E os anos passam dessa forma repetitiva e só depois vemos o quanto desperdiçamos. Pessoas normais tendem a ser vegetais, a perguntar "tudo bem" sem realmente se importar com a resposta; a dizer que o tempo está quente só para não ter que movimentar uma conversa de verdade.

"O fabuloso destino de Amélie Poulain" é um filme de história delicada. Que nos toca com sutileza se nos dispormos a analisar cada pequeno detalhe da história. Aliás, são muitos os pequenos detalhes que tornam o filme algo que foge ao roteiro comum do que costumam ser as películas românticas.

Amélie nos convida à vida. A nos expormos um pouco mais. A sairmos de dentro da concha e a nos atirar com ousadia para construirmos nossos próprios destinos fabulosos.

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