sexta-feira, 12 de outubro de 2018

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Ao entardecer, os olhos veem muitas coisas.

A intensidade dos raios de sol penetra no mais fundo de nossas retinas e, por vezes, tocam nossa alma. Sente-se a presença de Deus.

Um olhar que não encontra correspondência no fim do horizonte. Os pensamentos voam pelas janelas. Penso no dia de ontem, no dia de hoje e no dia de amanhã, enquanto o dourado do fim do dia invade o ambiente e meus olhos.

Penso em você ao avistar a cidade que se ergue imponente entre prédios, do outro lado do mar que nos separa. Tomado pela paz divina que invade meu ser, anseio por seus lábios. Outra vez.

Até onde meus olhos conseguem ver, vejo a silhueta de um imponente monte, contornada pela delicadeza dos dedos de Deus ao desenhar o entardecer. Penso em quanta coisa cabe na distância que nos separa do limite de até onde nossos olhos podem ver. Mata virgem. Muito a se desbravar. 

Há um mundo para além de nossos olhos, iluminado pela luz do entardecer. Basta olhar pela janela, algum dia, para perceber. É como se Deus nos desse uma oportunidade por dia.

Basta alongar os olhos e contemplar, como quem olha maravilhado de dentro de uma caravela, após dias de viagem entre as tormentas de um mar de problemas, decepções e descrença em relação ao mundo e às pessoas.

Há uma luz que emana do céu, todos os dias. Ela esteve lá todo o tempo, na verdade. É preciso se dar uma oportunidade de enxergar e vivenciar aquilo que está para além de nossos olhos. Encurtar as distâncias e acreditar que pode haver verdade em corações, afinal, nem todos são alguns. Há muita verdade naquilo que os olhos podem dizer e enxergar.

Ao fim, vem o luar, que hoje, como numa conspiração cósmica, a lua está a sorrir. Sim. Um sorriso naturalmente belo e meio desacostumado, como o seu.

Há agora um luar a iluminar aquilo que os olhos não mais conseguem ver, mas querem explorar.

Há muito a se descobrir.

Basta ir até as janelas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dúvida ao autor: O que seria um sorriso desacostumado?

P.S. Você é inegavelmente um romântico.

Don Quasímodo disse...

Um sorriso desacostumado é um sorriso que se esconde atrás de um rosto sério a maior parte do tempo, um sorriso que não se revela facilmente. Pode ser também outras coisas, mas prefiro deixar sua imaginação preencher esta significância.

Romântico?! Sério?! Fujo deste rótulo como o diabo foge da cruz. Hahaha Em minha cabeçorra, a ideia de alguém romântico traz em si um certo ar de fanatismo, de alguém com sentimentos e sofrimento em excesso, uma coisa meio patológica. Parecer romântico, muitas vezes, afasta as pessoas, faz com que sintam um certo medo de não corresponderem e gerarem sofrimento. Prefiro me considerar alguém que vê uma dose poética no mundo, inclusive nos sentimentos. Talvez seja preconceito meu com a ideia de romantismo, mas prefiro pensar apenas que sou alguém que tenta expressar com poesia e intensidade, sem fanatismo, o que traz no coração.