sábado, 5 de dezembro de 2015

Carta

Esta última semana me falaram de você, referindo-se como sendo a "mulher da minha vida". Achei estranho, pois já não te vejo há não sei quanto tempo e não sinto mais o que sentia por você. Mas quando meu amigo disse que tinha algo a dizer sobre a "mulher da minha vida", sabia que só poderia estar falando de você. 

Sorri amarelamente. Expliquei a ele sobre a mudança de sentimentos, relatei brevemente sobre alguns affairs que vivi enquanto estive longe daqui e tentei lhe convencer de que não sentia mais nada por ti. Não sei se convenci. Ele me disse que te encontrou em um evento e que você estava divinamente linda. Ponderei, marotamente, que você nem é tão bonita, tem o corpo magro... mas ele insistiu que ainda assim você estava linda.

Guardadas as devidas proporções e considerando se tratar de uma infeliz comparação, foi como falar de drogas com um dependente que está há pouco tempo "limpo". Tentei tratar a situação com indiferença, afastar o rótulo de "mulher da minha vida". De fato, não penso mais em você e não idealizo nada, como outrora. Vivi affairs depois que parei de lembrar de você. Me envolvi e até tristeza por outra senti. 

Mas você não se apaga, segue como uma estranha lembrança que insiste em permanecer. Eu sei porque: é uma história mal resolvida, parada no capítulo de introdução. Você é minha Capitu, deixou a eterna dúvida se eu teria conseguido algo com você ou não. E tem um problema. Eu detesto coisas mal resolvidas e não sossego enquanto não dou um jeito de resolver. Talvez eu te veja como um problema a resolver ou uma história a terminar de escrever.

Hoje sou mais objetivo. Lapidado pelas experiências. Se voltar a te encontrar e conseguir algum espaço, talvez eu não vá enrolar muito tempo e vou tentar logo resolver, escrevendo uma conclusão até sem antes passar pelo enredo. Agora é diferente. A introdução já foi escrita lá pelos idos de 2000 e qualquer coisa, não tem como apagar. Contudo, minha filha, se eu tiver interesse de escrever o enredo antes de partir pra conclusão, vou escrevê-lo de forma surpreendente. Tenho menos purismo, arcadismo e inocência em relação a você. Tenho mais objetivismo e, quem sabe, mais "safadismo". Não tenho mais a pretensão de te ter para sempre. Aprendi que umas beijocas, para quem tem língua, é sentimento. Infelizmente. Talvez seja apenas isso que você queira.

Não espero mais nada. Não penso em te encontrar. Mas sei que agora que voltei para a cidade, qualquer hora em um 514/532 desses, isso pode se realizar. Que não falem mais de você como "mulher da minha vida", porque toda vez que falam, isso me faz voltar a lembrar. Talvez você seja o gatilho que preciso ou só um fantasma que vez ou outra eu tenho que encarar.

Minha conclusão é a de que ainda te quero, mas não te quero mais, te quero menos. Daqueles quereres que só temos de vez em quando.

Hoje não.

3 comentários:

Anônimo disse...

Hey, eu sei que essa mulher da qual você vem falando por tanto tempo sou eu. Quer dizer que não sou tão bonita assim, hein? ;) Bem... Agradeço por todas as belas palavras que você me dedicou por todo esse tempo, o conjunto de textos que escreveu para o meu aniversário, por toda a ajuda que você me deu quando precisei. Sério, ninguém havia escrito para mim tão belas palavras, expectativas e sentimentos antes. Demorei a acreditar que fosse eu essa mulher de quem você tanto gostasse, mas pessoalmente eu nunca imaginei que rolasse esse sentimento por sua parte. Quem nunca experimentou um amor platônico, afinal? Eu também tive o meu e acabei sendo o seu. Às vezes não somos correspondidos e isso acontece mais do que queremos acreditar, né? Preferia que você tivesse conversado diretamente comigo sobre essas coisas (mesmo que pela internet); poderia ter sido menos sofrido e algumas perguntas poderiam ter sido respondidas antes (mas entendo que não é fácil). Não foi fácil pra mim quando tive o meu amor platônico, demorou anos até que eu conseguisse falar sobre isso... e meio que não se apaga. Queremos apagar às vezes mas é uma marca, uma boa lembrança... alguém que nos faz lembrar de quem fomos e como queremos ser. Quanto às perguntas, a mais importante delas acredito que seja sobre o "se"... se algo poderia ter rolado entre nós, se a atração era recíproca... Sinto te desapontar, meu querido Don Quasímodo, mas em meu coração fomos e somos amigos. Agradeço por ter te conhecido e por você ser a pessoa que é. Caso queira conversar, pode me procurar (mesmo se estiver com raiva). Você sabe como me encontrar. No mais, desejo-lhe muitas alegrias e realizações na sua vida. Grande abraço! P.

Don Quasímodo disse...

Que loucura! Hahaha Mas também, que alívio. Sei lá. Acho platônico algo muito forte (meio doentio); ou porque eu não entenda o sentido da palavra ou porque realmente seja muito forte. De toda forma, não há raiva, ressentimento ou algum outro sentimento ruim. Não sei porquê, mas neste momento estou rindo disso tudo, e não é de nervosismo. É um riso leve. Nesse momento você deixa de ser Capitu e volta a ser a pessoa estimada que era antes dessa longa "viagem". Muito obrigado! É realmente gostoso quando as cartas voltam com respostas. Sobre sua beleza, veja bem, escrevi que você não é "tão" bonita, então não estou negando sua boniteza =P Abraço!

Anônimo disse...

Ei, desculpe a demora. Bem, não é que seu comentário precise de resposta, mas fico feliz que esteja aliviado. Prefiro mesmo ser estimada do que ser Capitu, rs. E saiba que também te estimo. Que possamos seguir com o riso leve! E sobre minha beleza... Eu estava só implicando com você :) Abraço e tudo de bom!P.