sexta-feira, 20 de abril de 2012

Papel de pão

Prezado,
Às vezes sinto medo de suas inseguranças. Às vezes sinto medo de sua dedicação. Às vezes sinto medo de sua seriedade. Às vezes sinto medo de sua maluquez. Às vezes sinto medo de sua indecisão. Às vezes sinto medo de sua fraqueza. Às vezes sinto medo de sua disposição. Às vezes sinto medo de que você chegue onde quer chegar. Às vezes sinto medo de onde você vai chegar. Às vezes sinto medo dessa sua mania de se atirar desesperadamente acreditando que dá.
Às vezes sinto medo dos outros. Às vezes sinto medo de quem o elogia. Às vezes sinto medo de quem não aposta que você seja capaz. Às vezes sinto medo de quem faz juízos sobre você. Às vezes sinto medo de seus preconceitos. Às vezes sinto medo de suas opiniões. Às vezes sinto medo de seus momentos de fúria. Às vezes sinto medo de sua tranquilidade benevolente. Às vezes sinto medo de seus vícios. Às vezes sinto medo de sua ausência de vícios. Às vezes sinto medo de sua educação. Às vezes sinto medo das mulheres que não beijou. Às vezes sinto medo das mulheres que vão querer beijar você. Às vezes sinto medo de sua omissão. Às vezes sinto medo de seu agir extremado.
Às vezes sinto medo de seus pensamentos. Às vezes sinto medo de seus acertos. Às vezes sinto medo de seus erros. Às vezes sinto medo dela. Às vezes sinto medo daquilo que você não entende. Às vezes sinto medo do senhor seu chefe. Às vezes sinto medo do que você come. Às vezes sinto medo do que você desenha. Às vezes sinto medo das mulheres feias das quais você sente pena. Às vezes sinto medo dos seus momentos de soberba. Às vezes sinto medo do seu grito ausente. Às vezes sinto medo da sua morte. Às vezes sinto medo da sua sorte. Às vezes sinto medo dos seus medos. Às vezes sinto medo.
Às vezes sinto medo de mim.

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