Antes de começar esta postagem, pensei um pouco sobre o que me movia a escrevê-la: seria inveja? Dor de cotovelos? Se fosse, eu nem escreveria. Mas pensando bem concluí que não são essas as minhas motivações.
Dizem que o homem contemporâneo (ocidental) é sedentário e tende à obesidade, tendo em vista sua má alimentação, o stress e a pressa de seu cotidiano, bem como as facilidades tecnológicas e blá blá blá. Diante disso, soa bem ouvir que alguém entrou na academia, não soa? Soa como algo do tipo: "Que bom! Fulano agora está fazendo exercícios; cuidando de sua saúde."
Mas será que as pessoas que buscam uma academia estão mais preocupadas em melhorar a qualidade de vida ou em melhorar a estética? É claro que ambos objetivos podem andar juntos, até porque ambos são resultados naturais da prática de exercícios. No entanto, creio que é temeroso quando o único resultado pretendido pelas pessoas seja a melhora da estética ou quando o primeiro objetivo perseguido seja a estética e depois a qualidade de vida. Aonde quero chegar? Indo direto ao ponto: por que a moçada anda malhando tanto?
Sinto que a maioria dos jovens que malham nem pensam em melhoria da saúde quando entram em uma academia, até porque nós (jovens) não temos (em geral) tantos problemas com taxas quanto os mais velhos, nem temos, como eles têm, um cotidiano tão cheio de ocupações que nos impessam de fazer qualquer atividade física ou de nos alimentarmos bem. Os membros não doem, a flexibilidade é quase perfeita, tudo parece estar no lugar e por aí vai. Enfim, estamos no auge da saúde física! Mas ainda assim, alguns jovens pensam que vão morrer se não entrarem logo numa academia. E pergunto: por quê?
Aí entra mais uma das minhas divagações... Porque estão preocupados principalmente (ou apenas) com o aspecto estético. Os rapazes querem músculos que impressionem e as garotas querem uma silhueta atraente. Vou focar meu discurso apenas nos rapazes, afinal, desse universo eu entendo bem por ser homem.
Mais músculos. Por quê? Para alguns, ter muitos músculos é bom porque as garotas parecem gostar de homens fortes (talvez seja até algo genético, algo ligado a um senso das fêmeas de buscar um macho que as dê proteção), e, para outros, são bons porque intimidam os outros caras. Ou seja, ter muitos músculos parece dar uma sensação de poder: poder de atrair o sexo oposto e poder de luta contra os demais do seu gênero. Me perdoem, mas são ideias que me soam muito pré-históricas; me soam como: "poder de escolher as mulheres que quiser e de as puxar pelos cabelos, e, força para brigar com os outros machos e não morrer". Não parecem serem essas as preocupações centrais da vida de um homem pré-histórico? A reprodução e o poder de brigar pela caça? Senhores, de alguma forma estamos regressando à pré-história.
Será que o volume dos músculos de um homem eram tão relevantes em sua vida na época dos nossos pais? Será que nossos pais eram preocupados em ter músculos fortes para conseguir fazer as coisas da vida? Ou era apenas para seduzir as mulheres? A sensação que tenho (nada científica) é a de que por evolução a tendência do homem seja evoluir cada vez mais para um corpo com pouca tendência a desenvolver os músculos. Por quê? Porque o mundo nos exige cada vez menos força para fazer as coisas. Tudo é feito para exigir pouca força do homem: seja trabalhando nas lavouras; seja ao volante de um carro; seja numa indústria; seja fazendo rotinas domésticas. Há máquinas para tudo; tudo é feito para ser leve, macio, requerer o mínimo possível de força. Se é assim, para quem acredita em evolução, parece que o destino é o atrofiamento dos músculos. Essa é a minha conclusão nada científica e sem qualquer embasamento técnico.
Nesse contexto, a meu ver, queremos músculos salientes por motivos fúteis: para desfilar com eles por aí; não porque ser forte é uma necessidade e nos facilite tanto as atividades da vida. Eu, por exemplo, tenho uns 1,77 m de altura e uns 63 Kg (sou magro), tenho músculos pouco salientes e não sinto muitas dificuldades na vida. Dá para viver normalmente. Ah, é claro que eu não sou um garanhão, mas tirando o lado da preferência feminina eu vivo normalmente como qualquer marombado.
Tirando de lado o objetivo "seduzir as garotas", a moçada está "se armando" para o quê? Está em busca de mais força para fazer o quê? Para abrir todos os frascos de vidro que lhe aparecerem pela frente? Para guiar cavalos xucros? Para trabalhar na lavoura e carregar uns sacos de café nas costas? Acho que não, né? Pra quê então músculos tão firmes? Ora pois! É para intimidar e brigar com os demais machos. É para cair no braço sem medo. Sabe o que é isso? Cultura de conflito; de guerra. Uma cultura individualista na qual cada um "se arma" até os dentes para quando se sentir ameaçado defender seus interesses no braço. Conversar para quê? Apesar de ser o poder de diálogo uma das características que dão racionalidade à raça humana, parece que nossos jovens marombados querem ser irracionais, salvagens. "Ah, Don Quasímodo. Você está sendo muito radical." Será mesmo? Olhe para o perfil dos caras que vão malhar. Converse com eles e pergunte o que buscam malhando. Pergunte se é saúde a preocupação principal. Por que os lutadores de UFC estão cada vez mais populares. Por que essas lutas dão tanta audiência? Quem não quer ver os gladiadores do século XXI numa gaiola se batendo até um deles ficar bem destruído? Quem não comentou o chute que o Anderson Silva deu na cara do Vitor Belfort? Chute na cara é legal, né? Ah tá, estou exagerando... Desculpe.
De alguma forma estamos voltando a ter uma cultura na qual os corpos necessitam ser atléticos. Não basta ser saudável, tem que ser atlético. Os gregos cultuavam os corpos atléticos em razão da cultura de guerra na qual viviam; em razão do contexto de constantes guerras da época. E nós? Não precisamos guerrear usando nossos corpos, né? Em regra não, mas isso está mudando agora, pois estamos recriando uma cultura de guerra (que remonta à pré-história em alguns momentos). Precisamos estarmos prontos para brigar, independente do motivo. E o pior, brigar tem se tornado um prazer para muitos. O prazer de bater.
Cultuamos os corpos atléticos. Buscamos corpos bonitos e não necessariamente saudáveis. Entendeu? Hoje, corpos atléticos não são necessariamente corpos saudáveis. Entendeu o tamanho do problema? Ser saudável não é o principal; precisamos ser atléticos, termos músculos que impressionem, ainda que não saibamos ao certo porquê. Anabolizantes servem para quê? Ah tá... O negócio é ter músculos salientes, custe o que custar. O problema é que na falta de utilidade prática para tantos músculos temos regressado à pré-história...
Apesar de não ter muito a ver com a temática central, recomendo o filme "Clube da luta".
E aí? Pareceu dor de cotovelos de um cara sem músculos salientes?
Dizem que o homem contemporâneo (ocidental) é sedentário e tende à obesidade, tendo em vista sua má alimentação, o stress e a pressa de seu cotidiano, bem como as facilidades tecnológicas e blá blá blá. Diante disso, soa bem ouvir que alguém entrou na academia, não soa? Soa como algo do tipo: "Que bom! Fulano agora está fazendo exercícios; cuidando de sua saúde."
Mas será que as pessoas que buscam uma academia estão mais preocupadas em melhorar a qualidade de vida ou em melhorar a estética? É claro que ambos objetivos podem andar juntos, até porque ambos são resultados naturais da prática de exercícios. No entanto, creio que é temeroso quando o único resultado pretendido pelas pessoas seja a melhora da estética ou quando o primeiro objetivo perseguido seja a estética e depois a qualidade de vida. Aonde quero chegar? Indo direto ao ponto: por que a moçada anda malhando tanto?
Sinto que a maioria dos jovens que malham nem pensam em melhoria da saúde quando entram em uma academia, até porque nós (jovens) não temos (em geral) tantos problemas com taxas quanto os mais velhos, nem temos, como eles têm, um cotidiano tão cheio de ocupações que nos impessam de fazer qualquer atividade física ou de nos alimentarmos bem. Os membros não doem, a flexibilidade é quase perfeita, tudo parece estar no lugar e por aí vai. Enfim, estamos no auge da saúde física! Mas ainda assim, alguns jovens pensam que vão morrer se não entrarem logo numa academia. E pergunto: por quê?
Aí entra mais uma das minhas divagações... Porque estão preocupados principalmente (ou apenas) com o aspecto estético. Os rapazes querem músculos que impressionem e as garotas querem uma silhueta atraente. Vou focar meu discurso apenas nos rapazes, afinal, desse universo eu entendo bem por ser homem.
Mais músculos. Por quê? Para alguns, ter muitos músculos é bom porque as garotas parecem gostar de homens fortes (talvez seja até algo genético, algo ligado a um senso das fêmeas de buscar um macho que as dê proteção), e, para outros, são bons porque intimidam os outros caras. Ou seja, ter muitos músculos parece dar uma sensação de poder: poder de atrair o sexo oposto e poder de luta contra os demais do seu gênero. Me perdoem, mas são ideias que me soam muito pré-históricas; me soam como: "poder de escolher as mulheres que quiser e de as puxar pelos cabelos, e, força para brigar com os outros machos e não morrer". Não parecem serem essas as preocupações centrais da vida de um homem pré-histórico? A reprodução e o poder de brigar pela caça? Senhores, de alguma forma estamos regressando à pré-história.
Será que o volume dos músculos de um homem eram tão relevantes em sua vida na época dos nossos pais? Será que nossos pais eram preocupados em ter músculos fortes para conseguir fazer as coisas da vida? Ou era apenas para seduzir as mulheres? A sensação que tenho (nada científica) é a de que por evolução a tendência do homem seja evoluir cada vez mais para um corpo com pouca tendência a desenvolver os músculos. Por quê? Porque o mundo nos exige cada vez menos força para fazer as coisas. Tudo é feito para exigir pouca força do homem: seja trabalhando nas lavouras; seja ao volante de um carro; seja numa indústria; seja fazendo rotinas domésticas. Há máquinas para tudo; tudo é feito para ser leve, macio, requerer o mínimo possível de força. Se é assim, para quem acredita em evolução, parece que o destino é o atrofiamento dos músculos. Essa é a minha conclusão nada científica e sem qualquer embasamento técnico.
Nesse contexto, a meu ver, queremos músculos salientes por motivos fúteis: para desfilar com eles por aí; não porque ser forte é uma necessidade e nos facilite tanto as atividades da vida. Eu, por exemplo, tenho uns 1,77 m de altura e uns 63 Kg (sou magro), tenho músculos pouco salientes e não sinto muitas dificuldades na vida. Dá para viver normalmente. Ah, é claro que eu não sou um garanhão, mas tirando o lado da preferência feminina eu vivo normalmente como qualquer marombado.
Tirando de lado o objetivo "seduzir as garotas", a moçada está "se armando" para o quê? Está em busca de mais força para fazer o quê? Para abrir todos os frascos de vidro que lhe aparecerem pela frente? Para guiar cavalos xucros? Para trabalhar na lavoura e carregar uns sacos de café nas costas? Acho que não, né? Pra quê então músculos tão firmes? Ora pois! É para intimidar e brigar com os demais machos. É para cair no braço sem medo. Sabe o que é isso? Cultura de conflito; de guerra. Uma cultura individualista na qual cada um "se arma" até os dentes para quando se sentir ameaçado defender seus interesses no braço. Conversar para quê? Apesar de ser o poder de diálogo uma das características que dão racionalidade à raça humana, parece que nossos jovens marombados querem ser irracionais, salvagens. "Ah, Don Quasímodo. Você está sendo muito radical." Será mesmo? Olhe para o perfil dos caras que vão malhar. Converse com eles e pergunte o que buscam malhando. Pergunte se é saúde a preocupação principal. Por que os lutadores de UFC estão cada vez mais populares. Por que essas lutas dão tanta audiência? Quem não quer ver os gladiadores do século XXI numa gaiola se batendo até um deles ficar bem destruído? Quem não comentou o chute que o Anderson Silva deu na cara do Vitor Belfort? Chute na cara é legal, né? Ah tá, estou exagerando... Desculpe.
De alguma forma estamos voltando a ter uma cultura na qual os corpos necessitam ser atléticos. Não basta ser saudável, tem que ser atlético. Os gregos cultuavam os corpos atléticos em razão da cultura de guerra na qual viviam; em razão do contexto de constantes guerras da época. E nós? Não precisamos guerrear usando nossos corpos, né? Em regra não, mas isso está mudando agora, pois estamos recriando uma cultura de guerra (que remonta à pré-história em alguns momentos). Precisamos estarmos prontos para brigar, independente do motivo. E o pior, brigar tem se tornado um prazer para muitos. O prazer de bater.
Cultuamos os corpos atléticos. Buscamos corpos bonitos e não necessariamente saudáveis. Entendeu? Hoje, corpos atléticos não são necessariamente corpos saudáveis. Entendeu o tamanho do problema? Ser saudável não é o principal; precisamos ser atléticos, termos músculos que impressionem, ainda que não saibamos ao certo porquê. Anabolizantes servem para quê? Ah tá... O negócio é ter músculos salientes, custe o que custar. O problema é que na falta de utilidade prática para tantos músculos temos regressado à pré-história...
Apesar de não ter muito a ver com a temática central, recomendo o filme "Clube da luta".
E aí? Pareceu dor de cotovelos de um cara sem músculos salientes?
3 comentários:
Não estamos regredindo, na verdade, nunca saimos do lugar.
Talvez em matéria de instintos animais de sobrevivência/reprodução/guerra, nunca tenhamos saído do lugar. Mas em matéria de culto ao corpo atlético, creio que estejamos regredindo sim (ao menos no Brasil), se considerarmos que em outros momentos históricos corpos atléticos não foram tão valorizados, como indicam as obras de arte do passado.
Por esse ponto de vista, então estamos melhorando, pelo menos mais saudáveis, senão pocar o fígado de bomba.
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