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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

July

Por 10,
Muda-se:
A versão
E a gestão.

Depende dos zeros.
Alguns combinam,
Muitos dividem,
Poucos eliminam. 

Nas noites tristes,
Reais não resolvem,
Fantasias consolam,
Centavos rememoram.

Perde-se a rima,
A mina,
Tristeza que desatina,
Sem obra-prima.

Em outros tempos,
Julho era festa,
De uma beleza pueril.
Inocente fantasia.

Hoje, julho foi descrença,
Carrossel de desgraças.
Ensinou com sadismo,
Não houve arcadismo.

Aproxima-se o desfecho,
Mais um fim.
Sem começo,
Um final ruim.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Carta

Esta última semana me falaram de você, referindo-se como sendo a "mulher da minha vida". Achei estranho, pois já não te vejo há não sei quanto tempo e não sinto mais o que sentia por você. Mas quando meu amigo disse que tinha algo a dizer sobre a "mulher da minha vida", sabia que só poderia estar falando de você. 

Sorri amarelamente. Expliquei a ele sobre a mudança de sentimentos, relatei brevemente sobre alguns affairs que vivi enquanto estive longe daqui e tentei lhe convencer de que não sentia mais nada por ti. Não sei se convenci. Ele me disse que te encontrou em um evento e que você estava divinamente linda. Ponderei, marotamente, que você nem é tão bonita, tem o corpo magro... mas ele insistiu que ainda assim você estava linda.

Guardadas as devidas proporções e considerando se tratar de uma infeliz comparação, foi como falar de drogas com um dependente que está há pouco tempo "limpo". Tentei tratar a situação com indiferença, afastar o rótulo de "mulher da minha vida". De fato, não penso mais em você e não idealizo nada, como outrora. Vivi affairs depois que parei de lembrar de você. Me envolvi e até tristeza por outra senti. 

Mas você não se apaga, segue como uma estranha lembrança que insiste em permanecer. Eu sei porque: é uma história mal resolvida, parada no capítulo de introdução. Você é minha Capitu, deixou a eterna dúvida se eu teria conseguido algo com você ou não. E tem um problema. Eu detesto coisas mal resolvidas e não sossego enquanto não dou um jeito de resolver. Talvez eu te veja como um problema a resolver ou uma história a terminar de escrever.

Hoje sou mais objetivo. Lapidado pelas experiências. Se voltar a te encontrar e conseguir algum espaço, talvez eu não vá enrolar muito tempo e vou tentar logo resolver, escrevendo uma conclusão até sem antes passar pelo enredo. Agora é diferente. A introdução já foi escrita lá pelos idos de 2000 e qualquer coisa, não tem como apagar. Contudo, minha filha, se eu tiver interesse de escrever o enredo antes de partir pra conclusão, vou escrevê-lo de forma surpreendente. Tenho menos purismo, arcadismo e inocência em relação a você. Tenho mais objetivismo e, quem sabe, mais "safadismo". Não tenho mais a pretensão de te ter para sempre. Aprendi que umas beijocas, para quem tem língua, é sentimento. Infelizmente. Talvez seja apenas isso que você queira.

Não espero mais nada. Não penso em te encontrar. Mas sei que agora que voltei para a cidade, qualquer hora em um 514/532 desses, isso pode se realizar. Que não falem mais de você como "mulher da minha vida", porque toda vez que falam, isso me faz voltar a lembrar. Talvez você seja o gatilho que preciso ou só um fantasma que vez ou outra eu tenho que encarar.

Minha conclusão é a de que ainda te quero, mas não te quero mais, te quero menos. Daqueles quereres que só temos de vez em quando.

Hoje não.

sábado, 2 de julho de 2011

[JUBILEU] Xepa

Ele estava em uma semana decisiva em sua vida, mas ainda assim queria encontrar tempo para presenteá-la, o problema era que ele não sabia o que fazer, ou melhor, como fazer. Antes de tudo, precisava encontrá-la, o que não seria nada fácil. Procurou, fuçou, revirou, mas não achou. É... Não tinha muito a se fazer. Apesar disso, sabe como é, né? As vontades têm vida própria e vêm e vão quando bem entendem.

Então, ao fim de mais um incomum dia frio naquela cidade litorânea, sentou-se todo agasalhado à mesa, pegou uma xícara do café requentado do dia anterior e começou a matutar o que poderia fazer para presenteá-la. No frio da madrugada, enquanto o vento travava uma feroz luta contra o vidro das janelas, lá estava ele fazendo fluxogramas, gráficos, mapas... Pensou em chamá-la pra sair: quem sabe uma caminhada na praia ao entardecer? Ou então uma ida ao cinema? Quiçá uma ida ao estádio? Calculou as probabilidades. Poucas. E esbarrou, mais uma vez, na dificuldade em encontrá-la...

Os primeiros raios de sol já viam dançando pelos céus, quando, enfim, Eureka! Chegou a uma ideia após meter a mão nos bolsos do casaco e encontrar alguns Cruzados e duas moedas de centavos de Real. Decidiu presenteá-la com palavras.

Levantou-se rapidamente da mesa. Pegou as chaves sobre o sofá. Desceu os quatro andares de escadas e saiu correndo pelas ruas às 5:30 da manhã. E corria; e como corria! Encarava o vento frio das ruas ainda desertas com o peito. Ia pegando todas as palavras que via nas calçadas, nos letreiros, nos prédios, nos outdoors. Ia correndo sem destino. Correndo. Livre pelas ruas, caçando a liberdade das palavras.

Ao fim de 30 minutos, já havia feito a xepa. Já havia pegado todas as palavras que viu pelas ruas. Palavras simples, sem sofisticação, algumas até erradas. Chegou em casa com a adrenalina à flor da pele e sem esboçar qualquer cansaço, apesar da noite em claro e da caçada enlouquecida pelas ruas. Jogou as palavras todas sobre o papel. E começou.

Foram dias assim. Escrevendo. Escrevendo. Escrevendo. Juntando. Separando. Não dormia. Não sentia fome, nem sede. Alimentava-se das palavras e elas lhe bastavam. Era preciso comemorar o jubileu que se aproximava, preparar uma homenagem para ela. Só pensava nisso e em mais nada. E assim fez. Foram 6 dias assim. Um texto para cada dia. Até chegar a esse aqui. Ele sabia que ela não iria receber a homenagem, mas ainda assim quis fazer uma singela e silenciosa homenagem ao seu jubileu de zircão.

Terminado o último texto, ele pegou as palavras que ainda tinham sobrado e as jogou pela janela, para que voassem. Voassem. Voassem. Voassem. E chegassem ao mais longe que pudessem.

Talvez algum dia ela descobra a homenagem, mas isso não é o mais importante.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

[JUBILEU] Fio de voz

Não tenho voz,
Mas preciso lhe dizer.
Eu tento gritar
E você finge não entender.

Preciso de voz
Ou de um megafone;
Talvez de um viva voz
Ou quem sabe do seu telefone.

Alô,
Tem alguém aí?
Consegue me ouvir?
Tu tu tu tu...

Se eu tivesse apenas um fio de voz
Eu virava o jogo;
Eu ganhava a eleição,
Eu tornava tudo novo.

O que sai é apenas uma voz entalada,
Embargada,
Sem força,
Sem nada.

Quero apenas um fio,
Ainda que fino.
Com ele teço uma conversa
E te trago ao meu mundo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

[JUBILEU] O Texano e o Quadrado

Duelo.
Dois mundos num só.
De um lado o Texano
De outro um qualquer.

Rosa de tão branco
De cabelos loiros rebeldes ao vento
Com ar de relaxado
Posa de bem humorado.

De outro lado o comum.
A cor misturada
A atmosfera cerrada
Brilho nenhum.

O mundo do Texano é um mundo green
Onde tudo é sempre blue
Sem reais preocupações na vida
Tudo é azul.

De outro lado o bobo
Suas preocupações com o mundo
A prosa agressiva
O não poder perder nenhum segundo.

Mas é isso aê!
Diversidade é assim:
Um lúcido na madrugada
Outro bebendo umas geladas...

Vivas ao Texano!
À poesia!
Ao mundo de vidro!
À hipocrisia!

terça-feira, 28 de junho de 2011

[JUBILEU] Arc de Triomphe

E lá se vai mais um pedaço:
Uma parte que fica,
Uma parte que vai.
E parece que tudo ficou pra trás.

O ar de dever cumprido
A sensação de ir ao extremo
O silêncio da satisfação
A leveza da liberdade.

O corpo que dança estático
Os batimentos ao som da adrenalina
A coragem à flor da pele
O grito da transpiração.
Superação.

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

segunda-feira, 27 de junho de 2011

[JUBILEU] Não vai subir ninguém!

É preciso ir.
Ainda que ficando.
Então diga ao povo que fico,
Ainda que andando.

Sendo vou estando,
Vou andando ficando,
Vou indo sendo,
Vou estando andando.
Vou.

Pra onde soul?
Dois pra cá.
Quem vou?
Dois pra lá.

Quer saber?
Isto é tudo fuleragem!
Larga mão de ser besta!
Vai indo ficando
E acaba com essa viadagem.

Cansei!
Este negócio de ir ficando
É puro problema verbal.
No fim, quem vai sempre fica,
Quem fica sempre vai.

À garota de nariz torto