Raiva, muita raiva. Hoje eu escreverei com fúria! Detesto a sensação de que eu possa estar sendo feito de besta. Gosto de franqueza e de honestidade em tudo, por mais dolorido que isso possa ser algumas vezes, por isso, não ligo se você agir assim comigo, até prefiro. Entendido? Ok. Vamos ao texto então (sinto que hoje sairá em menos de 1 hora, só não sei se estará tão bom, mas quer saber? Dane-se, hoje eu quero escrever, seja como for!).
Cada vez mais eu gosto de andar de ônibus, de ter a oportunidade de revisitar todos os dias os mesmos lugares, mesmo que por lapsos de segundos. Pode parecer repetitivo, mas para mim não costuma ser. Nunca é a mesma imagem. Nunca as mesmas pessoas. Nunca o mesmo mundo (essa frase é só pra agradar aos pseudointelectuais de plantão). Isso é o que me inspira todos os dias para fazer as mesmas coisas: saber que no fundo não é tudo exatamente igual, por mais parecido que possa parecer. Como assim? Calma, esse é o ponto da discussão.
Por dois anos o meu ônibus fez o mesmo percurso e vi, pelo menos 2 vezes por semana, os mesmos mendigos dormindo no mesmo lugar entre as 6:45 e as 7:00. Todos os dias eu repousava meus olhos sobre eles enquanto o ônibus permanecia parado no ponto recebendo passageiros. Eu só tinha olhos para eles. Sempre (um recurso estilístico usado só para agradar os amantes da escrita refinada). Era "sempre" mesmo! Eu pensava todos os dias as mesmas coisas: "Cara, por que as pessoas não se incomodam com esses mendigos dormindo ao lado do ponto? Por que acham isso tão normal? Por que fingem não encherga-los? Por que veem, mas ignoram?"
Não. Não sou o bom samaritano, o politicamente correto e nem a Madre Teresa de Calcutá. Mas se ainda assim você acha isso, eu, educadamente, data venia, solicito Vossa Senhoria que vá se f****. Eu apenas me incomodo com coisas que não são normais. Você acha normal essa situação? Eu não acho, mas tranquilo, você não é o único a achar assim, longe disso. Sabe por quê? Olhos de vidro. Os olhos da maioria das pessoas já se acostumaram com algumas imagens, a ponto de toda vez que se deparam com elas endurecerem e tornarem-se de vidro. Eu garanto que não fui o único que fez esse trajeto por 2 anos, mas será que todos perceberam em algum momento que aqueles mendigos dormiam quase sempre ali, seja com o frio de hoje ou com o calor de dezembro? Olhos de vidro. O que os olhos não veem o coração não sente, né? Vai nessa ideia pra ver no que vai dar... Olhos duros produzem corações duros!
O texto vai caminhando para um caminho perigoso, o mesmo caminho do texto dos pseudointelectuais que criticam o comportamento social sem motivo e não apontam motivos ou saídas. Vou tentar salvá-lo, pois um texto furioso não pode ser assim!
Não estou sugerindo que dê um abraço, um cobertor e leve o mendigo para sua casa, mas apenas te peço capacidade de se revoltar com a imagem e de cobrar atitudes daqueles que deveriam diretamente impedir que cenas como essas ocorressem. Não é só a imagem de mendigos dormindo na rua que endurecessem os olhos das pessoas, tem muitas outras. Há cerca de um mês, quando eu sonhava, apenas sonhava, solitariamente com a imagem doce da garota que considero especial, em pé e dentro de um ônibus (pra variar), aconteceu algo que me deixou pasmo por dias, eis o fato (contarei do jeito que os estilísticos metidos a serem sensíveis gostam de fazer para ganhar os aplausos das garotas): "Para o ônibus. Sinal vermelho. Ao lado para o carro do IML (sim, o rabecão). Dentro, os dois ocupantes conversam normalmente em mais um dia comum de trabalho (tudo devia parecer parecido). Noto algo pingando na parte de trás do veículo. Sangue. Muito sangue! Forma-se logo uma gota de sangue enorme no asfalto negro. Vermelho e preto, mais vermelho do que preto. Vejo as gotas carinhosamente alcançando o chão. Vida. Morte." Todos ao redor pareciam não ver aquilo. Parecia tudo normal. T-U-D-O normal, tudo parecido com o de sempre. Eu não achei aquilo normal, era sangue humano. Aquilo não era suco de groselha! A morte estava ali! Havia um corpo ali: talvez mais uma jovem vítima do tráfico e da sociedade. Sonhos assassinados, uma família sofrendo, era o fim da linha para alguém. Isso pode soar normal, mas para mim não. Para a maioria das pessoas já é normal ver o rabecão trafegar cheio de corpos furados por balas o dia todo, os olhos não se impressionam mais. Dane-se se é sangue humano que pinga no chão, ninguém vê, por mais chamativo que seja. Naquele dia o carro negro chorou sangue, eu vi!
Crianças pedindo uns trocados na rua, crackeiros se arrastando pelas ruas como caveiras, assassinatos na TV, pessoas arrastando carroças como animais. Tudo normal, né? Tá, eu sei que muitas pessoas desenvolvem olhos de vidro porque não sabem mais o que fazer, até se sentem chocadas no começo com essas cenas, mas como não sabem como ajudar acabam encomendando olhos de vidro. Eu não dou esmolas e também não paro para conversar com essas pessoas (na verdade, eu sempre ofereço comida quando me pedem dinheiro, e acredite, na maioria das vezes aceitam, nem todos são ladrões e drogados, viu?). A verdade é que a situação delas me incomoda. É isso que te peço: se incomode. Isso é só o começo de tudo! Não fique feliz em saber que o Brasil é o país que mais recicla no mundo, fique puto por saber que quem garante isso é aquele cara magricela que puxa uma carroça para sobreviver. Fique puto! Cobre! Compre a briga! Vá aos responsáveis por gerir o dinheiro público. Descubra se há algum trabalho público para mudar a realidade atual dessas pessoas. Não acredite que o "Bolsa-Família" resolve isso. Ajude. Dê comida. Incentive os necessitados a não serem dependentes de outras pessoas ou de políticas públicas, mas a conquistarem sua dignidade tendo o que comer, onde morar, estudando, trabalhando, tendo meios de subsistir. Faça trabalho voluntário. Doe sangue (garanto que não dói, só não olhe para a agulha! Eu até te levo comigo!). Doe suas coisas. Sei lá, faça algo! Você não vai mudar o mundo sozinho, mas vai ajudar de alguma forma e dar o exemplo a outros que não fazem nada por vergonha ou falta de exemplo. Não gaste seu tempo apenas lendo "Crepúsculo" ou um blog como este. Meia-hora que você der de sua semana a alguém que precisa já está ótimo! Não comprometerá os seus momentos íntimos. Devolva os olhos de vidro que você adora usar para não ver as coisas. Acredite que aquilo que você está vendo é verdade. Você vai ver que somos um povo sem vergonha: um povo que acha normal haver favela; que acha normal pessoas não terem água encanada e nem esgoto tratado; que acha normal as ruas alagarem nas chuvas; que acha normal haver lixo nas ruas; que acha normal um valão existir há anos na entrada da 2ª cidade mais importante do estado; somos um povo que gosta de saber por hobbie quantos jovens morreram na última guerra do tráfico; que gosta de ver os corpos estirados no chão. Isso tudo não é normal, eu tenho vergonha! Ou então sou eu que não sou normal! Tá bom, isso tudo é normal, eu é que preciso de uma camisa de força... Deve ser por isso que não arrumo uma namorada. Quando eu começar a fazer textos com estilística e falando que, por exemplo: "O sol irradiava luz sobre a face dela. Calor. Ela enrubesceu. Eu a beijei." Talvez eu pareça mais simpático... hahaha
Tá falado! Ah, um último recado: Não foi desculpinha minha falar que Maio me tirou todo o tempo não, gosto das coisas francas, eu simplesmente não tive tempo, ponto. Se fui rude para alguém neste texto, me perdoe, eu precisava de um João-Bobo, na ausência dele acabei socando as palavras contra o papel. Por fim, para que não restem dúvidas: não bebi e nem usei drogas, só escutei rock.
Cada vez mais eu gosto de andar de ônibus, de ter a oportunidade de revisitar todos os dias os mesmos lugares, mesmo que por lapsos de segundos. Pode parecer repetitivo, mas para mim não costuma ser. Nunca é a mesma imagem. Nunca as mesmas pessoas. Nunca o mesmo mundo (essa frase é só pra agradar aos pseudointelectuais de plantão). Isso é o que me inspira todos os dias para fazer as mesmas coisas: saber que no fundo não é tudo exatamente igual, por mais parecido que possa parecer. Como assim? Calma, esse é o ponto da discussão.
Por dois anos o meu ônibus fez o mesmo percurso e vi, pelo menos 2 vezes por semana, os mesmos mendigos dormindo no mesmo lugar entre as 6:45 e as 7:00. Todos os dias eu repousava meus olhos sobre eles enquanto o ônibus permanecia parado no ponto recebendo passageiros. Eu só tinha olhos para eles. Sempre (um recurso estilístico usado só para agradar os amantes da escrita refinada). Era "sempre" mesmo! Eu pensava todos os dias as mesmas coisas: "Cara, por que as pessoas não se incomodam com esses mendigos dormindo ao lado do ponto? Por que acham isso tão normal? Por que fingem não encherga-los? Por que veem, mas ignoram?"
Não. Não sou o bom samaritano, o politicamente correto e nem a Madre Teresa de Calcutá. Mas se ainda assim você acha isso, eu, educadamente, data venia, solicito Vossa Senhoria que vá se f****. Eu apenas me incomodo com coisas que não são normais. Você acha normal essa situação? Eu não acho, mas tranquilo, você não é o único a achar assim, longe disso. Sabe por quê? Olhos de vidro. Os olhos da maioria das pessoas já se acostumaram com algumas imagens, a ponto de toda vez que se deparam com elas endurecerem e tornarem-se de vidro. Eu garanto que não fui o único que fez esse trajeto por 2 anos, mas será que todos perceberam em algum momento que aqueles mendigos dormiam quase sempre ali, seja com o frio de hoje ou com o calor de dezembro? Olhos de vidro. O que os olhos não veem o coração não sente, né? Vai nessa ideia pra ver no que vai dar... Olhos duros produzem corações duros!
O texto vai caminhando para um caminho perigoso, o mesmo caminho do texto dos pseudointelectuais que criticam o comportamento social sem motivo e não apontam motivos ou saídas. Vou tentar salvá-lo, pois um texto furioso não pode ser assim!
Não estou sugerindo que dê um abraço, um cobertor e leve o mendigo para sua casa, mas apenas te peço capacidade de se revoltar com a imagem e de cobrar atitudes daqueles que deveriam diretamente impedir que cenas como essas ocorressem. Não é só a imagem de mendigos dormindo na rua que endurecessem os olhos das pessoas, tem muitas outras. Há cerca de um mês, quando eu sonhava, apenas sonhava, solitariamente com a imagem doce da garota que considero especial, em pé e dentro de um ônibus (pra variar), aconteceu algo que me deixou pasmo por dias, eis o fato (contarei do jeito que os estilísticos metidos a serem sensíveis gostam de fazer para ganhar os aplausos das garotas): "Para o ônibus. Sinal vermelho. Ao lado para o carro do IML (sim, o rabecão). Dentro, os dois ocupantes conversam normalmente em mais um dia comum de trabalho (tudo devia parecer parecido). Noto algo pingando na parte de trás do veículo. Sangue. Muito sangue! Forma-se logo uma gota de sangue enorme no asfalto negro. Vermelho e preto, mais vermelho do que preto. Vejo as gotas carinhosamente alcançando o chão. Vida. Morte." Todos ao redor pareciam não ver aquilo. Parecia tudo normal. T-U-D-O normal, tudo parecido com o de sempre. Eu não achei aquilo normal, era sangue humano. Aquilo não era suco de groselha! A morte estava ali! Havia um corpo ali: talvez mais uma jovem vítima do tráfico e da sociedade. Sonhos assassinados, uma família sofrendo, era o fim da linha para alguém. Isso pode soar normal, mas para mim não. Para a maioria das pessoas já é normal ver o rabecão trafegar cheio de corpos furados por balas o dia todo, os olhos não se impressionam mais. Dane-se se é sangue humano que pinga no chão, ninguém vê, por mais chamativo que seja. Naquele dia o carro negro chorou sangue, eu vi!
Crianças pedindo uns trocados na rua, crackeiros se arrastando pelas ruas como caveiras, assassinatos na TV, pessoas arrastando carroças como animais. Tudo normal, né? Tá, eu sei que muitas pessoas desenvolvem olhos de vidro porque não sabem mais o que fazer, até se sentem chocadas no começo com essas cenas, mas como não sabem como ajudar acabam encomendando olhos de vidro. Eu não dou esmolas e também não paro para conversar com essas pessoas (na verdade, eu sempre ofereço comida quando me pedem dinheiro, e acredite, na maioria das vezes aceitam, nem todos são ladrões e drogados, viu?). A verdade é que a situação delas me incomoda. É isso que te peço: se incomode. Isso é só o começo de tudo! Não fique feliz em saber que o Brasil é o país que mais recicla no mundo, fique puto por saber que quem garante isso é aquele cara magricela que puxa uma carroça para sobreviver. Fique puto! Cobre! Compre a briga! Vá aos responsáveis por gerir o dinheiro público. Descubra se há algum trabalho público para mudar a realidade atual dessas pessoas. Não acredite que o "Bolsa-Família" resolve isso. Ajude. Dê comida. Incentive os necessitados a não serem dependentes de outras pessoas ou de políticas públicas, mas a conquistarem sua dignidade tendo o que comer, onde morar, estudando, trabalhando, tendo meios de subsistir. Faça trabalho voluntário. Doe sangue (garanto que não dói, só não olhe para a agulha! Eu até te levo comigo!). Doe suas coisas. Sei lá, faça algo! Você não vai mudar o mundo sozinho, mas vai ajudar de alguma forma e dar o exemplo a outros que não fazem nada por vergonha ou falta de exemplo. Não gaste seu tempo apenas lendo "Crepúsculo" ou um blog como este. Meia-hora que você der de sua semana a alguém que precisa já está ótimo! Não comprometerá os seus momentos íntimos. Devolva os olhos de vidro que você adora usar para não ver as coisas. Acredite que aquilo que você está vendo é verdade. Você vai ver que somos um povo sem vergonha: um povo que acha normal haver favela; que acha normal pessoas não terem água encanada e nem esgoto tratado; que acha normal as ruas alagarem nas chuvas; que acha normal haver lixo nas ruas; que acha normal um valão existir há anos na entrada da 2ª cidade mais importante do estado; somos um povo que gosta de saber por hobbie quantos jovens morreram na última guerra do tráfico; que gosta de ver os corpos estirados no chão. Isso tudo não é normal, eu tenho vergonha! Ou então sou eu que não sou normal! Tá bom, isso tudo é normal, eu é que preciso de uma camisa de força... Deve ser por isso que não arrumo uma namorada. Quando eu começar a fazer textos com estilística e falando que, por exemplo: "O sol irradiava luz sobre a face dela. Calor. Ela enrubesceu. Eu a beijei." Talvez eu pareça mais simpático... hahaha
Nem todos os dias são iguais, por mais parecidos que sejam; o problema deve estar em você!
Tá falado! Ah, um último recado: Não foi desculpinha minha falar que Maio me tirou todo o tempo não, gosto das coisas francas, eu simplesmente não tive tempo, ponto. Se fui rude para alguém neste texto, me perdoe, eu precisava de um João-Bobo, na ausência dele acabei socando as palavras contra o papel. Por fim, para que não restem dúvidas: não bebi e nem usei drogas, só escutei rock.
5 comentários:
Eu sinceramente pensei que o texto ia numa determinada linha, mas me surpreendi... Achei que ia ser algo "Camilesco" (com todo respeito ao colega de turma ^^), mas o texto se formou em proporções que alcançaram o seu objetivo inicial com o blog, Quasímodo.
Ao ler seu texto eu pude ter a feliz constatação que meus olhos e coração ainda são de matéria orgânica. Felizmente ainda sou incomodado com os miseráveis não só em nossa nação, como no mundo inteiro (sem tentar utilizar essa última expressão como impacto na frase, detesto isso); imagino há muito tempo como seria ter poder para evitar e remediar situações como as descritas no texto, muitas vezes me decepcionando pela incapacidade de um ser humano poder mudar o mundo sozinho... Porém, ainda não dessiti do sonho, que é o que nos mantém de pé.
Não vou repetir aquelas muitas coisas que vc já escreveu, como: " as pessoas estão cada vez mais insensíveis"; "temos que fazer a diferença"; vossa senhoria já disse tudo, acima só fiz o trabalho de descrever o que eu senti quando li o texto, se é que importa.
Adios, hermano. Nos vemos segunda - Ou não.
PS: Pelo amor do bom Pai Celestial, me explica aqueles marcadores, por favor. E eu que achei que era non-sense, vc é um espertalhãozinho, meu caro. ^^
Adorei!
É incrível como perceber que por mais que alguns se importem muitos outros não se importam, dói. Aquela dor de tirar o chão e nos fazer achar que não há mais base e que no fundo estamos suspensos por fios que nos fazem marionetes. Mas a gente precisa acreditar que pode ser diferente, acreditar que nos indignarmos é um primeiro passo que não pode acabar ali. Ontem eu estava pensando nisso mesmo: no quanto olhar o mundo sem olhos de vidro é colocarmo-nos entre a impotência e a utopia. E no quanto é difícil pensar que a sociedade capitalista em que vivemos/criamos é assim mesmo: cruel (muitas vezes) sem perceber. Já ouviu falar em caráter blasé? Leia Simmel (“As grandes cidades e a vida do espírito”). É isso mesmo: desenvolver a indiferença como forma de sobreviver nesse imenso paradoxo em que todos são iguais perante a lei, todos têm direito à educação, saúde, moradia; sociedades que dizem lutar pela desigualdade social, mas nas quais, capitalisticamente/realisticamente falando, essa desigualdade precisa existir para o sistema se manter. Como você mesmo disse (e incrivelmente vendo uma reportagem na TV hoje pensei exatamente a mesma coisa), se hoje o Brasil é referência em reciclagem é principalmente pelos catadores, por aqueles que sobrevivem do lixão. É havendo a miséria que a riqueza pode subsistir.
Mas essas coisas geram longas discussões... longas mesmo. Falam de coisas que andam me afetando no decorrer do curso, sobretudo neste período; fala da imensa vontade de fazer difente atravessando sua escrita; falam do quanto temos de encontrar estratégias que mudem nosso modo de fazer valer a vida. E isso é possível. Não sozinho, não com grandes revoluções. Mas é possível.
:)
Obrigado pelos comentários, pensadores. As ideias de vocês são muito importantes para mim (isso ficou meio clichê, mas é verdade, eu fico ansioso por comentários e novas ideias toda vez que termino de escrever). Eu não esperava tão boa recepção do texto, afinal, eu fui um pouco agressivo na escrita. Fiquei surpreendido, de verdade. Quero dizer coisas aos dois, então vamos pela ordem:
Até que enfim, Mr. Lonely. Fazia tempo que não vinha comentar por aqui! Como pude perceber nestes 2 anos e meio de convivência, seus olhos e seu coração ainda são de matéria orgânica. Quanto à incapacidade de um ser humano poder mudar o mundo sozinho, acho que isso, mesmo que seja muitas vezes frustrante, é o que torna tudo mais desafiador (e, porque não, mais interessante) em nossa convivência social, pois nos força a sempre ter que superar as diferenças, dialogar e agir coletivamente na construção de uma sociedade melhor, sem serem necessárias grandes revoluções (espero que nenhum marxilóide leia isso). Não é uma tarefa fácil, longe disso, sobretudo porque hoje as pessoas não estão muito interessadas nessa tal de "sociedade", não se percebem com ser integrante dela e capaz de realizar mudanças, quando lembram dela é só para reclamar. Diante dessa triste constatação, visando melhorar a curto prazo e espaço a sociedade, não resta outra saída senão agirmos em nosso dia a dia como formiguinhas, fazendo as pequenas mudanças que estão ao nosso alcance. As grandes mudanças podem parecer utopia, sonho, mas não podemos deixar de acreditar e trabalhar por elas, mesmo que como formigas. Por fim: Os marcadores do texto fazem parte de meu protesto tradicional contra o pseudointelectualismo da atualidade, logo, as palavras que selecionei fazem para você o mesmo sentido que fazem para mim, com a exceção de que talvez você não conhecesse o Nigel Mansell (caso proceda a dúvida, sugiro procurar os vídeos desse pacato senhor inglês no YOUTUBE).
Agora para Powah (ainda estranho te chamar assim, qualquer dia - que eu nem imagino quando será, dada a dificuldade que é nos vermos - vou perguntar a razão do pseudônimo). Realmente é dor a sensação que se sente quando se percebe que muitos parecem não se importar com a situação discutida. Contudo, devemos catalisar essa dor e torná-la um combustível para agirmos, torná-la indignação e usá-la para nos tirar da impotência. Indignar-se é acreditar que algo melhor é possível, é querer fazer algo para mudar, por isso deve ser o 1º passo. Muitos, quando sentem essa dor, simplesmente desistem e passam a por vontade própria usar olhos de vidro. Quanto à caráter blasé e Simmel, não os conheço, mas te agradeço pela sugestão (esse espaço também deve servir para isso), com toda a certeza procurarei saber mais sobre e ler a sua sugestão (pena que só nas férias de Julho...). De fato, a indiferença é uma ótima saída para se sobreviver nessa sociedade paradoxal em que vivemos e manter todo o sistema sem mudanças e vivo (conforme já disse numa outra postagem, creio que ser indiferente, propositalmente, à alguém é algo ainda mais repugnante do que sentir ódio, porque ódio envolve notar e sentir, ser indiferante envolve não enxergar e não nutrir sentimentos - contrariando a natureza humana - e não querer fazer nada em relação, aceitar tudo como está). Por fim, não entrando mais nas ditas "longas discussões" e mudando parcilamente de assunto, acho algo positivo e interessante essas afetações que seu curso têm lhe causado, pois são pensamentos assim que te permitem crescer mais como pessoa e mudar os rumos da vida, muitas podem ver essas afetações como crise (no sentido negativo), eu vejo como fontes de transformações e de amadurecimento pessoal. E (concluindo pra valer mesmo), concordo com você: é possível, não sozinho, não com grandes revoluções, mas é. Basta acreditar e querer.
SAUDAÇÕES!
Concordo plenamente e tenho a mesma visão critica dessa realidade mesquinha que vivemos..Os sentimentos estão renegados a nada e o ser humano caminha para sua auto destruição com esse individualismo exacerbado..hauahuaha Poxa, estou criando um blog, está em fase de experimentaçao, entre, comente e siga..Lógico,se for do seu interesse... www.parafrasecorriqueira.blogspot.com ..Fique a vontade!Abraço! Fui..
Obrigado pelo comentário, Priscila!
É sempre confortante de alguma forma saber que há mais pessoas incomodadas com a realidade cada vez mais desumana e individualista que a humanidade tem construído. Afinal, a saída para tal situação insustentável deverá ser apontada por nós, os incomodados...
Quanto ao seu novo blog, lhe desejo sucesso e prometo que o visitarei quando puder. Logo você verá que ter um blog pode ser apaixonante e ao mesmo tempo repleto de desafios.
Volte sempre! Um abraço.
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