Sabe aquela sensação de que as coisas estão indo? Não? Deveria conhecer. De alguma forma que não sei explicar as coisas estão indo. Meio na trombada; no empurrão; no ímpeto; de coração. Não sei explicar. É um movimento meio ameboide. Algo vai te puxando. Você vai. Pergunta se pode entrar e quando vê já está entrando. Meio de intruso. Como diria o mestre: "Passou a cabeça passa o resto". É meio assim. Tenho feito o que precisa ser feito sem me perguntar se de fato precisa ser feito. Algo diz que precisa ser feito e eu vou lá e faço. Evito me perguntar se deveria ter sido feito. Me contento em imaginar que fiz o que deveria ter feito naquele momento. Isso é libertador. E enganador. Depois eu poderei ver que despendi tempo com o que não devia. Mas prefiro pensar que não. Prefiro pensar que todas as supressões se mostrarão necessárias no futuro. E se eu perceber que errei? Errei, oras. Fiz o que pareceu ser necessário fazer.
Por outro lado, me pergunto. Tudo pode não passar de apenas uma sensação. De uma ilusão. Mas o que é a vida senão um conjunto de sensações alternadas e simultâneas? Um constante andar para frente. Mesmo quando se retorna se está avançando, rompendo a inércia. Viver exige movimento. Ação. Uma vontade de ir; de fazer; de romper; explodir. Tenho tido vontade de incendiar o mundo. De ver o o vidro romper. Tenho sede de caos, embora trabalhe objetivando a ordem. Mas o que é a ordem senão um caos amoldado? Cada um amolda o caos como bem entende, mas ele não está preso. A qualquer hora ele pode romper e emergir. E aí vão perguntar: quem libertou? Ora, ele nunca esteve preso, apenas esteve contido por um tempo, como cabelos presos em rabo de cavalo.
Vão falar que eu estou louco, mas não é não. É apenas transmissão simultânea. A música entra. A cabeça traduz. Os dedos libertam. Os olhos veem o resultado. Em tempo real. Coisa de menos de 3 segundos. É fácil escrever quando se liberta o que quer falar dentro de si. Deixa sair. Liberta. Fumo nada não. Não bebo. Dizem que esses são os mais perigosos. É aquela sensação de que as coisas estão indo. Tá entendendo como funciona? É assim. Algo vai te conduzindo e você vai trilhando sem direção. Sem ordem. Com caos. Mas um caos que conduz à ordem, afinal, o que é o caos senão uma desordem organizada dentro de uma palavra, dentro de um vocábulo? Qual? "Caos". Vá meu amigo. Siga. Ande. Mexa-se. Viva.
Vai.
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